O Amanuense Belmiro

O Amanuense Belmiro Cyro dos Anjos




Resenhas - O Amanuense Belmiro


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Sander.Garcia 30/12/2023

Grata surpresa no fim do ano
Cyro dos Anjos tem uma escrita inspiradora, fluida e com uma profundidade de alma muito atraente e admirável.

Neste livro tenta escrever no estilo memórias, mas, a certa altura, se torna inevitável a chegada necessária de elementos do presente, tornando o livro também um diário.

Mas, o enredo acaba cambando pro romance. De qualquer forma, o livro é um mergulho agradável na intimidade do amanuense Belmiro, seus pensamentos, angústias de já ter 38 anos e não ter arranjado mulher (o que era, no mínimo, estranho nos anos 30, quando Belo Horizonte ainda despontava como uma cidade grande).

Seus afetos eram restritos às irmãs idosas Chica e Emília, com quem morava, alguns amigos de bar, outros da repartição onde trabalha e a atraente Jandira.

Com o tempo, cada um vai seguir caminhos distantes, e ele sofre com a possibilidade de perder seus afetos . Vive a questionar o sentido de sua existência, já que nem na vida profissional se realizou. Precisará encontrar um sentido novo. Tornar-se-á um escritor? Não se julga capaz disso, mas não desiste de fazer anotações em uns cadernos .

No período de 1 ano, na década de 30, escreve quase diariamente. E, nessas linhas, surge uma figura feminina que se torna sua musa inspiradora.. não sabe se é real ou uma imagem em sua cabeça. Esse amor platônico, que ele tenta sufocar, sempre encontra vazão em sua lembrança e vem fazer-lhe companhia.

É uma leitura para deleite, que recomendo!
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sasa 25/02/2023

Eu achei um livro muito bom, ainda mais por trazer um lado meio filosófico. Foi um dos melhores livros que eu já li e com certeza vou ficar pensando nele por um tempo. Muito bom.
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spoiler visualizar
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Thalya 24/10/2020

Um romance introspectivo de 30
Este é um caso considerado particular por muitos estudiosos que generalizam os estudos literários, de um romance introspectivo. Embora existam muitos romances da década de 30, esquecidos por focarem suas narrativas em adentrar na mente turbulenta dos personagens, grande parte dos estudos os relegam a secundários para dar maior visibilidade a romances chamados de sociais. Mas, felizmente, o romance "O Amanuense Belmiro" não entra nesse hall de esquecíveis.

Belmiro, protagonista desse romance, uma espécie de diário, é um homem sem perspectiva, sem grande personalidade e sem grandes vitórias na vida, tal qual muitos personagens de livros dessa década, mas ele encontram um alento ao escrever suas memórias e sentimentos em um caderno. Assim registra uma paixão idealizada, seu dia a dia e suas frustrações. Por não ter um contato mais próximo com a realidade, não a vivenciando completamente, Belmiro idealiza uma mulher que vê pouquíssimo e não consegue viver seu momento político e histórico.

É um livro parecido em alguns aspectos com "Angústia" de Graciliano Ramos, porém não consegue fazer um aprofundamento como realiza o alagoano.
Ainda assim é relevante para observar como a memória e as lembranças constroem a maneira do narrador-personagem observar o mundo, bem enfatizado Antonio Candido no prefácio.
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Pedróviz 09/09/2020

De acordo com a vida
Obra única de Cyro dos Anjos, O Amanuense Belmiro é um livro feito de capítulos curtos, como um diário, onde são descritas as inquietações do protagonista. Suas características peculiares colocam essa obra no cânone da literatura consagrada. Tem todo o apelo que teria uma obra machadiana, mas com mais brilho, mais otimismo. Fico a pensar se Cyro dos Anjos manteria o mesmo estilo se continuasse escrevendo.
É no final, parece, que os livros se definem. O desfecho revela, de fato, ao que o livro veio. Assim, no caso de O Amanuense Belmiro, ao final do livro, é como se personagem - autor chegasse a um acordo com a vida. Isso é uma experiência literária ímpar.
Um livro que merece suas cinco estrelas, com louvor.
Moacir 03/03/2021minha estante
Pedro,
para que possas ter a resposta "se Cyro dos Anjos manteria o mesmo estilo caso continuasse escrevendo", informo-lhe que ele possui, ao menos, outros três livros além de O Amanuense Belmiro, a saber:

1. Abdias
2. Montanha
3. A menina do sobrado.

Os que eu tenho são todos da editora Garnier e estão em volume único.

Boas leituras.




Valério 14/07/2020

Delícia de leitura
Embora seja um livro pouco conhecido, vale muito a pena a leitura. Desses livros que nos deixa encucados sobre como não se tornou um dos grandes clássicos da literatura nacional.
Um triângulo (ou seria quadrado?) amoroso e platônico é o pano de fundo, em um estiloso delicioso. Belo horizonte do início do século passado é o cenário.
Desses livros que nao podemos passar uma vida sem ler.
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regifreitas 28/10/2019

O AMANUENSE BELMIRO (1937), de Cyro dos Anjos.

Esta, que é considerada a obra-prima do mineiro Cyro dos Anjos, teve sua origem em crônicas publicadas pelo autor no jornal A Tribuna, a partir do ano de 1933. Mas, foi em 1937, que ela ganhou a formato atual, em sua edição definitiva.

Estruturado na forma de diário íntimo, abarcando o período que vai do Carnaval de 1935 até um pouco depois da mesma data no ano seguinte, o livro narra os acontecimentos cotidianos na vida de Belmiro Borba, solteiro, de 38 anos, o amanuense (espécie de funcionário público) do título. Belmiro exerce sua função na seção de Fomento Animal, da Secretaria de Agricultura, em Belo Horizonte, em uma rotina burocrática e banal, onde o pouco trabalho acaba deixando espaço para o muito pensar e refletir sobre sua vida, passada e presente.

O livro não narra acontecimentos surpreendentes, apenas o dia a dia vulgar e ordinário desse homem, bem como seu relacionamento com as irmãs mais velhas e um grupo pequeno e heterogêneo de amigos. Tímido e romântico, embora também irônico e cético em muito momentos, Belmiro demonstra pouca atitude em relação à própria vida. Perde-se em fantasias e sonhos aos quais não tem coragem ou disposição para tornar realidade.

Creio que seja um livro para um público restrito, que não se incomode com a pouca ação do enredo. Embora essa inatividade tenha uma razão de ser, pois ela é o reflexo perfeito do seu narrador, isso pode aborrecer alguns leitores. O texto de Cyro dos Anjos também, embora muito bonito, de um português impecável, poderá soar meio ultrapassado para quem não está habituado com obra mais clássicas.

Mas o que incomodou mesmo nem diz respeito à obra sem si: foi o excesso de erros de revisão que encontrei durante a leitura. Acho isso um descuido imperdoável em uma editora do porte da Biblioteca Azul (Globo Livros). Pior: em uma edição comemorativa do centenário do nascimento do autor.
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Franco 19/01/2019

Pra onde, Belmiro?
Atrás da narrativa em primeira pessoa de diversos acontecimentos (alguns mais curtos do que outros), vamos acompanhado um personagem em crise. Não uma crise violenta, mas uma crise calma, calada e muito poética.

E aí é que está o centro do livro: sua sensibilidade. É um livro sensível, e tão sensível que, talvez, afaste aqueles que não partilhem (ou já tenham partilhado) da vibe do protagonista Belmiro. E que vibe é esta? A nostalgia um tanto melancólica sobre a vida e o seu desenrolar.

Situado numa desconfortável posição entre o passado dourado e o presente insosso (quem nunca, né?), Belmiro vai buscando algo, um sentido que seja, mesmo que através da idealização de uma paixão/mulher (de novo: quem nunca, né?).

Política, trabalho, família: é preciso se agarrar, mas onde? Como? Belmiro vê os galhos, mas a nenhum consegue se fixar. A vida lhe passa aos olhos, rápida, e nada.

Contudo, um dos méritos do livro (e também sua camuflagem) é que essa mensagem bastante existencial e depressiva vem diluída. O autor escreve com humor, com algumas tiradas sarcásticas, e consegue (pela escrita em primeira pessoa) transformar Belmiro num sujeito divertido de se ler.

Ao mesmo tempo, a história que às vezes parece rodar a esmo aqui e ali, ao final, se mostra plena de sentido e absolutamente coerente.

Favoritado.
Thiago 03/02/2019minha estante
Livro maravilhoso!




Arthur 24/11/2018

Uma obra prima
Livro que marca o requinte da genialidade. Para mim um livro simples alcançado por um mente brilhante. Foi um livro para ser degustado, até por vezes enfadonho nos modos (antigos) e melhor lido com parcimônia. Ao acabar a leitura o espírito fica elevado, aquela leitura leve e que quando acaba se sente falta das personagens como se sente falta dos amigos.
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Henrique Fendrich 03/11/2017

A inspiração no Machado de Assis chega a ser gritante e isso me incomodou bastante. Mas o livro não é de todo mal, embora eu prefira, nessa estratégia de um personagem apagado escrever suas memórias, "O braço direito" do Otto Lara Resende.
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Nessa 21/06/2016

Bibliografias
Nesta deliciosa obra de Cyro dos Anjos, encontramos um amanuense que usa da escrita como canal para seus pensamentos. A narrativa começa de forma quase que aleatória, a história já está em andamento e acaba sem um fim, trata-se apenas de um recorte não linear da vida de Belmiro.
O personagem é um belo-horizontino como muitos daquela época, não quis seguir no interior e decidiu arriscar como um intelectual na cidade grande. Pude sintetizar a sua vida da seguinte forma: sempre que estiver a vagar sobre diversos problemas, pare e tome um chopp. Os chopps gelados sempre resolvem as coisas
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Joana 04/06/2016

Cyros dos Anjos e um certo "existencialismo" à mineira. Livro que tem um dos inícios mais citados da literatura brasileira. Voilà: "Ali pelo oitavo chope, chegamos à conclusão de que todos os problemas eram insolúveis. Florêncio propôs, então, um nono, argumentando que outro copo talvez trouxesse a solução geral."
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Túlio 23/03/2016

Em poucas palavras
Para resumir: Nostálgico, Lírico, Melancólico, no entanto sutil e sensível. Enfim, um ótimo livro!
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