marcos julio 12/10/2020Dois homens apaixonados.Li a primeira vez este livro nos anos 80, na edição da editora Brasiliense. Voltei a tomá-lo esse mês de outubro de 2020 motivado por um curso que estava fazendo sobre Hitchcock. E o fascínio do texto continua o mesmo. A conversa dos dois grandes cineastas nos mostra não só a construção de um filme, o que é fazer cinema, mas também o que é de fato contar uma história por meio de imagens em movimento. Paixão talvez seja a palavra chave que une Truffaut e Hitchcock. Paixão pela arte, pelo ser humano, por suas emoções e anseios.
É fascinante como Hitchcock aponta tanto as qualidades quanto os defeitos de seus filmes, fazendo um balanço de sua carreira que começa nos anos vinte, em filmes mudos na Inglaterra e passa ao sonoro, depois se muda à meca do cinema, Hollywood, passa ao cinema em cores, experimenta a televisão, experimenta gêneros, experimenta formas, sempre buscando o novo, nunca se repetindo, jovem e bem pouco acomodado.
A edição da Brasiliense, no entanto, não foi das melhores, Há várias problemas com o texto e com a tradição que muitas vezes chega a incomodar. Não conheço a da Cia das Letras mas, acredito que tenha resolvido todos esses problemas. Mas ela me lembra um pouco também os filmes de Hitchcock, obras primas às vezes impuras.
Obrigatório para quem se interessa por cinema além do banal que hoje impera, só decepciona um pouco pelo fato de que vemos o cineasta Alfred Hitchcock mas o homem parece não querer mostrar-se, que talvez diga que sua obra baste.