Maria - Blog Pétalas de Liberdade 07/11/2017Resenha para o blog Pétalas de Liberdade "Às vezes uma borboleta não é apenas uma borboleta.
Foi o que a vovó me ensinou.
Sabe qual a pior coisa que aprendi com ela?
Que você pode ser um monstro sem saber."(página 46)
O pai das irmãs Sylvia e Rose, para chamar mais atenção para o seu hotel na pequena Londres, cidade do estado norte-americano de Vermont, construiu uma torre próxima ao hotel, o que realmente ajudou muito a atrair hóspedes nos anos cinquenta. Mas quando uma rodovia foi construída, quase ninguém passava mais pela estrada onde ficava o hotel e nem a torre conseguiu evitar que a decadência chegasse até ele. Sylvia e Rose eram muito diferentes, a primeira era linda e sonhava em fazer cinema, era uma fã fervorosa do diretor Alfred Hitchcock. Já Rose vivia à sombra da irmã mais velha, o que a magoava um pouco e lhe dava vontade de mostrar que Sylvia não era tão perfeita assim. Mas, um dia, Sylvia, já adolescente, sumiu, e todos acreditaram que ela foi em busca do seu sonho de fazer sucesso no cinema.
"Uma bela criatura. É o que eles veem. Alguém incapaz de fazer o mal. Somente Rose suspeita da verdade." (página 169)
Nos anos oitenta, Amy, a filha de Rose, continuava morando no Hotel da Torre (agora fechado) com a avó. A garota tinha duas melhores amigas, as irmãs Piper e Margot. Naquela sede de aventura típica dos adolescentes, as três descobriram que poderia haver algo mais por trás dos desaparecimento de Sylvia. Descobriram também a existência de um vigésimo nono quarto no hotel, que oficialmente tinha apenas vinte e oito quartos. Essas descobertas acabaram fazendo com que Amy se afastasse de Piper e Margot e que a amizade delas esfriasse.
"Vocês encontraram a mala e a máquina de escrever, mas há coisas maiores a serem encontradas.
Continuem procurando.
Talvez, quem sabe, descubram a verdade." (página 211)
Anos depois, em 2013, Piper recebeu uma ligação de Margot, que estava grávida, contando que Amy, o marido e o filho foram mortos no Hotel da Torre. O pior era que, segundo as investigações, a própria Amy teria matado os dois e logo depois se suicidado. Os corpos apresentavam marcas grotescas. Mas o que fez Piper ir voando para a cidade, foi o fato de Amy ter deixado uma mensagem que só poderia ser para as duas: 29 quartos.
Agora, Piper, com a ajuda de Margot, teria que descobrir o que realmente aconteceu na noite em que Amy morreu e o que isso teria a ver com o segredo que as três descobriram na adolescência, antes que o que matou Amy pudesse fazer mais estragos.
"- Estamos bem. Estamos juntas. Estamos a salvo. E não existe ninguém por aí querendo nos fazer mal. O que aconteceu com Amy... é terrível, horrível, mas não tem nada a ver com você e eu.
- Mas Amy deixou aquela mensagem para nós, Piper. Porque sabia que a agente iria entender. O que quer que tenha acontecido no hotel naquela noite tem a ver com o que a gente descobriu!" (página 72)
"A Torre do Terror" foi um livro que me conquistou do início ao fim. Desde a primeira página eu me senti cativada pelos personagens que a autora criou. A história é contada em terceira pessoa, alternando a época e o ponto de vista. Com isso, vamos, pouco a pouco, costurando o quebra-cabeças que é a história da família de Amy.
Muitas poderiam ser as respostas para o segredo que ronda aquele hotel. Sylvia podia ter fugido, ou não. Rose podia ter razão ao desconfiar da irmã, ou não. Amy podia ter motivos para terminar sua amizade com Piper e Margot, ou não. Amy poderia estar louca ou deprimida e ter matado a família, ou poderia ter tido um motivo para matá-los. Poderia não ter sido Amy a matar o marido e o filho, e o que quer que os tivesse matado, humano ou sobrenatural, poderia ainda estar à solta e ir atrás de Piper e Margot.
"- Uau - disse Jason. - Ela andava bebendo?
- Acho que não. Nunca vi minha mãe beber, pelo menos; nem nunca senti cheiro de álcool nela. Bem, ela estava me deixando apavorada, assustando as crianças. Às vexes elas acordavam no meio da noite, e ela estava ali no quarto, ao lado da cama, observando enquanto elas dormiam. Mark perguntou o que, em nome de Deus, ela estava fazendo, e ela respondeu que estava protegendo os netos. Montando guarda. Protegendo todos nós dos monstros. - Amy fez um gesto teatral de aspas com aquela última palavra. [...]
- O negócio é que... - disse ela. - O que eu não disse a ninguém, nem mesmo a Mark... - Ela suspirou, enchendo-se de coragem, obviamente preparando-se para o que estava prestes a dizer. - Eu estou começando a acreditar que talvez minha mãe não seja louca, que talvez... talvez... ela tenha razão." (páginas 114 e 115)
Será que Piper conseguiria desvendar a mensagem deixada por Amy antes que fosse tarde demais? Eu recomendo que leiam para descobrir. Garanto que valerá muito a pena se aventurar por essa história que retrata a vida dessas mulheres de forma brilhante ao longo das últimas décadas.
Amizades, amores, invejas, segredos, são tantos os temas abordados na obra, que certamente algum cativará o leitor. Além de partir o meu coração ao ver sonhos partidos pelo simples fato de uma correspondência não enviada, esse livro me fez pensar sobre a importância de fazer um esforço para se manter próximo das verdadeiras amizades. Eu amei cada página de "A Torre do Terror". Amei o desfecho do caso. Dei cinco estrelas e favoritei o livro. E recomendo muitíssimo que vocês o leiam. Deixem de lado o medo de ter medo. É sim uma história sombria, mas é muito mais maravilhosa e fascinante, cativante e extremamente criativa, e certamente marcará você.
"Podia ser um monstro, mas ao mesmo tempo era uma menininha que perdera tudo. Uma criatura que destruíra quem ela mais amava na vida." (página 361)
A edição da Record tem uma capa (adaptada da original) condizente com o ar sombrio da trama. O título e o nome da autora são em alto-relevo. A contracapa não tem nada escrito. As páginas são amareladas. A diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho.
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