Silvjenn 24/08/2017
[ RESENHA ] O Homem No Espelho
Sonhar, nunca fora um hábito para Jennifer Mills, pois nada passava pelas suas pálpebras, exceto o que tentava imaginar ainda acordada em uma vã tentativa de ser um pouco normal. Aos 12 anos, ela apenas ouvia sua melhor amiga, Hope, falar sobre seus sonhos e sempre ficava frustrada por nunca conseguir fazer o mesmo. Agora aos 22 anos, não entendia o porquê de não sonhar. Procurou por todos os especialistas do assunto, cujos testes sempre falhavam.
Deixada ainda bebê na porta de Elizabeth e Wilson Mills, um casal muito amoroso e que cuidou dela como se fosse sua própria filha. Além da sua aparência oriental, um colar de flor de lótus também estava no pescoço como único objeto de lembrança da sua família biológica. Jennifer não gostava de usá-lo e também nunca teve vontade de encontrá-los. Porém segundo Sr. Hard, um hipnotista e o seu último especialista, talvez a sua falta de sonhos tenha a ver com um bloqueio e que o seu colar possa revelar mais do que ela imagina, pois ela sempre procura por ele ao acordar pela manhã.
Mesmo formada em História, Jennifer ainda não havia conseguido se estabilizar financeiramente, e dar aulas no primário havia se tornado bem estressante. Com isso, ela decide recorrer ao Museu de História Natural, que abriria uma vaga em especial para historiadores e seria uma ótima oportunidade para falar sobre um assunto que sempre fora a sua paixão.
Faltando alguns minutos para o início da sua entrevista, na entrada do Museu, um banner enorme anunciava a chegada de uma coleção de artefatos da Índia, mesmo estando muito interessada com as imagens, ela se apressa pela entrada do Museu. Havia muitos candidatos sendo entrevistados individualmente e mesmo estando super apreensiva, Jennifer teria de esperar um pouco, pois seria a última. Sua entrevistadora se chamava Karlie Thompson que além de ser a chefe do departamento de história oriental e a responsável pela nova coleção que chegaria da Índia, ela também era uma jovem loira e de sorriso sarcástico que gostava de deixar as pessoas constrangidas, como se soubesse que elas se sairão mal na entrevista. Contudo, deixando o nervosismo de lado, Jennifer consegue falar com confiança e determinação, fazendo com que Karlie sorrisse de maneira satisfeita e, é claro, contratando-a.
Como Jennifer começaria apenas dali a dois dias, ela decide comemorar com sua melhor amiga Hope, uma loira de olhos verdes, muito divertida e que parecia uma modelo por conta da sua profissão de personal trainer, mas os seus planos teriam que esperar, pois ela iria começar a trabalhar naquela mesma tarde. Alguns artefatos iriam chegar e Karlie precisava da sua ajuda para, além de auxiliar na montagem do espaço para a exposição, Jennifer também precisava ter total dedicação para fazer uma excelente apresentação sobre as peças.
Contudo, ela perceberá que esse trabalho será não apenas incomum, mas também cheio de desafios, pois seria um evento de extrema importância para o Museu. Com a inauguração preparada para dali a duas semanas, todos os funcionários estavam nervosos e ao mesmo tempo ansiosos pelo dia. Exclusivo e muito sigiloso, cujos convites já estavam esgotados. Segundo alguns sites, os artefatos foram encontrados em uma floresta da Índia, itens como tapeçarias antigas, um relógio de areia, joias, roupas e o mais importante de todos; o Espelho Negro que chegaria apenas no dia seguinte, pois houve um atraso com o avião que o transportava para Nova York.
Mesmo sendo supervisionada pelo Sr. Robert Field, (o arqueólogo responsável pelos artefatos e que tratava Jennifer com extrema arrogância e que não achava que ela fosse uma profissional capaz na organização), ela se mostra muito competente, deixando Karlie satisfeita e o Sr. Field surpreso. Porém o seu maior desafio seria ter de explicar cada item da coleção, pois não havia nada concreto sobre as obras.
Robert começa a provocá-la e a tarefa se torna muito além do que ela esperava, nem os descobridores conseguiram solucionar, deixando-a ainda mais apreensiva e curiosa para saber suas origens, principalmente a do Espelho Negro. Que após observá-lo em sua chegada, Jennifer contrasta que ele possuía uma beleza que a aterrorizava e por algum motivo, fazia sua pele arrepiar.
Depois de muitos estudos com Robert, Lily e Drew, os pesquisadores de Robert, que haviam resolvido ajudar Jennifer. Eles conseguem algumas respostas muito interessantes, pois a maioria dos objetos são datados do Século IV e V, provavelmente, durante o Império Gupta, uma Dinastia que se opôs aos invasores do noroeste. Contudo a história do Espelho, ainda era um mistério.
Até que, com a ajuda do professor Arnald, seu amigo que havia ficado muito empolgado com o desafio, Jennifer finalmente descobre sua origem, mas ela é surpreendida quando a história do espelho mostra ser de origem sobrenatural, relacionada a deuses da mitologia hindu. Mas quem disse que ela iria acreditar nessa história? Por nunca ter a capacidade de sonhar, Jennifer cresceu até se tornar uma mulher muito cética. E para não enganar os convidados do evento, ela decide falar sobre a família Rashid, os últimos donos do espelho e que haviam desaparecido misteriosamente.
Contudo, a sua opinião sobre as histórias sobrenaturais talvez comecem a mudar quando coisas estranhas surgem em sua vida. Como figuras sinistras que a espionavam e a seguiam perto da sua casa, e a maior de todas; a aparição do homem mais belo que ela vira na sua vida. Dono de incríveis olhos azuis e que, estranhamente, se encontrava dentro do espelho.
“Encaro meu reflexo no vidro negro e vejo uma sombra atrás de mim. Olho rapidamente para trás assustada e não vejo nada, somente a sala iluminada pelo único lustre aceso. Viro-me para o espelho e a sombra continua lá, ainda mais próxima de mim. Dou passos hesitantes e ultrapasso a fita vermelha de distância do objeto. Estou tão próxima do vidro, que só vejo o meu rosto agora, olho para cima e continuo vendo somente o reflexo da sala, mas quando me volto para o meu rosto, dou um grito assustado vendo um rosto masculino perto de mim.”
O livro é recheado de interessantes relatos sobre a cultura indiana e a mitologia hindu, tornando a obra incrivelmente envolvente e fascinante. A narrativa está em primeira pessoa, onde podemos ver pela perspectiva da Jennifer.
Adorei conhecer essa personagem incrível e que também é a minha xará haha. Para aqueles que não conhecem a autora, este não é o seu primeiro livro, pois ela também escreveu: A Mensageira da Morte. Mas esse é o primeiro livro que leio da Vivi e estou simplesmente encantada pela sua escrita e pela sua dedicação em pesquisar sobre a Índia e a sua cultura, e disponibilizar para nós, leitores, uma história linda e inovadora.
Preciso desabafar sobre o trabalho maravilhoso que a editora Constelação fez na diagramação, está fantástica e se eu tivesse lido em físico, com certeza ficaria um tempão admirando essa belezura haha. Quanto ao enredo, digo que está sensacional! Com um misto de fantasia, aventura e um romance muuuito lindo, que vai deixar o leitor suspirando por uma semana. Recomendo a todos os leitores que amam histórias desse gênero!
site: http://colecoes-literarias.blogspot.com.br/2017/08/resenha-o-homem-no-espelho.html