Gica Brombini 26/09/2021
ESTAMOS BEM, é "triste como as melhores músicas e belo como as melhores lembranças".
QUOTE | “Foi um verão de negação. De descobrir o que o corpo da Mabel podia fazer pelo meu, e o que o meu podia pelo dela. Um verão passado na cama branco da casa dela, com seu cabelo espalhado no travesseiro. Um verão passado no tapete vermelho, com o sol no nosso rosto. Um verão em que o amor era tudo.”
RESENHA | Descrito como “uma reflexão a respeito da sobrevivência do luto”, "Estamos bem", é curto, poético e maravilhosamente bem escrito. O livro, que por um lado conta uma terna história de amor entre duas melhores amigas, também expõe sentimentos de uma melancolia crua e devastadora.
Marcada por capítulos que intercalam a narrativa entre passado e presente, a história em questão nos apresenta a Marin, uma jovem estudante que está prestes a passar as férias de final de ano sozinha no alojamento da faculdade. Logo de início somos apresentados a tristeza e aos fantasmas psicológicos da garota, que se recusa avoltar para seu suposto lar. Marin, com a certeza de que passaria o período do recesso das aulas completamente sozinha, se surpreende com a notícia de que sua melhor amiga está vindo da Califórnia – sua cidade natal, para passar três dias em sua companhia. Com muita relutância, Marin tenta se convencer de que conseguirá trancar e ignorar todas as suas dores do passado, sem deixar que a volta de Mabel afete.
Ao longo do livro, vamos compreendendo das menores às maiores dores de Marin, conhecendo seus medos e inseguranças mais profundos, entendendo seu luto pela morte da pessoa que mais amava. A vinda de Mabel traz para si lembranças de um passado, de um verão e de um lar que ela não gostaria de enfrentar, abrindo novamente as feridas que esta vinha ignorando há mais de um ano. Entre conversas, lágrimas e abraços, Marin será obrigada a abrir seu coração e explicar para sua melhor amiga, o porquê de ter abandonado de uma hora para outra tudo o que tinham juntas.
"Estamos bem" é repleto de memórias aconchegantes de um passado cheio de conforto sobre um verão recheado de beijos e descobertas; de um calor e de um apreço pela vida que contrasta fortemente com a nova visão depressiva e nada apaixonada que Marin tem durante o inverno. Nina LaCour exprimiu de uma forma exímia todas as fases do luto, e o que ele pode fazer uma pessoa que possuía inúmeros sonhos.
Sendo um dos meus livros favoritos, a história nada deixa a desejar, tanto na construção do seu enredo e de suas personagens, quanto em sua escrita forte e poética. "Estamos bem" reserva entre suas páginas inúmeras emoções para qualquer leitor que se permita mergulhar e ter o coração rasgado e palpitado por sentimentos bons e ruins.
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