Ercília 28/06/2023
"O homem pôs o chapéu e saiu. A mulher pegou a sombrinha e saiu, que antiguidade! Usava-se muito sombrinha e chapéu. Padre ainda adora guarda-chuva, resquício quase canônico das batinas de antigamente. Quando nos casamos, Abel tinha um sobretudo e um chapéu do mesmo tecido, composição alinhada, muito bonita, virava um artista vestido pra me matar. Não tenho um retrato dele com a roupa. Onde foi parar? Com certeza deu para algum pobre, por influência minha, que só agora me dou conta de minha enorme pobreza. Tantas coisas gostaria de recuperar, a aliança de minha mãe, um anel fino ? oitavado, como dizia o pai ?, um cordãozinho com um pingente em forma de livro, um brilhantinho na capa, um anel que meu avô me recomendou derreter e fazer o anel de formatura. Chega a doer. Preciso curar-me, colocar meus tesouros em outro lugar."
Esse livro é um pequeno e humilde presente. Parece uma avó contando histórias e escrevendo um diário. Foi uma honra encontrá-lo e lê-lo. Fica o lembrete para honrarmos com carinho os idosos, suas memórias e legados. Vamos falar com nossos sotaques e trejeitos regionais, cuidar de plantinhas e fazer tapetinhos de retalho como eles!