Queria Estar Lendo 02/03/2020
Resenha: Uma Duquesa Qualquer
Uma duquesa qualquer, quarto volume da série Spindle Cove, tem tudo que a Tessa Dare tira de letra na hora de desenvolver suas histórias: personagens divertidos e bem trabalhados, uma trama bastante articulada e interessante e uma protagonista forte e independente. Mais um livro pra entrar para a listinha de perfeição sem limites.
Pauline é garçonete em Spindle Cove e está relativamente bem com isso. Pelo menos até um duque escolhê-la como candidata a possível duquesa, só para dispersar a mãe que deseja tanto casá-lo. Pauline e o nobre Griff fazem um acordo, então: ela deve se mostrar o pior exemplo de dama a ser educada para a sociedade, um desastre completo em uma semana e, em troca, ele lhe dará mil libras. O suficiente para que ela abra sua sonhada livraria.
Claro que o que deveria ser uma tarefa fácil se mostra absurdamente difícil quando a companhia da duquesa não é tão ruim assim, as aulas não são um absoluto desastre e, para piorar a situação, Griff não é nem um pouco como o nobre fútil e irritável que Pauline imaginou que seria. Pelo contrário, a atração entre os dois cresce à medida que a uma semana corre, o que coloca o acordo deles em cheque. Mais do que isso, seus sentimentos.
Spindle Cove já se tornou minha série de época favorita e não tem santo que tire ela do pódio. As histórias das mulheres dessa cidade são divertidíssimas, cheias de espírito e aventuras e eu queria abraçar a Tessa Dare pelo que ela criou nesses livros.
Uma duquesa qualquer, tal como seus antecessores, é uma história engraçada, com personagens bem trabalhados e cheios de personalidade, um casal que começa aos bicos e desenvolve uma história de amor tórrida e dramática e bem humorada, com coadjuvantes ricos e uma ambientação ótima. Ou seja, é perfeito.
Pauline é outra protagonista que começa ótima e termina impecável. A jovem teve uma infância difícil por causa do pai violento, ainda que a mãe tentasse livrá-la das situações. Sua irmã tem um leve atraso, o que a coloca em julgamento perante a sociedade e os conhecidos; para Pauline, sempre foi sobre viver um dia após o outro sem realmente alcançar nada. Porque, com sua posição de garçonete, ninguém nunca desviou o olhar até ela.
Seu desenvolvimento tem muito a ver com a liberdade temporária que consegue e como isso a influencia a alcançar sua voz e usá-la. A acreditar em seus sonhos - que agora não são mais tão impossíveis - e na força deles. Em planejar seu futuro de acordo com o que fez por si mesma e pela irmã, a pessoa mais importante no mundo para ela.
"Só uma vez, Pauline queria ser conhecida não por suas boas intenções, mas por ser boa em algo."
O que começa com um mal entendido com Griff se torna um acordo de interesses e então evolui para uma relação de confiança e pertencimento. Griff e Pauline se encontram em seus sonhos e problemas, em seus medos e desejos. Eles são parte um do outro e são muito animadores de acompanhar justamente por esse relacionamento importante que constroem.
Claro que, em se tratando de um romance de época, as cenas hot estão ali. O diferencial de Spindle Cove é que a série nunca se leva completamente a sério, então ler os momentos quentes entre os personagens é sempre muito engraçado. Principalmente aqui com os 33 tons de Griff, como bem pontuou a Lu do Balaio de Babados.
"- Mesmo em meio a todos esses volumes velhos e mofados da biblioteca, eu acho que você é o livro mais difícil de ler."
Griff, aliás, é outro belo exemplo de personagem masculino que sofreu MUITO no passado e não usa isso como desculpa para ser um escroto. Ele tem sim seus momentos insensíveis, mas jamais ultrapassa a linha de se tornar abusivo e tóxico. Como todos os personagens, Griff tem falhas e escorregões, mas admite e busca mudar - principalmente por Pauline.
A duquesa e outras personagens femininas como Susanna e Minerva têm bons momentos junto da trama principal, acrescentando humor quando a narrativa precisa. São cenas irreverentes que trazem mais leveza contra alguns momentos bem dramáticos. A duquesa, principalmente, se mostra uma mulher bem além do esteriótipo fútil e pretensioso esperado; ela entende seu papel e respeita a etiqueta, mas tem sonhos e esperanças e medos como qualquer pessoa. Ela se esconde atrás da postura fina e dos vestidos e joias, mas é uma mãe solitária e uma mulher em busca de um propósito.
"- Nós temos um dever, Srta. Simms. Para pessoas privilegiadas como nós, não basta ter boas intenções, é preciso fazer o bem."
A ambientação e o desenvolvimento da história, não apenas do casal, são bem satisfatórias. É um livro rápido e suave para te fazer sorrir e querer ler mais e mais. Como todas as histórias que se passam Spindle Cove, Tessa Dare te convida a fazer parte daquele universo - e você termina querendo construir uma máquina do tempo porque só por ele, vale a pena!
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