Recordações do Escrivão Isaías Caminha

Recordações do Escrivão Isaías Caminha Lima Barreto




Resenhas - Recordações do Escrivão Isaías Caminha


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Mirele 23/01/2021

Uma autobiografia, talvez?
Lendo o livro me vinha sempre a cabeça essa pergunta: será Lima Barreto falando sobre a própria história? Eu li na versão do Domínio Público, sem texto de apoio. Mas eu acho que a história de Isaías pinta muito bem um Rio do início do século, principalmente o ambiente de um jornal da época e o racismo da sociedade carioca, também.
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Sara 14/01/2021

Recordações do Escrivão Isaías Caminha
Caminha é um jovem que busca mudar sua realidade, saindo de sua cidade na zona rural para buscar melhorias na zona urbana, adentrando nesse meio, passa por diversas dificuldades e ao decorrer do livro, narra diversas cenas de racismo.
A crítica contida no livro de Isaias, passa ao leitor a realidade da nossa sociedade, dentre eles: O racismo estrutural e o descaso da população em não saber as qualificações dos políticos que os cidadãos escolhem como líderes.
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Amanda.Penha 03/11/2020

minha nossa
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Letuza 08/09/2020

Críticas, ironias e sentimentos
Isaías Caminha é um jovem negro, filho de um vigário branco e uma escrava liberta. Inteligente e esforçado, ele decide ir para o Rio de Janeiro em busca do sonho de estudar medicina. Com uma carta de recomendação do coronel da cidade para um deputado da capital, Isaías parte cheio de esperança. Seu primeiro choque de realidade é na lanchonete da estação de trem, onde é tratado de forma completamente diferente (pior) que uma rapaz aloirado. Ali ele percebe que sua pele azeitonada influenciava em como ele era tratado.
No Rio ele se deslumbra, se decepciona, se encantada e se desespera. O encontro com o deputado não se dá de imediato e sem o emprego, ele não pode estudar. Pequenos eventos vão mostrando para Isaías que meritocracia não existe e que se sua cor o coloca em desvantagem diante das oportunidades.
Quando o encontro com o deputado é finalmente conseguido, mais uma decepção. Nada de colocação para ele.
Sem esperanças, Isaías, passando já necessidades, aceita um emprego como contínuo no jornal O?Globo. Lá ele conhece uma ?nova espécie? de ser humano. Os jornalistas. Seres superiores e especiais. E Isaías continua invisível, ignorado em suas necessidades e anseios. Só lembram dele para realizar um serviço banal e inferior. Ele não estuda e começa a sentir-se ignorante, mas vai levando a vida ou deixando a vida o levar.
Até que uma tragédia muda sua vida e ele é visto pelo diretor do jornal. Consegue uma posição melhor, melhora de vida. Mas a decepção não o abandona.
?
O livro, escrito em 1909 é uma crítica rigorosa ao racismo e ao estilo da imprensa da época. O estilo de Lima Barreto é impressionante, sagaz, inteligente, duro e irônico. O livro é escrito em primeira pessoa e o leitor consegue sentir as angústias e expectativas de Isaías Caminha. Os personagens são fictícios, mas baseados em personagens reais como João do Rio, Coelho Neto e o próprio Lima. Uma leitura clássica e super recomendada!
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João 21/08/2020

Recordações do escrivão Isaías Caminha – Lima Barreto.

Trata-se do romance de estreia de Lima Barreto, publicado pela primeira vez em 1909.

À moda de outros exemplos da literatura universal, encontramos em “Recordações do escrivão Isaías Caminha” um narrador que, ao final de anos de vida, sente-se oprimido pelo sentimento de frustração de velhas aspirações não realizadas.

Já entrado em anos, do alto de sua escrivaninha o escrivão Isaías Caminha deita em sua pena um olhar retrospectivo sobre a vida, que tem início com a figura da criança curiosa e obstinada criada em um lar humilde do interior do Rio de Janeiro, e que termina com a imagem do homem angustiado e ordinariamente empregado nos afazeres do serviço público.

Isaías Caminha nascera no interior do Estado do Rio de Janeiro. Sua inclinação para a curiosidade e para a inquietação de espírito naturalmente o levou a deixar a casa dos pais ainda na adolescência para buscar na capital meios de se aperfeiçoar intelectualmente, bem como obter formação universitária e o título de “doutor”.

Isaías Caminha era negro, e a tomada de consciência sobre a sua cor e sua origem tem início precisamente quando o protagonista se insere na vida social, dando os primeiros passos no mundo extra doméstico, já a caminho da cidade do Rio de Janeiro.
Nos primeiros contatos travados ao longo da viagem para a Capital, assim como nas primeiras relações que precisou estabelecer no Rio de Janeiro para poder se arranjar com trabalho e moradia, Isaías experimenta a dor do preconceito e percebe o esforço adicional que deverá desempenhar para buscar um lugar ao sol.

Desde modo, entre desconfianças, menosprezos e até uma acusação falsa de furto, o protagonista descobre as agruras que a sociedade lhe impõe em função do preconceito racial.

A narrativa ruma ao desfecho no momento em que encontramos um Isaías Caminha absorto em pensamentos que o fazem revisitar o curso de sua vida, amargurando o desperdício de sua vivacidade intelectual presente nos primeiros anos que então seria abandonada ao sabor dos acontecimentos. Ao fim, resta a sensação de que o personagem atribui a frustração de suas velhas aspirações a eventos alheios à sua vontade, que vão desde as dificuldades impostas por sua origem social pobre, bem como o preconceito racial sofrido, até ao constante desencantamento com os círculos intelectuais e artísticos do país destituídos de verdadeira inteligência e pejados de diletantes.

Em parte, o romance se dedica a mostrar o caminho perpassado pelo personagem de sua infância humilde no interior do Estado até os primeiros passos palmilhados na Capital, cercado de dificuldades, como a falta de dinheiro, o desamparo familiar, a falta de credibilidade e a desesperança.

Ainda assim, não creio que se trata propriamente de um romance de formação (bildungsroman), exatamente porque não há aprofundamento sobre o desenvolvimento psicológico e físico do personagem. É claro que formalmente há uma linha cronológica que inicia na infância e termina na fase adulta. Porém, é perceptível o desinteresse do autor em apresentar a formação do personagem em si, preocupando-se antes em focar nos acontecimentos externos e na influência que estes possuem sobre o destino do personagem. É antes uma narrativa acerca do social, das idiossincrasias da administração pública brasileira e do fazer jornalístico, do que propriamente acerca do personagem Isaías Caminha.

A propósito, o motivo do fazer jornalístico, em torno do qual gravitam os estereótipos criados por Lima Barreto, bem como do papel da Imprensa nos destinos da nação, ocupa largamente as páginas do romance.

O interesse do autor em denunciar o mau-caratismo, a desonestidade intelectual e a incompetência dos jornalistas, dos governantes e dos intelectuais que habitam os altos círculos sociais do Rio de Janeiro no período da Primeira República é o que mais salta aos olhos no romance.

A dose satírica empregada por Lima Barreto na descrição dos tipos sociais que sobressaem no “país dos bacharéis” pode ser observada em quase todas as suas obras (e.g. Triste Fim de Policarpo Quaresma e Os Bruzundangas), não sendo diferente em “Recordações”.

No entanto, confesso que após travar conhecimento com boa parte de seus livros, sinto que esse veio satírico e debochado começa a parecer maçante, sobretudo agora em “Recordações” quando não é difícil deixar de notar que a narrativa se estende por longos monólogos entremeados por raros diálogos incapazes de provocar um envolvimento mais profundo.

Isso não significa que a obra deva ser menos prestigiada. Absolutamente. Entendo que o valor dos romances de Lima Barreto se assenta também na capacidade do autor em oferecer um panorama crítico acerca do arranjo social no período da Primeira República brasileira, permitindo-nos compreender atitudes que são observadas ainda hoje na esfera pública e privada. Além disso, ler Lima Barreto sempre significa conhecer, ainda que de longe, as ruas, os bairros e as paisagens naturais do Rio de Janeiro maravilhosamente descritas pelo autor, e que ainda estão preservadas em alguma medida. De lambuja, é possível colher uma boa dose de erudição sempre bem vinda nas obras do autor.

Boas leituras!
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Eduardo Pedro 18/08/2020

Sensacional.
Esse é um livro que já deveria ter lido a muito tempo e provavelmente irei ler novamente mais para frente, me surpreendeu bastante com a sua narrativa simples e contagiante e direta.
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Luiz Gustavo 13/08/2020

“Recordações do escrivão Isaías Caminha” foi o primeiro romance do Lima Barreto. Publicado em 1909 por uma editora portuguesa, o livro causou muito mal-estar na sociedade carioca da época devido às críticas ferrenhas que o escritor fez ao prestigioso jornal “Correio da Manhã” e a diversas figuras públicas importantes da elite do Rio de Janeiro. Para nós, que lemos o romance hoje, essas críticas não fazem muito sentido, pois não sabemos quem eram essas pessoas, mas, se fizermos um pequeno esforço, podemos associá-las a figuras públicas atuais. De todo modo, o que realmente surpreende na narrativa são as críticas mais amplas ao funcionamento da imprensa na época – que não parece ser muito diferente de como ela ainda opera –, e ao racismo que o protagonista vivencia ao se mudar para a capital fluminense. A primeira metade do romance é focada na mudança de Isaías Caminha da pequena cidade em que vivia com sua mãe para o Rio de Janeiro, e embora tivesse vivido uma infância tranquila, logo ao sair de sua cidade ele percebe que os brancos com quem por acaso cruza o caminho o tratam de maneira diferente. Não demora muito para que ele sinta a opressão da sociedade inteira, que o julga pela cor de sua pele antes de qualquer coisa. Os sete primeiros capítulos da narrativa são extremamente dolorosos de se ler, pois vemos tudo que o protagonista sofre na metrópole fluminense simplesmente por ser um homem negro, e o vemos sendo subjugado pelo racismo. Todas as questões que têm ganhado destaque ultimamente sobre as vivências de pessoas negras já estão angustiantemente expostas na história de Isaías Caminha, e chegamos a vê-lo afirmar, entre outras coisas, que “um passo para diante me custava grandes dores, fortes humilhações, ofensas terríveis”. Lima Barreto também denuncia, nesse livro de estreia, a violência policial, afirmando que “a polícia no Brasil só serve para exercer vinganças, e mais nada”. É assombrosa a perspicácia e ousadia do escritor em abordar esses temas na época em que viveu. Lima Barreto estava muito à frente de seu tempo. Infelizmente, tudo que o autor critica continua terrivelmente atual.
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Prof. Elisandro Lima 24/05/2020

Isaías Caminha: um poço de humildade e honestidade.
O herói Isaías Caminha, filho de uma humilde mulata, menino inteligente e excelente estudante, sonhava em ser doutro. Aos dezoito anos segue para o Rio de Janeiro,onde se depara com um mundo de aparência, hipocrisia e desonestidade.
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TalesVR 19/04/2020

Literatura Proletária
Embora a literatura proletária só tenha ''oficialmente'' florescido nos anos 30, encaro ''Recordações do Escrivão Isaías Caminha'' de 1908, como um exemplar do estilo. Lima Barreto sempre fala de raça e classe nos seus livros, só não o faz de forma explícita como Jorge Amado fazia, por exemplo.

Isaías Caminha é um garoto do interior que vai tentar a vida no Rio de Janeiro, então capital federal. Logo durante a viagem percebe que a sua cor define como será tratado pela sociedade. Isaías é descrito como ''mulatinho''. Isaías confunde-se muito com o próprio Lima Barreto, por história e por profissão.

Algumas resenhas do próprio Skoob descrevem o personagem principal como ''pessimista'' ou como ''depressivo''. Ora, é um jovem que foi humilhado por anos de sua vida de forma sistemática. Não há flores na parte inicial do livro, somente espinhos. Temos um Isaías que desiste do curso de Medicina e passa a sofrer processos de alienação. Isaías passa a ser um estranho para si mesmo. Afastado dos estudos, se torna um empregado do jornal que trabalha. Não consegue mais ler os livros que lia, não consegue resolver operações matemática, o trabalho lhe basta. Por trás disso há uma grande revolta oculta contra o Estado, contra a Economia, contra o Capital, contra a burguesia. Como disse no começo, o autor não explora de forma direta o tema, mas há ali uma fagulha do que viriam ser os romances proletários.

Como sempre e de forma magistral, Lima Barreto narrando a vida de pretos e pobres no Brasil da primeira metade do século XX. Esse não é o melhor exemplo deles, sugiro ''Clara dos Anjos''.
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Elias.Fernando 28/03/2020

Manchete da desilusão
Buscando uma vida melhor, na cidade do Rio de Janeiro, o jovem Isaías se vê em maus lençóis ao perceber que a cidade grande não é tão bela quanto parece. Por ter alguns contatos com uma boa posição social ele consegue um emprego, após uma boa surra de realidade, depois que a vida aparenta ir melhorando ele nos conta como funcionava o jornal onde ele trabalhava. A história se mistura entre a trajetória pessoal dele e a história do jornal e nesse cenário nós vemos como são as relações da imprensa com a sociedade, como se dão os relacionamentos por interesse, entendemos as ambições que movem as personagens, entre outras coisas que permeiam a redação do jornal. É narrado tudo em primeira pessoa e temos a perspectiva do Isaías sobre a vida, vida essa que não foi aproveitada como deveria.

É uma obra interessante, em muitos momentos podemos refletir sobre o que é ingenuidade, interesse, ego, poder. Podemos observar como o jornal trabalha por conveniência e como sua relação com a política é estreita, chamado o quarto poder em uma passagem do livro. Achei que o livro tem a intenção de dar uma lição moral de como não abandonar os sonhos por ambição, acredito que seja uma lição relevante. Vale a leitura.
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Alex L.S. 20/08/2019

Ótimo
Primeiro livro que li do Lima Barreto. Um intelectual no meio jornalístico conta sua história, sua vida de estudo, e o caos da ignorânciaao seu redor.
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gustavo 08/07/2019

+/-
O romance é bem escrito mas parece que por ser uma obra de estreia o autor ainda confunde o personagem principal consigo mesmo e deixa a escrita um tanto pessoal, tanto é que no último capítulo Isaías fala como se fosse o autor de Clara dos Anjos (1948) de Lima Barreto "Cinco capítulos da minha Clara estão na gaveta; o livro há de sair...".
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