Lara Moreira 31/08/2019Leitura Fundamental!“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisamos aprender e, se podem aprender a odiar, podem aprender a amar.” Nelson Mandela traz esse pensamento que me enche de esperança. Há um grande desconforto ao saber que o preconceito e o racismo são vivenciados por muitos diariamente, pois os debates e as reflexões sobre as relações raciais ainda são de pouco alcance social. Esse livro é uma junção de diversos artigos construídos para um trabalho conjunto com alunos e professores no Departamento de Psicanálise , cujo o foco era debater o racismo nas situações e vivências dentro da psicanálise, pois não existia, até então, um espaco para esses questionamentos, nem troca de experiências sobre como proceder em determinados casos que o paciente relata sofrer preconceitos e até quando este é o que propaga violência.
Confesso que é um livro extenso e que merece diversas pausas para estudo e reflexão, já que levanta bastante revolta devido à riqueza de relatos e claro, a dureza em conhecer a dor e a injustiça que muitos sofrem. Nessa leitura encontrei muitas respostas sobre o lugar de fala, sobre o movimento negro, sobre a importância de apoiar os negros nessa luta e em como no nosso discurso diário podemos desconstruir esse racismo, diversas vezes, silenciado pelos grupos, mas que machuca e causa danos irreversíveis a saúde mental. Há uma análise belíssima sobre a necessidade da representação negra, a urgente inserção de imagens e a conquista do espaço em sociedade, iniciada com as ações afirmativas, mas que precisam ser ampliadas para que essa desigualdade seja minimizada. Ainda há muito o que se discutir e expor para que tais atitudes sejam erradicadas, bem como a sociedade reflita e modifique essa “cultura enraizada”, já desnecessária e extremamente violenta. É fundamental que existam trabalho multiprofissional: a psicologia, sociologia, antropologia, psicanálise, psicofarmacologia, educação, e as áreas da saúde no geral busquem conhecer, compreender e agir no contexto psicossocial do racismo, de maneira empática e humanizada.
📖“Viver as relações, conscientizar-se, refleti-las, deixar-se tocar pelas aproximações do outro diferente, no sentido daquele que difere de si, traz coragem para a percepção de si e do outro e também para saber das consequências de serem desconhecidas tais aproximações. São hesites que denunciam o desconforto, incertezas do que vira, mas que nos parecem ser dívidas essenciais da própria vida.”(pág.293)
📖“Que espaços ocupam brancos e negros na sociedade brasileira? A maioria dos brasileiros se sente uma ilha de democracia racial cercada de racistas por todos os lados, o racismo está nos outros. Oficialmente, o Brasil reconhece e condena o racismo mas, no ramo privado, da intimidade, onde o racismo prevalece, ele é usualmente negado.”(pág.255)
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