@poesia.as.claras 08/07/2018
Suicida
Suicida
Pra cada lágrima que derramei, marquei uma página de azul
É domingo e começo a ler já chorando
Gosto de pensar que morrer acontece num suspiro só, e o renascer também.
Ler esse livro, foi como renascer num dia de profunda depressão, num suspiro só, tal como a leitura.
Termino de ler soluçando, abraçada a paginas molhadas e já sem vida.
"Eu não quero morrer" sussurro, "e nem quero que ela morra" eu mesma respondo num soluço.
Queria poder resenhar esse livro feito adulta que sou, mas choro forte e desesperadamente como uma criança.
Me apaguei a personagens que sabia que teriam seu fim em breve, me apaguei a própria Morte, que no livro é Deusa dos novos caminhos e amante da Vida.
Me apeguei a Angelina, a Otávio, Heloísa e Lunna, Eloah, Dante e o inferno que cada um vivia. Acima de tudo, me apaguei a ideia de viver o que nenhum deles podia, o agora.
O tempo, tal como a Morte, é inexorável. Nenhum dos momentos do passado em que pensei em me suicidar, voltam. Já são lembranças imutáveis, inalteráveis de próprio modo.
Fico agora com pensamentos que se assemelham a flores e guardo Angelina perto de Alaska, as duas suicidas que me ensinaram a viver.
Escrevo palavras desconexas e não me atento o suficiente as frases, mas simplesmente sinto a necessidade de guardar cada lágrima numa palavra própria.
É raro eu ler quando estou deprimida, mas hoje confiei no Autor e amigo Felipe Saraiça pra me dar um motivo. Só um que fosse, pra não querer o suicídio.
Até hoje me questionava porque ainda não tinha lido esse livro e agora percebo que, ou guiada por intuição ou por uma mão invisível, guardei essas 188 paginas pra um momento de desespero. As guardei quase como se já soubesse que me salvariam um dia.
De olhos inchados e rosto vermelho, contemplo na capa um rosto feminino divino, que graças a muito, muito, só espero encontrar depois de idosa.
Deixo aqui meu agradecimento, nem tão discreto e nem tão adulto, por mais um livro que escolho dizer, não que marcou a minha vida, mas que a salvou.
Ainda é domingo, o dia em que mais suicídios são cometidos. Não o meu, eu prometo. Prometo também ser gentil e ter coragem, coisas que a Vida exige de nós.
"E se eu chorar pétalas ao vento
E se a vir não por mais que um momento
Frágil feito bailarina, vou abraçá-la
Lavar seus pulsos cortados
Mesmo que com minhas lágrimas
E prometer um dia melhor
Como o que eu sei que vem amanhã"