Sofia 28/12/2022
Baseado em pessoas reais, o livro é narrado por três diferentes perspectivas durante a 2ª Guerra Mundial em Nova Iorque, na Polônia, na Alemanha e um pouco na França: Caroline é uma filantropa que trabalha no Consulado francês, Herta é uma médica que vai trabalhar no campo de concentração de Ravensbrück e Kasia é uma jovem que se envolve com a resistência e é levada para o mesmo campo juntamente com sua mãe Halina e sua irmã Zuzanna. Herta era responsável por realizar experimentos em prisioneiras (as Coelhas), incluindo as irmãs protagonistas, enquanto Caroline passou a trabalhar colhendo informações sobre campos de concentração. Kasia conseguiu ter contato com o pai fora do campo, o que permitiu que equipes de salvamento fossem enviadas. Ao passo que a médica fugiu e foi condenada, Caroline foi à França ajudar seu namorado, ex-prisioneiro dos campos de concentração, a encontrar sua filha perdida, onde soube do campo de Ravensbrück e foi em busca de ajudar as mulheres para um melhor atendimento médico nos EUA. Com isso, Kasia, Zuzanna e Caroline viraram amigas e, ao descobrirem que Herta tinha sido libertada bem antes do estabelecido e possuía um consultório na Alemanha, a denunciaram.
O livro, diferente de outros que já li sobre o assunto, retrata a vida das personagens antes e depois do período da Guerra, mostrando que, mesmo após o fim, as dificuldades na Europa continuavam presentes: não havia auxílio para as mulheres, o governo russo era muito rigoroso, entre outras coisas. As três perspectivas diferentes – a oprimida, a opressora e a que via tudo de longe – proporciona uma visão bem mais ampla sobre o período. A prisioneira que perdeu sua juventude e leva suas consequências para o resto da vida nos menores detalhes, a médica insensível que foi levada pelas propagandas do governo e a filantropa que se preocupava e tentava ajudar, mas que, ao mesmo tempo, parecia que, na alta sociedade de Nova Iorque, aquilo não estava acontecendo, visto as festas e bailes promovidos. As informações e descrições sobre os locais, as sensações e os procedimentos são muito reais e complementaram bastante o que já havia lido sobre o assunto. Demora bastante para de fato ocorrer uma conexão entre as três histórias, principalmente com Caroline, nos EUA – que, no fim, é muito bem feita –, mas acredito que retrate justamente esse abismo entre os dois locais e estilos de vida, mesmo que na mesma época. Sobre o final, queria que Herta tivesse cumprido sua detenção, claro, mas o livro é baseado em pessoas e histórias reais, e foi o que aconteceu com muitos dos responsáveis pelo holocausto. Apesar disso, gostei muito que, no fim, Kasia tenha conseguido colocar um ponto final na aceitação da morte da mãe, após a conversa com Herta, fechando esse ciclo e a libertando para uma maior conexão com sua família.