Fabio Pedreira 17/12/2017Contos - volume I Olá pessoal, hoje vim trazer para vocês a resenha do primeiro livro do H. P. Lovecraft que eu li na vida, é o volume 1 de alguns contos publicado pela Martin Claret.
Apesar de gostar de livros de terror e ter Stephen King como meu autor favorito nesse tipo de literatura, meu gosto por esse gênero literário é recente, coisa de um ano mais ou menos. E apesar de conhecer autores clássicos como Edgar Allan Poe, Mary Shelley, Bran Stoker e o próprio H. P. Lovecraft, só agora é que eu parei para ler seus livros. Mas vamos ver se eu comecei com o pé direito.
Esse volume 1 contém dez contos os quais eu farei um pequeno resumo de cada um, sem spoilers obviamente e logo depois farei algumas considerações sobre o que achei. E o primeiro conto trata-se de...
A fera na caverna:
Esse primeiro conto retrata um sujeito que estava fazendo uma expedição com um grupo em uma caverna, mas acaba se separando do seu guia e adentrando cada vez mais na caverna. O problema é que ele logo acaba percebendo que talvez não esteja sozinho na escuridão daquele lugar. Um dos melhores contos do livro na minha opinião.
A rua:
Esse conto merece um cuidado especial devido a alguns detalhes importantes sobre o autor e eu falarei mais sobre isso no final. Mas em “A rua” o autor nos traz como uma determinada rua da cidade vai se transformando com o tempo e perdendo suas características, porém, nunca esquecendo de quem ela era.
O que vem da Lua:
Aqui vamos descobrir um sujeito que não é muito fã da Lua, e de tanto ficar contemplando-a, digamos assim, não percebeu as coisas que existiam ao seu redor.
O perverso Clérigo:
Mais um conto meio sinistro no qual o personagem principal mexe onde não devia (como sempre) e acaba despertando coisas que ele não entende e que deveriam continuar “dormindo”. Quem mandou meter a mão onde não deve?
Ele:
Não, aqui não temos um conto sobre aquele personagem das Meninas Superpoderosas, mas talvez seja quase. Pois aqui temos um sujeito que adora passear e apreciar as partes antigas da cidade, imaginando suas histórias, até que conhece um sujeito que revela ter observado ele há algum tempo e o convida para conhecer partes da cidade que poderiam agradá-lo. Aposto que você correria com um convite desse, mas o personagem principal aceita, e bem, ele descobre lugares muito mais antigos do que poderia imaginar.
Ar frio:
Nesse conto nosso personagem principal está ruim de grana e acaba encontrando uma pensãozinha barata para morar. Lá ele descobre que no andar de cima do seu apartamento vive um grande médico. Porém, o sujeito aprecia muito uma temperatura bem baixa, mantendo seu quarto sempre muito resfriado. Por que será?
Os ratos na parede:
Aqui temos mais um grande conto do livro. Nele o personagem principal resolve restaurar a antiga moradia da família. Família está que não tem uma boa reputação devido a acontecimentos passados. Essa casa também tinha um sério problema com ratos, como o próprio título sugere, o problema é que apenas o personagem principal e seus gatos conseguiam escutar as criaturinhas. E, para não considerá-lo louco, ele chama ajuda de amigos e outras pessoas para ajudá-lo, o que acaba levando-os a fazerem uma descoberta meio sinistra.
O modelo Pickman:
Aqui temos a história de um sujeito que não tinha seus quadros bem recebidos pelas galerias de arte ou outros locais devido ao que era pintado nele. Criaturas sinistras e situações que retratavam a maldade das profundezas de sabe-se lá onde. Porém, o pintor convida seu amigo (o narrador do conto) a ir a uma casa nos confins da cidade no qual ele consegue as inspirações para seus quadros. Chegando lá o narrador se depara com uma mistura de fascínio e terror. Fascínio pois os quadros são de uma realidade tremenda e terror devido ao seu conteúdo, e se não bastasse isso ele descobre uma certa fonte de inspiração que é no mínimo sinistra.
A gravura da casa maldita:
Este conto é também o conto da ilustração da capa do livro. Aqui um sujeito, para se proteger da chuva, corre com sua bicicleta para uma pequena casa no topo de uma colina (galera sem noção). Aparentemente ela parece estar abandonada e o jovem começa a investigar o local, descobrindo um livro raro aberto em uma determinada gravura. A casa parece estar ocupada e realmente está. Logo surge o dono que não fica nem um pouco irritado com a “invasão” do jovem e logo os dois começam a conversar, o problema é que parece que os gostos do anfitrião parecem ser um pouco suspeitos.
Herbert West reanimador:
Aqui temos o último e o maior conto do livro. Nele temos a história de 2 médicos que, com o passar dos anos, vão se especializando em reanimação de corpos, e claro que tudo isso de forma ilegal já que a universidade proibiu seus estudos. E com isso os dois sujeitos passam a desenterrar corpos e fazer experimentos na surdina, sempre aprimorando as técnicas de ressuscitação, porém, claro, no fim algo muito errado vai acontecer.
Bom, e aí, comecei com o pé direito? Sim e não. Sim porque os contos são muito bons e eu não posso negar; contudo, não porque eu senti falta dos contos mais famosos do autor, aquele pelo qual todo mundo conhece, o famoso Cthulhu. Então mesmo que tenha sido um bom começo fiquei com a sensação de faltar algo. Mas não se enganem, pois isso não quer dizer que eu não tenha gostado bastante, pois gostei. Agora devo fazer umas considerações e que inclusive vai acrescentar o que disse sobre o conto A rua.
Não sei se todos sabem mas Lovecraft era um sujeito racista e xenofóbico, coisa que era refletido em seus contos, inclusive com palavras racistas em seus contos. E isso fez com que a editora optasse por, como eles mesmo falam, uma tradução de “amortecimento”, ou seja, a retirada de algumas palavras descritivas que tem um alto teor de preconceito. Isso quer dizer que alteraram o texto original? Sim e não.
Sim porque retiraram essas palavras e, então, tecnicamente, o original foi perdido; e não porque apenas isso foi mexido tendo o resto sua tradução original mantida. Sinceramente é algo que eu entendo completamente e concordo, mas sei que tem pessoas que vão reclamar em relação a isso. O livro já inicia com uma introdução sobre o autor e depois sobre essas decisões de tradução, o que eu acho uma coisa boa.
E isso reflete no conto “A rua” pois a mudança que o autor sugere que a rua sofre é justamente o fato de ela perder seus moradores “brancos, de origem” para dar lugar a moradores “negros e de outros locais”. É um conto em que você percebe claramente como o autor tinha preconceitos.
Mas o livro é impecável. A Martin Claret está de parabéns pela edição, com ilustrações no começo de cada conto, um trabalho gráfico impecável. Tamanho da fonte, papel, tudo aquilo que você quer ver tem aí. Os contos também são muito bons, gostei bastante do livro todo e quero ler mais, tanto sobre o autor quanto outros autores clássicos.
Bom, eu como comecei com King que tem influência de Lovecraft e, agora que o li, irei passar para Poe que é a grande inspiração do autor desse livro. Adiós e até a próxima. Fique com esse livro de 5 estrelas e aproveitem.