Nossa Senhora do Nilo

Nossa Senhora do Nilo Scholastique Mukasonga




Resenhas - Nossa Senhora do Nilo


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Bookster Pedro Pacifico 04/11/2021

Nossa Senhora do Nilo, de Scholastique Mukasonga
O genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, é um dos episódios mais tristes e brutais sobre os que já li. Cerca de 1 milhão de pessoas foram mortas em apenas 100 dias. Além disso, ter visitado o país em 2019 me permitiu ver de perto como esse acontecimento está marcado profundamente na sociedade, ao mesmo tempo que Ruanda vem demonstrado um forte exemplo de reestruturação social e econômica no continente africano.

Scholastique Mukasonga é ruandesa de origem Tutsi e, apesar de ter conseguido fugir e sobreviver ao genocídio, perdeu diversos membros da sua família. Em “Nossa Senhora do Nilo, Mukasonga se distancia do centro dos acontecimentos de 1994 e nos leva a um liceu católico de meninas, situada nos altos das montanhas da bacia do Nilo. Estamos anos antes ao massacre, mas já conseguimos enxergar no próprio microcosmo da escola como a segregação de etnias foi sendo construída no seio da sociedade ruandesa.

O liceu adota um sistema de cotas, em que 10% das vagas são separadas para as alunas da etnia Tutsi, a qual foi vítima dos crimes e das perseguições que culminaram no genocídio. As meninas, que vivem em uma sociedade machista e patriarcal, devem se submeter a rígidas regras impostas pelas freiras que controlam a instituição. As garotas Tutsis ainda sofrem com a crescente discriminação e desprezo das suas colegas.

A igreja é retratada de mãos atadas - e às vezes até apoiando o regime dos Hutus - em uma situação de extrema injustiça. A preocupação era muito mais de tentar catolicizar os ruandesas, tornando abomináveis qualquer culto às antigas tradições, do que proteger quem necessitava. Também é possível notar a inércia dos antigos colonizadores, representados pelos professores da instituição, diante do perigo que parte de suas alunas enfrentava. É um reflexo do comportamento dos países desenvolvidos no início da década de 90.

Vale pontuar que o livro não é focado apenas em acontecimentos. A autora se dedica a apresentar ao leitor características da sociedade ruandesa daquela época. Uma ótima introdução ao cenário que culminou na guerra civil e no genocídio de 10% da população ruandesa.

Nota: 9/10

site: http://instagram.com/book.ster
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anacmontijo 18/12/2020

Meu primeiro contato com Scholastique Mukasonga e com literatura ruandesa, e pensei que gostaria mais da leitura. A escrita de Scholastique é primorosa, porém senti o livro meio "arrastado", os primeiros capítulos não me cativaram, como também as personagens não o fizeram. É uma leitura interessante no que diz respeito aos conflitos entre hutus e tutsis - onde a autora traz uma abordagem que demonstra bem as origens da intolerância -, as tradições da cultura ruandesa, e os efeitos do colonialismo e do machismo na vida das alunas do liceu.
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Gabriela3420 12/10/2020

Nossa Senhora do Nilo
Nossa Senhora do Nilo é uma escola para moças de Ruanda dirigido por religiosos católicos e situado numa região montanhosa do país, próximo à nascente do rio Nilo. Essa instituição recebe meninas da etnia tutsi em razão das cotas estabelecidas pelo governo, o que cria um microcosmo dentro do liceu que reflete as tensões políticas e sociais entre tutsis e hutus no restante do país. Quando os jovens líderes políticos do governo hutu invadem o liceu as alunas tutsi terão que contar com a sorte e a solidariedade de suas colegas para tentar escapar da violência.
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"Ela tinha certeza de que sua filha receberia no liceu Nossa Senhora do Nilo a educação democrática e cristã que convinha à elite feminina deste país que há pouco fizera a revolução social que o livrara das injustiças feudais."
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Nesse livro Scholastique Mukasonga nos fornece uma introdução do que será o genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, através das alunas do liceu, uma geração que de um lado foi ensinada a oprimir os tutsis por acreditar que estes eram a origem de todo o mal em Ruanda e do outro toda uma etnia que aprendeu a se resignar para sobreviver dentro do próprio país.
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"É claro que eu quero ter filhos como os outros. Mas quero filhos que não sejam hutus nem tutsis. Nem metade hutu nem metade tutsi. Quero que eles sejam meus filhos e pronto."
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Tocando em outros temas como colonização, direitos da mulher, religião, costumes e tradições ruandesas a autora nos leva por uma narrativa aparentemente simples, mas que tem muitas camadas e nuances, de forma poética e muito envolvente. Os dois últimos capítulos são o clímax do livro, ao mesmo tempo tensos e emocionantes, que na minha opinião fecharam de forma magistral todo o enredo.
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"Para a África, não havia história, pois os africanos não sabiam ler nem escrever antes de os missionários trazerem as escolas para cá. Além disso, foram os Europeus que descobriram a África e a colocaram na história"
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Nossa Senhora do Nilo é um livro maravilhoso que está disponível no #KindleUnlimited e que eu recomendo à todos para que conheçam um pouco mais sobre Ruanda e os eventos que culminaram na sua guerra civil.
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lililu 09/06/2023

Segundo livro que leio dela
Esse livro é muito forte e triste, a intolerância, o discurso de ódio e morte em Luanda.
O livro traz de forma crítica as marcas/heranças negativas da colonização que influenciaram na estrutura social do país.
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Isabella 13/06/2021

Surpreendente!
Descobri que não sabia nada vezes nada sobre Ruanda até ser apresentada para o livro ?nossa senhora do Nilo?. O livro se passa dentro de um liceu, destinado apenas às meninas. Cada personagem, sejam as estudantes, os professores e todos os demais envolvidos são uma lente de aumento para todo conflito étnico e político que aconteceu no País. Terminei o livro e fui estudar um pouco mais sobre tudo e, principalmente, sobre o genocídio de 94. Leitura dura, porém surpreendente! Obrigada Scholastique!
Renan 13/06/2021minha estante
Eu li A mulher de pés descalços ano passado e fiquei ass tb


Taissa 13/06/2021minha estante
Estou lendo esse livro e sua opinião me instigou! Te conto quando terminar.


Isabella 14/06/2021minha estante
Com certeza vou ler outro livro dela! Muita curiosidade para saber mais sobre tudo!




Mahalia 26/02/2023

De arrepiar
Esse livro me impressionou. É muito forte e triste a intolerância, os discursos de ódio e morte em Ruanda. O livro traz, de forma crítica, as marcas/heranças negativas das colonizações que influenciaram na estrutura social do país: o catolicismo, a divisão em grupos rivais, a pobreza e a exclusão, são alguns exemplos.

Uma frase dita por Virgínia no final do livro, chamou minha atenção e, com um nó na garganta, reproduzo: "Ruanda é o país da Morte" (pág 116, na versão PDF que utilizei).

Infelizmente, como narrado no livro, Ruanda se mostrou ser realmente um país da Morte em 1994 (com o genocídio contra os tutsis). Ódio gera violência e o resultado é morte.

Um livro necessário, mas sem um final feliz.
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Paulo Silas 10/04/2020

Nas montanhas da bacia do Nilo há uma escola com rigorosos métodos voltada para a educação exclusiva de meninas. Situado em Ruanda, o Liceu Nossa Senhora do Nilo busca formar a elite feminina do país, tendo como proposta educar aquelas que serão grandes mulheres de acordo com o que a cultura local entende e determina por alta sociedade feminina. É nessa espécie de colégio interno, onde as meninas permanecem todos os dias, podendo visitar os seus familiares nos finais de semana, que o enredo de "Nossa Senhora do Nilo" se desenrola, trazendo à cena muito mais das situações que ocorrem no âmbito de suas dependências envolvendo alunas, familiares. professores, freiras e o padre responsável pelo local, uma vez que é também exposto todo um conflito político existente no ambiente geral em que se passa a história.

Religiosos belgas e professores franceses são os responsáveis pela educação no Liceu Nossa Senhora do Nilo. Sendo considerado um local de renome, privilegiadas são as alunas que obtém acesso à educação do Liceu, ensejando assim grande expectativa nas famílias que buscam que suas filhas ali estudem e contentamento efusivo quando da seleção daquelas que irão representar a elite feminina da sociedade ruandesa. Essa garantia, essa possibilidade mais ampla é conferida e garantida em grande e maior parte ao hutus, sendo reservada uma cota mínima para as estudantes tutsis, ensejando assim numa prática segregacionista que é reflexo do contexto e cenário político em que se situava a Ruanda no período em que se passa a história. É pelo vivenciar intramuros do Liceu (mas não apenas) que o fervilhar do conflito político prévio ao genocídio ruandês é sentido e interpretado pelas alunas e funcionários em geral, tendo-se assim uma narrativa particular de um todo através de um recorte próprio.

Scholastique Mukasonga fornece um relato próprio, particularizado, específico, sobre um período em que fervilhava algo que logo estouraria na forma de um genocídio que recebeu atenção internacional. Pelos olhos incautos das alunas é possível perceber o embate conflituoso existente entre hutus e tutsis. Pelo contato do padre e das freiras com o mundo externo para além do Liceu se tem resquícios do grande problema que estava prestes a explodir da pior maneira possível. Pelo vivenciar momentâneo dos que se situam no Liceu para com os vilarejos próximos e casa dos familiares se nota que há algo no ar. Enfim, pelos olhos de Immaculée, Veronica, irmã Gertrude, Virginia, Modesta, Sr. Decker, padre Herménégilde e tantas outras personagens, a autora resgata um conflito sociopolítico ocorrido na Ruanda e narra através de um excelente romance. A história atrai e obtém êxito ao estabelecer páginas que fluem durante a leitura enquanto evidencia questões para além da trama ali contada. Um ótimo livro.

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Alice 02/05/2023

Eu demorei para realmente finalizar o livro, fiquei mais de um mês no "finalzinho", mas valeu a pena. Gostei bastante da leitura.
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Henrique Fendrich 28/01/2022

O livro conta a rotina de um liceu para moças na Ruanda, em meio às efervescências do conflito entre os grupos hutu e tutsi no país. Trata-se de um pedaço da África já cristianizado por europeus (no caso da Ruanda, alemães e depois belgas), mas nota-se que nem por isso havia uma integração verdadeira da população do país às tradições ali implantadas pelos brancos. O liceu com nome religioso não era empecilho para que as moças buscassem outros tipos de sabedoria, inclusive as que seriam rotuladas de pagãs pela religião dominante. Não havia mesmo muito motivo para acreditar no tipo de cristianismo ali praticado, a julgar pelo padre que conduzia as celebrações no liceu, um velho hipócrita e tarado pelas meninas.

Não há exatamente um trama única no livro, mas vários capítulos com pequenas histórias envolvendo diferentes moças e episódios no liceu. Entre as que me chamaram mais a atenção está a de uma visita ao liceu da rainha da Bélgica e a da tentativa de uma das garotas em trocar o nariz da estátua da Virgem, porque ela tinha um nariz de tutsi, algo inadmissível para os hutus...

Confesso que, de maneira geral, o livro não me empolgou muito, mas ele teve o mérito de me chamar a atenção para questão dos tutsis e dos hutus na Ruanda e no Burundi, a ponto, inclusive, de me fazer pesquisar em fontes externas ao livro. Acho que um dos méritos dos livros é justamente quando isso acontece, ou seja, quando o assunto não se encerra com ele.

Já no final do livro, há esse trecho bastante significativo:

"Ruanda é o país da Morte. Você se lembra de uma história do catecismo? Durante o dia, Deus percorria o mundo, mas, todas as noites, ele voltava para a casa em Ruanda. Um dia, quando Deus estava fora, a Morte veio e tomou o seu lugar. Quando ele voltou, ela bateu a porta na sua cara. E foi assim que instalou o seu reino em nossa pobre Ruanda. Ela tem um projeto e está decidida a levá-lo até o fim. Eu só voltarei pra cá quando o Sol da vida voltar a brilhar sobre a nossa Ruanda".
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Livros e Pão 04/08/2021

Imaculeé foi a minha favorita
Esse livro me surpreendeu. O início foi lento, um pouco generalizado demais - já que a estrutura do livro não foca em apenas uma personagem -, mas mais ou menos a partir da 2a metade ele me pegou de um jeito que eu não estava esperando. De repente, a vida estava quebrando a monotonia daquele liceu de um jeito muito cruel e rápido. Scholastique, com uma escrita simples e agradável, transmite com muito esmero uma trama mais complicada do que pode parecer. Na minha resenha em vídeo, elaborei mais sobre o que achei do livro. Se tiver interesse, o link está aqui embaixo :)

site: https://youtu.be/L2bJ470FpyE
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Taissa 18/06/2021

Este foi mais um livro do clube Bookster pelo mundo e, de fato, a ideia de lermos por mês uma obra de determinado país nos faz conhecer um pouco mais sobre a cultura e vida daquela sociedade. Foi assim com essa leitura de Ruanda! Trazer a tona a essência do genocídio de 94 foi enriquecedor! Incentiva para que nos aprofundemos mais na história e passemos a conhecer o sofrimento tão recente desse povo. Essa é uma das coisas mais belas da literatura!
Quanto ao livro em si, no começo fiquei um pouco perdida com relação aos personagens, mas depois flui bem e a leitura foi rápida e instigante!
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isabelfilardo 27/03/2021

Ruanda e suas dores
Há poesia, há fato na escrita de Scholastique. É minha segunda experiência com a escritora, a primeira foi A Mulher de Pés Descalços. Ela fala de coisas tão pesadas de um jeito tão despretensioso! Demorei para engrenar na leitura, mas numa segunda tentativa fluiu muito e me emocionou. Ruanda me encanta e me convida a conhecê-la.
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Carla Verçoza 06/02/2023

Continuando a trilogia iniciada com "Baratas" e depois "A mulher de pés descalços", esse último não me agradou tanto quanto os outros (esse não é biográfico), mas ainda assim gostei da leitura.
Aqui a história acompanha a vida de algumas meninas estudantes do Liceu Nossa Senhora do Nilo, onde havia cota para os tutsis. Mostra o preconceito com eles, as difíceis relações com o povo majoritário, a violência. Se passa em um período antes do genocídio de Ruanda.
Recomendo bastante toda a trilogia, leitura muito impactante e forte!
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Robert Mizael 03/10/2021

Bela narrativa. Triste história.
Narrativa que te prende do início ao fim. Triste história de Ruanda. Mostra preconceito, luta da mulher na sociedade, lutas de minorias .
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Ramalho 21/06/2021

Eu adorei o livro, no entanto, senti algo que notei de muitas pessoas dizendo: o livro parece estagnado. Eu não sei se para mostrar como é a cultura Ruandesa, e nesse caso se for assim, o livro funciona bem por conta do grande sucesso em pessoas que querem conhecer a cultura do local, o livro passa muito tempo falando das vivencias e dos costumes dos personagens, em frases que substituem o andamento que poderia estar sendo levado na história.
No mais, o livro tem um ótimo desenvolvimento; apesar disso tudo, eu não me entediei, e realmente me envolvi na história que é simples e gostosa de ser lida. Ela tem uma analogia importante e uma coisa bem forte das pessoas da Ruanda, mas eu sinto que se tirar isso do livro sobra pouca coisa (não que deva ser tirada). Mukasonga escreve muito bem, e isso é o principal motivo de ler este livro, não achei tão criativo o famoso roteiro, mas achei que ela tem uma elegância na escrita.
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