Contos - Volume I

Contos - Volume I H. P. Lovecraft




Resenhas -


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Dafne 27/01/2018

Nota quanto à edição
Apenas uma nota para aqueles que desejam adquirir essa edição: a editora Martin Claret, por motivos expostos na introdução do livro, optou por "amortizar" algumas expressões e frases consideradas ofensivas.

Por "amortização" entenda-se, nas palavras Lenita Esteves (tradutora), que "os traços de alguns personagens que causam medo foram retirados quando se referiam a alguma manifestação racista do autor. Um personagem negro em "Herbert West" [conto do livro] perdeu as características que o assemelhavam a um símio, ao mesmo tempo que ganhou adjetivos elogiosos".

Não é segredo para nenhum leitor de Lovecraft que frases racistas e xenófobas são constantes ao longo de seus trabalhos.

No entanto, a decisão editoral tomada me fez levantar as seguintes questões:
1) Seria correto um tradutor alterar partes de um livro ou, como ocorre aqui, rescrevê-lo em alguns pontos?
2) Será que um leitor não tem o direito de conhecer o ponto de vista do autor sobre certos assuntos, para se posicionar criticamente não apenas sobre o autor, mas também sobre os temas debatidos?
3) Será que a referida "amortização", ao invés de, como explica a introdução, ser utilizada "em prol de uma convivência amigável entre as pessoas", justamente não relativiza a luta de certos grupos sociais, deixando de mostrar como foram cruelmente retratados ao longo da história?

Não pretendo estender neste comentário minha opinião sobre o assunto ou levantar polêmicas, porém, acompanho os trabalhos do autor há algum tempo, e o horror cósmico criado por ele é um dos meus subgêneros favoritos, sendo inegável que ele foi fonte de inspiração de diversos autores modernos (como Stephen King e Clive Barker).

Lovecraft tem hoje um lugar na literatura mundial, ele foi fruto de sua época e acredito que isso deve ser levado em consideração por seus leitores. Porém, também penso que, por mais problemática que seja sua obra, não é trabalho da editora "amortizar" o texto para que seja mais agradável a certas pessoas.

O racismo e a xenofobia são temas sérios que precisam debatidos, mas para isso, é preciso ver como eles se apresentam no dia a dia, neste caso, na literatura.

O horror invocado pelos monstros e entidades criadas por Lovecraft muitas vezes advém do simples fato destes serem totalmente incompreensíveis pelos protagonistas. Em um paralelo, é fácil perceber que o medo do desconhecido poderia explicar o desprezo do autor em relação a certa pessoas e grupos sociais. Isto porque, provenientes de culturas tão diferentes daquela em que o autor estava inserido, fossem igualmente incompreensíveis a ele.

Maria 27/01/2018minha estante
Se a editora não concorda com o texto a ponto de modificá-lo, não entendo por que quis publicar. E acho completamente desrespeitoso apagar o racismo e a xenofobia desse jeito, como se fossem pequenos defeitos do autor que podem muito bem ser ignorados.


Dafne 27/01/2018minha estante
Concordo plenamente Duda. Tenho certeza que algumas pessoas não lerão a introdução (o que é muito comum, considerando que as vezes são textos que revelam muito do enredo do livro) e nem sequer percebam que a alteração foi feita. No final das contas, uma pessoa pode muito bem achar exagerado chamar o autor de racista ou xenófobo depois de ler alguns dos contos.


Tulio Costa 27/01/2018minha estante
Concordo plenamnete com o que você disse. "Esconder certas coisas debaixo do tapete nunca fez bem algum". Agora uma dúvida: será que aquela edição gigante, de mais de mil páginas, com os contos do autor dessa mesma editora segue esse horrível padrão?


Dafne 27/01/2018minha estante
Pois é Túlio, fico com essa dúvida também, o livro não faz referência àquela edição gigante, acho que seria legal passar na livraria e ver o livro físico para confirmar antes de comprar. Sei que a editora Hedra tem um livro de contos dele, de mais ou menos umas 700 páginas, talvez seja a melhor opção.


Maria 27/01/2018minha estante
Sim! Eu só leio introdução porque não tenho problema com spoiler. Desse jeito vão realmente ficar sem entender as declarações sobre o preconceito do autor.


kaloskagathos 14/10/2020minha estante
@Túlio estou quase finalizando a leitura do livro "Grandes contos", que você se referiu no comentário. Ao longo da leitura pude notar diversas passagens racistas/xenofóbicas, acho que isso depende do tradutor. Espero ter ajudado, um abraço.


Louie 01/10/2021minha estante
Obrigada pelo aviso. Perdi a vontade de ler, pq concordo com tudo que disse.
Modificar o texto do autor me parece anti ético e não resolve o problema. Acredito que manter o racismo/xenofobia etc na obras é importante justamente para levantar um debate sobre. Seria muito melhor a editora adicionar uma introdução falando disso e levantando questionamentos.


Ricardo.Daniel 02/01/2022minha estante
Obrigado pelo seu comentário, ganhei esta edição, vou ler e correr a traz de traduções mais confiáveis ou tentar ler o original.
Como dizem: "O tradutor é um traidor"




DeniseSC 24/10/2023

Bom, com ressalvas
Foi meu primeiro contato com a escrita do tão famoso Lovecraft, sempre ouvi falar do Chamado Cthulhu e o horror cósmico que é sua marca registrada, por isso adquiri essa trilogia de contos para começar a entender sua obra.
Gostei muito do estilo de escrita e narração, os últimos contos realmente me fisgaram e me geraram desconforto e vontade de saber o desfecho.
Infelizmente Lovecraft também é conhecido por ser racista e xenofóbico, e isso está evidente nos contos, qualquer pessoa que não seja um inglês ou um colono estadunidense de origem inglesa vai sofrer preconceitos, sejam italianos, poloneses, povos originários e negros.
O conto A Rua foi o mais indigesto para mim, onde ele exalta características nobres, honradas e mais elegantes aos colonos ingleses, e de como essa origem se prende as casas e aos elementos da Rua, e de como ela se volta contra uma população imigrante que "denegriu" a imagem pitoresca e digna de outrora.
Por conta disso atribui a nota de 3,5 para a obra, a qualidade e cuidado da Edição da Martin Claret, e mesmo com o disclaimer inicial da tradutora alegando ter apaziguado certos termos racistas, demonstra o teor da obra, que em certos contos mais que outros, perderam a beleza para mim.
Ainda pretendo ler as outras obras do autor, mas vale a ressalva para quem tem interesse na leitura
Eduardo Rockwell 04/11/2023minha estante
O único motivo que me impede de ler o autor é exatamente esse, o teor racista e xenofóbico que dizem que eu vou encontrar. Mas pretendo um dia ler nem que seja UM conto, já que vivem me recomendando.


DeniseSC 06/11/2023minha estante
Concordo plenamente, por mais que ocorra inevitavelmente um revisionismo, tem contos que são pautados puramente no racismo, entretanto por saber que ele já faleceu e sua obra já caiu em domínio público, dei uma chance.




Lathos 12/08/2023

Tradução Ruim
As liberdades que os tradutores desta edição dos contos de Lovecraft tomaram acabaram por estragar toda a atmosfera que o autor cria em seus contos, fazendo com que vários pareçam mais piadas do que contos de terror
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Gabriela 15/01/2022

Acho que não estava muito na "vibe" Lovecraft quando li este livro. Anos atrás quando conheci o autor fiquei apaixonada por suas histórias. Contudo, em 2021, na leitura deste Volume 1 não fiquei muito empolgada. Talvez foi a edição, que aparentemente alterou algumas expressões originais do autor ou mesmo o momento não propicio. Vou deixar para ler o segundo volume daqui um tempo.
De qualquer forma, é claro que algumas histórias se destacaram, como Ar Frio, A Gravura na Casa Maldita e Reanimador.
Quero ler O Chamado de Chtullu novamente, pois este sim é um grande clássico pelo qual sou apaixonada.
Recomento o livro como primeira leitura do autor, até para quem não está acostumado e quer conhecer algum clássico do terror.
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Patcha 28/11/2021

Até onde vai separar a obra do autor?
Sempre me interessei pelas edições brasileiras de contos do Lovecraft, devido a qualidade que a maioria carrega. Esta, porém, me deixou dividido.
Por um lado, pode ser uma ótima forma de ingressar no universo aterrorizante do autor, pois os contos são organizados de forma que o horror e o bizarro surgem de forma progressiva ao longo do livro. Enquanto os primeiros contos são leves e não exigem muito do leitor, os últimos constroem momentos de imensa loucura.
Ao mesmo tempo, logo no prólogo já se encontra a nota dos tradutores de que "o texto fora alterado para suprimir o racismo do autor." Por mais que algumas opiniões do Lovecraft a respeito de minorias sejam desprezíveis, várias das alterações tiraram o peso do texto e tornaram vários dos contos esquecíveis, sensação que não foi passada em traduções anteriores.
Será que o caminho correto para lidar com esse tipo de autor é alterar a obra? Uma nota no início alertando do conteúdo não bastaria? Não ajudaria a entender justamente o tipo de pensamento que NÃO deveríamos ter?
E se é um conteúdo tão desprezível, por que então não deixaram de publicar?
É importante sabermos que existiram pessoas que pensavam como ele justamente para evitar que pessoas de hoje em dia continuem pensando assim. Fingir que o racismo nunca existiu é pedir para que ele continue existindo.
É certo que irei procurar outros materiais do autor, pois seu universo é fascinante. Mas também é certo de que não será nessa coleção.
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Lucas 18/12/2020

Incrível.
Recheado de contos maravilhosos, com uma beleza fora do comum. Esse é um livro que não pode faltar na estante dos adoradores de Lovecraft. Você tem curiosidade em saber qual o motivo que leva esse homem a ter essa reputação? Então, esteja preparado para adentrar em um mundo onde o surreal é apenas mais uma coisa banal.
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Henriique 22/02/2021

-Há edições melhores,vá por mim-
"Os contos são bons já a edição nem tanto". Os contos me cativaram como amante de todo o trabalho feito pelo autor,(H.P Lovecraft) ao mesmo tempo que me deixou em dúvida se deveria terminar de ler eles por essa edição. Dúvida está que se deve ao simples fato da "mutilação textual" feita pela editora.
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paulovm 03/11/2022

Bom pra matar a curiosidade
No geral um ou outro conto realmente é interessante de se ler mas mesmo eles tem finais que não impactam muito. Gostei de ter lido pra matar a curiosidade e por fim ainda leria outros contos do autor.
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Daniel Muniz 23/04/2022

H P Lovecraft
Em minha opinião o melhor escritor de terror que já existiu. Sua escrita as vezes complicada, me deixam angustiado e com sensações do mais puro medo. Lovecraft entra em sua mente e te coloca um temor devido a seus contos, que ficarão gravados em sua memória. Nessa coletânea, os melhores contos para mim, foram: ar frio, os ratos nas paredes, o modelo Pickman (fabuloso), Herbert West, porém, os outros contos não são quaisquer tipos de contos, são bons contos, sendo os supracitados, superiores?
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Fabio Pedreira 17/12/2017

Contos - volume I
Olá pessoal, hoje vim trazer para vocês a resenha do primeiro livro do H. P. Lovecraft que eu li na vida, é o volume 1 de alguns contos publicado pela Martin Claret.

Apesar de gostar de livros de terror e ter Stephen King como meu autor favorito nesse tipo de literatura, meu gosto por esse gênero literário é recente, coisa de um ano mais ou menos. E apesar de conhecer autores clássicos como Edgar Allan Poe, Mary Shelley, Bran Stoker e o próprio H. P. Lovecraft, só agora é que eu parei para ler seus livros. Mas vamos ver se eu comecei com o pé direito.

Esse volume 1 contém dez contos os quais eu farei um pequeno resumo de cada um, sem spoilers obviamente e logo depois farei algumas considerações sobre o que achei. E o primeiro conto trata-se de...

A fera na caverna:
Esse primeiro conto retrata um sujeito que estava fazendo uma expedição com um grupo em uma caverna, mas acaba se separando do seu guia e adentrando cada vez mais na caverna. O problema é que ele logo acaba percebendo que talvez não esteja sozinho na escuridão daquele lugar. Um dos melhores contos do livro na minha opinião.

A rua:
Esse conto merece um cuidado especial devido a alguns detalhes importantes sobre o autor e eu falarei mais sobre isso no final. Mas em “A rua” o autor nos traz como uma determinada rua da cidade vai se transformando com o tempo e perdendo suas características, porém, nunca esquecendo de quem ela era.

O que vem da Lua:
Aqui vamos descobrir um sujeito que não é muito fã da Lua, e de tanto ficar contemplando-a, digamos assim, não percebeu as coisas que existiam ao seu redor.

O perverso Clérigo:
Mais um conto meio sinistro no qual o personagem principal mexe onde não devia (como sempre) e acaba despertando coisas que ele não entende e que deveriam continuar “dormindo”. Quem mandou meter a mão onde não deve?

Ele:
Não, aqui não temos um conto sobre aquele personagem das Meninas Superpoderosas, mas talvez seja quase. Pois aqui temos um sujeito que adora passear e apreciar as partes antigas da cidade, imaginando suas histórias, até que conhece um sujeito que revela ter observado ele há algum tempo e o convida para conhecer partes da cidade que poderiam agradá-lo. Aposto que você correria com um convite desse, mas o personagem principal aceita, e bem, ele descobre lugares muito mais antigos do que poderia imaginar.

Ar frio:
Nesse conto nosso personagem principal está ruim de grana e acaba encontrando uma pensãozinha barata para morar. Lá ele descobre que no andar de cima do seu apartamento vive um grande médico. Porém, o sujeito aprecia muito uma temperatura bem baixa, mantendo seu quarto sempre muito resfriado. Por que será?

Os ratos na parede:
Aqui temos mais um grande conto do livro. Nele o personagem principal resolve restaurar a antiga moradia da família. Família está que não tem uma boa reputação devido a acontecimentos passados. Essa casa também tinha um sério problema com ratos, como o próprio título sugere, o problema é que apenas o personagem principal e seus gatos conseguiam escutar as criaturinhas. E, para não considerá-lo louco, ele chama ajuda de amigos e outras pessoas para ajudá-lo, o que acaba levando-os a fazerem uma descoberta meio sinistra.

O modelo Pickman:
Aqui temos a história de um sujeito que não tinha seus quadros bem recebidos pelas galerias de arte ou outros locais devido ao que era pintado nele. Criaturas sinistras e situações que retratavam a maldade das profundezas de sabe-se lá onde. Porém, o pintor convida seu amigo (o narrador do conto) a ir a uma casa nos confins da cidade no qual ele consegue as inspirações para seus quadros. Chegando lá o narrador se depara com uma mistura de fascínio e terror. Fascínio pois os quadros são de uma realidade tremenda e terror devido ao seu conteúdo, e se não bastasse isso ele descobre uma certa fonte de inspiração que é no mínimo sinistra.

A gravura da casa maldita:
Este conto é também o conto da ilustração da capa do livro. Aqui um sujeito, para se proteger da chuva, corre com sua bicicleta para uma pequena casa no topo de uma colina (galera sem noção). Aparentemente ela parece estar abandonada e o jovem começa a investigar o local, descobrindo um livro raro aberto em uma determinada gravura. A casa parece estar ocupada e realmente está. Logo surge o dono que não fica nem um pouco irritado com a “invasão” do jovem e logo os dois começam a conversar, o problema é que parece que os gostos do anfitrião parecem ser um pouco suspeitos.

Herbert West reanimador:
Aqui temos o último e o maior conto do livro. Nele temos a história de 2 médicos que, com o passar dos anos, vão se especializando em reanimação de corpos, e claro que tudo isso de forma ilegal já que a universidade proibiu seus estudos. E com isso os dois sujeitos passam a desenterrar corpos e fazer experimentos na surdina, sempre aprimorando as técnicas de ressuscitação, porém, claro, no fim algo muito errado vai acontecer.

Bom, e aí, comecei com o pé direito? Sim e não. Sim porque os contos são muito bons e eu não posso negar; contudo, não porque eu senti falta dos contos mais famosos do autor, aquele pelo qual todo mundo conhece, o famoso Cthulhu. Então mesmo que tenha sido um bom começo fiquei com a sensação de faltar algo. Mas não se enganem, pois isso não quer dizer que eu não tenha gostado bastante, pois gostei. Agora devo fazer umas considerações e que inclusive vai acrescentar o que disse sobre o conto A rua.

Não sei se todos sabem mas Lovecraft era um sujeito racista e xenofóbico, coisa que era refletido em seus contos, inclusive com palavras racistas em seus contos. E isso fez com que a editora optasse por, como eles mesmo falam, uma tradução de “amortecimento”, ou seja, a retirada de algumas palavras descritivas que tem um alto teor de preconceito. Isso quer dizer que alteraram o texto original? Sim e não.

Sim porque retiraram essas palavras e, então, tecnicamente, o original foi perdido; e não porque apenas isso foi mexido tendo o resto sua tradução original mantida. Sinceramente é algo que eu entendo completamente e concordo, mas sei que tem pessoas que vão reclamar em relação a isso. O livro já inicia com uma introdução sobre o autor e depois sobre essas decisões de tradução, o que eu acho uma coisa boa.

E isso reflete no conto “A rua” pois a mudança que o autor sugere que a rua sofre é justamente o fato de ela perder seus moradores “brancos, de origem” para dar lugar a moradores “negros e de outros locais”. É um conto em que você percebe claramente como o autor tinha preconceitos.

Mas o livro é impecável. A Martin Claret está de parabéns pela edição, com ilustrações no começo de cada conto, um trabalho gráfico impecável. Tamanho da fonte, papel, tudo aquilo que você quer ver tem aí. Os contos também são muito bons, gostei bastante do livro todo e quero ler mais, tanto sobre o autor quanto outros autores clássicos.

Bom, eu como comecei com King que tem influência de Lovecraft e, agora que o li, irei passar para Poe que é a grande inspiração do autor desse livro. Adiós e até a próxima. Fique com esse livro de 5 estrelas e aproveitem.
Nicole 14/02/2018minha estante
Adorei sua resenha! É ótimo quando alguém faz um "resuminho" de cada conto, assim dá pra ter certeza de vale a pena ou não ler o livro ;)




Wagner 21/02/2022

Metade dele até que é boa
Esse foi meu primeiro contato com o trabalho do H.P. Lovecraft, e a experiência foi bem agridoce

Já tinha ouvido falar sobre o teor altamente racista e xenófobo do autor, que é de fato bem prevalente. Felizmente a edição do livro faz questão de reconhecer isso e inclusive tomam cuidado pra "amortecer" isso na tradução, quando possível.

Dito isso o racismo do autor é contundente nos primeiros 5 contos, que eu não só considero dispensáveis, mas sugiro evitar. O "terror" se baseia no famigerado "medo do desconhecido" que nesse caso se traduz em preconceito puro de tudo aquilo que é diferente, e em uma resistência ferrenha a qualquer tipo mudança. O "terror" é representado claramente através de delírios de um homem branco que vê sua terra ser "maculada" por tudo aquilo que é diferente de si e de seus ideais conservadores. Terrível, odioso, e, no melhor dos casos, patético. Isso não é tão forte no primeiro conto, que pra mim foi só simplório. O segundo, no entanto, é simplesmente ridículo.

A partir do quinto conto, "Ar frio", o racismo e a xenofobia já não são mais o ponto central do terror, e algumas narrativas mais interessantes aparecem. Gostei de ter lido, não foram as histórias de terror mais assustadoras que já li, mas eu aproveitei elas. Lógico que o racismo do autor permanece, mas acho que as tradutoras fizeram um ótimo trabalho em amortecer ele, quando possível.

Eu recomendaria a leitura dos últimos 5 contos, apenas. O resto é nojento, e não do jeito bom.
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Geórgea 26/12/2017

Contos: volume I
Dez dos melhores contos, do criador do monstro Cthulhu, estão reunidos nesse primeiro volume, que não economiza em luxo e bom gosto. Completamos, em 2017, oitenta anos desde que ele deixou o mundo dos vivos e foi para o mundo daqueles de quem sempre falou. Entre uma mistura de ficção com personagens reais, temos aqui, uma boa amostra do que esse homem tão singular era capaz. A tradutora fez, em acordo com os editores, algumas alterações em algumas palavras (que poderiam ser ofensivas para muitas pessoas, dada algumas ideologias do autor) e também uma mudança estrutural no último conto presente no livro que intitula-se “Herbert West – Reanimador”.

Aqui temos diversos contos que nos levam para outras dimensões e fazem com que confrontemos diversos monstros. Dentre eles, está um conto chamado “A fera na caverna” onde um pobre homem se perde do seu grupo durante uma exploração e tem seus maiores medos enfrentados ao se deparar com uma grande revelação, com uma narrativa onde o autor revela aos poucos aquilo que temos mais medo. Também teremos a história de uma rua, mas não é uma simples rua, é a “Rua”. Quase como se fosse um ser, que sobreviveu a gerações e permanece apenas observando tudo que acontece a sua volta. Sentiremos essa rua pulsar, quase como se fosse uma veia da cidade. Por vezes, também ficaremos confusos com os acontecimentos presente em “O perverso clérigo”, teremos um objeto misterioso e várias dúvidas. Dentre elas: o que ele fez? quem é ele?

“Há quem diga que as coisas e os lugares têm alma, e há quem diga que não; não me atrevo a dar meu próprio parecer a respeito, apenas falarei da Rua.”

Alguns contos são carregados de uma atmosfera de perversidade e terror. “Ar frio” fará você sentir medo da menor corrente de ar gelado que passar por você, em outros momentos você interpretará barulhos ao anoitecer como as legiões de pequenos caminhantes que permeiam “Os ratos nas paredes”. O que você faria ao entrar em uma casa aparentemente abandonada que possui um livro com uma gravura apavorante? É isso que você descobrirá em “A gravura da casa maldita”. E, se você sempre quis brincar de Deus com a natureza, encontrará na história de Herbert West muito mais do que você esperava. Diversos são os contos presentes aqui e cabe a você ter coragem de conhecê-los.

Minha Opinião

Admiro Lovecraft há muito tempo. Nesse volume, encontrei contos desconhecidos. Alguns, gostei logo de cara e fiquei completamente absorta no que estava acontecendo, outros não prenderam tanto a minha atenção e acabei não gostando tanto. Os contos mais curtos, em sua maioria, foram os que menos me agradaram. Creio que nos contos mais extensos, o autor consegue descrever melhor, envolver o leitor e fazer com que ele sinta-se parte daquilo que está lendo. Que ele sinta, juntamente com os protagonistas, os efeitos de se aventurar sozinho em uma caverna, em adentrar em casas abandonadas ou até de bancar o Deus.

O livro está impecável. Lindo demais. O projeto gráfico foi extremamente ousado ao combinar cores alegres e vibrantes a histórias tão sombrias e, que geralmente remetem a algo mais escuro e sem vida. Essa combinação foi diferente de tudo que eu já vi por aí quando o assunto é Lovecraft. Gostei muito de como casaram as cores e a tipografia que usaram no miolo com uma cor pendendo para o roxo. Ele também conta com lindas ilustrações, principalmente na entrada de cada capítulo e que serve para remeter ao assunto que o conto apresentará. Além, é claro, de ser capa dura, edição de luxo. Esse é um daqueles livros que ficam em posição de destaque na estante.

“É um equívoco pensar que o horror está inextricavelmente associado com o escuro, o silêncio e a solidão.”

Já começamos completamente perdidos em suas histórias. Ele conduz a narrativa de uma forma única, que é marcante. Lovecraft já possui a sua marca, ele é capaz de transformar coisas banais no pior dos nossos pesadelos. A própria forma do autor se expressar, é algo que registramos como sendo algo que só ele faz. Ele é capaz de criar o pânico apenas com as palavras. Ele faz com que os personagens se dirijam diretamente ao leitor, quase como se fôssemos seus confidentes. É quase palpável a sensação de estarmos realmente frente a frente com essas figuras. Essas memórias e a intimidade empregada por eles torna tudo isso mais real.

Por muitas vezes, descobrimos a identidade do nosso interlocutor lá pelo final da narrativa. E em nenhum momento nos questionamos da veracidade dos fatos apresentados, pois essas pessoas sabem tantos detalhes, que são tão minuciosos e sórdidos, que duvidar é o último dos nossos pensamentos. Os narradores desses eventos, são quase saudosos compartilhando suas lembranças. O que ajuda a transportar o leitor para aquele momento. Outro ponto interessante de observar é a ausência de mulheres nos seus contos. Mesmo com duas tias ajudando na sua criação e tendo uma mãe que o vestia de mulher, Lovecraft, sempre foi muito conservador quando o assunto era o sexo oposto.

“Não adianta eu tentar lhe dizer como esses quadros eram, porque o terror hediondo e blasfemo, bem como a inacreditável repugnância e fedor moral, vinha de toques simples que ficavam muito além do poder classificatório das palavras.”

Dentre meus contos preferidos, com certeza está “Os ratos na parede”, que conta a história de uma família que muitos julgam ser amaldiçoada, assim como a sua casa. Acontece que seu último herdeiro acaba por financiar a restauração dessa casa e decide mudar-se para lá em 1923. Em uma atmosfera de superstições e antigas histórias, observados esse pobre homem questionando-se sobre a sua própria sanidade. É isso que os seus personagens passam, a sensação de estarem no limite, abatidos e desesperançosos após presenciarem coisas que vão de encontro as suas crenças, a tudo aquilo que eles conheciam.

Em “O modelo Pickman”, encontrei uma verdadeira história de horror. Uma história digna de Lovecraft. Onde um homem era capaz de pintar em seus quadros pesadelos inimagináveis. Ele era capaz de pintar o terror e retratá-lo com maestria. Aqui encontrei a verdadeira facete do autor. E entendemos o motivo dele ser considerado por muitos um revolucionário do gênero de terror. A descrição esmiuçada, de algo que apenas habitava a mente desse escritor, é surreal. Ele possuia parcos recursos naquela época e, mesmo assim, conseguia transportar todos para o seu mundo. Um mundo apavorante, é verdade, mas tão rico em detalhes que fazem até o mais corajoso tremer.

Recheado de contos maravilhosos, com uma beleza fora do comum. Esse é um livro que não pode faltar na estante dos adoradores de Lovecraft. Você tem curiosidade em saber qual o motivo que leva esse homem a ter essa reputação? Então, esteja preparado para adentrar em um mundo onde o surreal é apenas mais uma coisa banal.

site: http://resenhandosonhos.com/contos-volume-1-h-p-lovecraft/
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JAlia.Gaspari 15/02/2023

Tem alguns contos legais no livro, mas, particularmente, esse não é meu estilo de leitura. Demorei muito para ler.
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Dani 15/07/2020

Bom, mas nem tanto
Este livro foi meu primeiro contato com o autor. Sempre tive muita curiosidade em ler algo do Lovecraft, mas nunca foi uma prioridade. Ganhei este livro de aniversário, e finalmente decidi ler.

Não sei ao certo o que achei da obra em geral. Alguns contos eu gostei muito, e outros não via a hora de acabar. Admito que as vezes nem parecia que era o mesmo autor que tinha escrito todos os contos.

Em questão a edição: ela está impecável! Diagramação perfeita e que fez minha leitura fluir mais. Porém, não gostei do fato de, durante a tradução, terem ?amortecido? algumas partes dos contos (todos sabemos que o Lovecraft era um tanto quanto racista e algumas partes do conto poderiam ser muito ofensivas), feito isso, achei que tirou um pouco da personalidade do autor.

Meus contos favoritos da obra foram: Ar frio, A fera na Caverna, O perverso Clérigo, Os ratos nas paredes e O modelo Pickman.

Em geral, até que gostei do livro. Pretendo ler mais alguns contos do autor (que sejam mais conhecidos), pra ter uma opinião final sobre o que acho dele.
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Gedielson.Gomes 09/12/2020

Não recomendo como introdução ao autor.
Uma boa sequencia de leitura dos contos deste livro seria A rua, O Perverso Clérigo, Ele, Os Ratos nas Paredes e Modelo Pickman. O conto Herbert West: Re-animator eu considero ele incompleto e cortado, lê-se melhor na versão da Darkside. Os contos neste livro trazem detalhes e aventuras por mundos antigos, ocultos e enterrados sob as velhas cidades com passados impensáveis exceto por Lovecraft; nos leva a viagens e pensamentos únicos em mundos de horrores e perturbações indescritíveis.

Não recomendo para introduzir ao universo de Lovecraft, a maioria são contos secundários que não dão boa dimensão da capacidade de escrita e desenvoltura do autor.
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