a.bookaholic 26/01/2018
"Nenhuma de nós sabia como estávamos erradas naquela manhã quando saímos do trem e mergulhamos no inferno."
Mulheres Sem Nome é uma ficção histórica que se passa durante e após a Segunda Guerra Mundial. Baseada em fatos reais, autora Martha Hall Kelly retratou a vida de mulheres que realmente existiram, principalmente Caroline Ferriday. Nas palavras da autora: "Caroline foi uma verdadeira heroína, com uma vida fascinante. Uma ex-debutante e atriz da Broadway que galvanizou os Estados Unidos cansados do pós-guerra e dedicou a vida a ajudar mulheres que outras pessoas haviam esquecido."
Outra das protagonistas foi Herta Oberheuser, uma médica alemã, também real. Herta foi médica no campo de concentração Ravensbrück, no qual realizou cirurgias grotescas. Buscando simular ferimentos de guerra, a equipe médica selecionou 75 mulheres saudáveis, nas quais foram inseridos em suas pernas pedaços de vidro, madeira, barro e outros componentes, para que seus efeitos fossem estudados. As vítimas ficaram conhecidas como Coelhas, tanto por precisarem andar pulando pelo campo por causa de uma de suas pernas inutilizadas, quanto por terem sido cobaias de laboratório.
Por último, temos Kasia e sua irmã Zuzanna que, apesar de serem personagens de ficção, foram baseadas nas irmãs Nina Iwanska e Krystyna. Elas são polonesas enviadas a Ravensbrück e submetidas às cirurgias.
É impressionante a riqueza de detalhes históricos desse livro, alguns dos quais totalmente desconhecidos por mim (e olha que já li uma porrada de livros da Segunda Guerra Mundial).
Uma coisa que eu já havia lido em outros livros é que apenas uma pequena parcela de pessoas de fato sabiam o que acontecia dentro dos campos de concentração. Campos de prisioneiros de guerra era algo que já existia, porém, Hitler os transformou em fábricas de mortes, e isso demorou se tornar de conhecimento público. Até mesmo quando alguém do partido começava trabalhar lá dentro, era preciso assinar um termo de confidencialidade. E quem entrasse nisso, não poderia sair.
Através de Kasia, pude conhecer a realidade que os civis poloneses viveram. Crianças com aparência ariana eram sequestradas e suas mães mortas. Como pessoas ao acaso eram sequestradas para trabalharem para famílias alemãs. E também a realidade polonesa depois da guerra: basicamente, saíram das mãos de um tirano, Hitler, e caíram nas mãos de outro, Stalin. A Alemanha Ocidental não reconheceu a Polônia comunista como um país, portanto, não deu nenhum auxílio às sobreviventes dos campos.
Herta, apesar da graduação em medicina, de se formar como a segunda melhor da turma e querer trabalhar com cirurgia, só poderia trabalhar com dermatologia. O Partido nazista defendia que o lugar de mulheres era em casa cuidando dos filhos. Na universidade, por ser mulher, ela teve que fazer aulas de costura. A Liga das Moças Alemãs era incentivada a manter casos com os rapazes da Juventude Hitlerista e, caso engravidassem, elas não seriam rechaçadas por não serem casadas como acontecia na época, pelo contrário; seriam acolhidas por estarem gerando um "alemão puro".
O livro possui quase 500 páginas, mas que passam voando! A história flui tão bem, tem tanto conteúdo e é tão emocionante... Favoritadíssimo!
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