Mariana 18/12/2017A (nada) Improvável AnneliseJá começo dizendo que esse é o pior livro que eu li em 2017. Eu já passei por vários livros ruins nesses meus longos anos como leitora, mas A Improvável Annelise conseguiu ser uma indesejável surpresa. Começando pelo simples fato de que o e-book deste livro custa 19 reais. Sim, 19 reais. Eu sinto que se eu tivesse rasgado 19 reais e colocado fogo seria um melhor uso para o meu dinheiro.
Começamos com uma história vendida como nacional, como uma história brasileira, escrita por uma brasileira... porém, não pense que vamos encontrar cenários conhecidos nessa história, não. O livro todo se passa entre a Áustria (com personagens de todas as partes do mundo, menos do Brasil, falando em alemão o tempo todo e tendo nomes como Emma, Jake e Oliver) e um ilha perdida que abriga uma raça esquecida de alienígenas. Ficção científica, eles disseram... doce ilusão, meu jovem padawan. A raça extraterrestre de "A Improvável Annelise" poderia ser facilmente trocada por vampiros, lobisomens, cachorros ou gatos e a diferença não existiria.
Não há exploração dessa nova cultura devido à boa (só que não) explicação da autora: os ETs se adaptaram à cultura humana, por isso não existe uma cultura anterana. Fácil, né? Fácil também é escrever uma história para adolescentes sem precisar pensar muito no que acontece na trama, já que 90% do livro pode ser encontrado em qualquer outro livro adolescente, como Crepúsculo e A Rainha Vermelha. Nossa protagonista, Annelise, é um capítulo à parte.
Lembra das reclamações de que a Bella de Crepúsculo não tinha personalidade e que isso era um crime? Pois perto de Annelise, a Bella tem a personalidade mais marcante do universo! Quem é Annelise? Não sei dizer e acho que nunca saberei. Annelise não faz sentido, ela não é coerente e parece não conseguir existir não fossem os coadjuvantes a arrastando para as coisas. Ela não reage, ela apenas continua.
E isso é inadmissível em um livro lançado este ano. Estamos vivendo uma onda de empoderamento feminino muito importante, onde não basta mais que um livro seja protagonizado por uma mulher para que seja representativo. E não é pedir demais quando se fala em uma protagonista que tenha vontade própria e que sinta o que acontece ao redor dela para além da comparação com os outros. Shame on You, autora.
Aliás, Shame on You em vários momentos: introdução de uma problemática lésbica que é apenas citada, talvez só para dizer que existe representatividade; um triângulo amoroso pelo qual ninguém dá a mínima, nem mesmo a protagonista; a insistente ideia de adolescentes fazendo o que quiserem sem ter adultos por perto (aliás, quem inventou isso, meu deus?!); Vilões caricatos que tem uma participação ridícula e que são derrotados da maneira mais preguiçosa... tudo isso regado a uma narrativa mal trabalhada, que confunde a cabeça do leitor sempre que muda de ponto de vista.
E o pior de tudo é que esse livro tinha potencial, bastante potencial! A ideia é boa, pensa só: uma protagonista sem confiança em si própria que precisa aprender a ser confiante (puro empoderamento), uma raça alienígena escondida entre os humanos que tem influencia em várias coisas, como tecnologia... uma pena que ninguém tenha dito isso para autora. E se disseram e foram ignorados, eu sinto muito.
Em resumo: trama previsível (aliás, ninguém deu a ideia de um plot twist?) com uma protagonista sem graça e com uma narrativa estranha. De improvável, a Annelise não tem nada. Sorry aí.
site:
youtube.com/poeiraliteraria