Thiago 28/12/2017
Beijo é o de menos em Barcelona
Ao descobrir que sua ex-namorada também está na Espanha, Isaque descobre que ainda a ama. A partir daí, o “beije-me” fica sendo o mínimo de suas intenções e ele então se vê dividido entre sua namorada atual, no Brasil, e a ex, ao seu lado. A geografia e o arrependimento só intensificam suas dúvidas. Acrescente aí uma verba limitada de estudante que você vai sentir a angústia do protagonista.
Beije-me em Barcelona aconteceu num timing perfeito por ser fim de ano: a história se passa nos últimos quatro dias do ano de 2011, essa época em que se rememora feitos, ditos e nao-ditos. Vale dizer que ainda que o foco seja a dúvida amorosa de Isaque, há vários trechos em que temáticas recorrentes da realidade brasileira são comentadas como que a pinceladas literárias: desigualdade social, gestão e ordem pública, o estudante brasileiro e sua organização familiar e emocional diante de tantas barreiras no seu percurso acadêmico e especialmente o desafio (e também aventura) de estudar num país estrangeiro. A importância da amizade e também da humanidade que há em se responsabilizar pelo erro.
Sendo um capixaba da gema, enxerguei o livro como um relato pessoal contornado pela literatura - o que foi ótimo. A escrita de Fabio Paiva provoca intimidade pela simplicidade e leveza. É honesta e sem floreios, o que não quer dizer que perca em sensibilidade.
Em Beije-me em Barcelona lemos sobre as marcas que cada um traz bem como as transformações a que nos permitimos em nossa vida. Só um adendo: o livro foi premiado no edital de Produção e Difusão de Obras Literárias do Funcultura 2016, da Secretaria do Estado da Cultura do Espírito Santo.
Como diria Isaque: deu.