Nae. 11/05/2023
Sobre Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída...:
Não sei exatamente como começar a falar sobre esse livro. Eu literalmente terminei ele nesse exato momento e estou completamente sem palavras, só... uau.
Diferente de muitas pessoas (creio eu), tive meu primeiro contato com a história da Christiane só a algumas semanas atrás, talvez a um ou dois meses atrás, antes disso eu nunca tinha ouvido falar dela ou sobre qualquer coisa referente a ela. Esse meu primeiro contato veio através de um podcast que amo muito, o episódio que é justamente sobre a história da Christiane eu escutei três vezes. A mais ou menos uma semana atrás finalmente assisti ao filme. É um filme bem cru, acho que não tem outra palavra para defini-lo que não seja essa e também "nojento". Sério, é um filme que fede e ao mesmo tempo tem uma filmagem linda, é super atual mesmo sendo super antigo, assim como esse livro também. Eu simplesmente me viciei na Christiane, na história dela e em tudo que a envolvia depois que assisti o filme, precisava ler o livro então fui atrás disso.
O filme me deixou somente angustiada, o livro me deixou angustiada, desesperada, ansiosa, triste e em alguns poucos momentos me trouxe certa felicidade, por exemplo, nos momentos em que ela narra a vida que gostaria de ter se conseguisse se livrar da heroína, todos os sonhos que ela teve com o Detlet e etc. Sinceramente, esse livro é quase como uma grande denúncia de uma grande negligência em massa que aconteceu em Berlim nos anos 70/80. Não existe outra palavra para usar que não seja "negligência".
Negligência com as crianças.
Negligência com os viciados.
Negligência com os ex viciados ou que estão passando pelo processo de desintoxicação.
Negligência com TUDO. COM TUDO MESMO.
É desesperador ler os depoimentos da mãe da Christiane, ver o quanto ela lutou e o quanto foi ignorada pelos órgãos públicos. É desesperador ler sobre as tentativas da Christiane de se desintoxicar, principalmente as tentativas em que ela de certa forma tentou receber ajuda de "profissionais" e recebeu uma ajuda totalmente errada. É desesperador ler o final com a em Hamburgo tentando se manter limpa, tentando se reerguer, tentando estudar e ate isso a sendo negado por causa do passado dela, pelo amor de deus!!!!!! esse livro é inteiramente desesperador (a parte das fotos... ver ela perdendo todos os amigos para a droga... a Babsi...) e eu amei, se tornou um dos meus favoritos, eu com certeza planejo reler em algum momento e nunca, nunca mesmo, vou me esquecer dele.
Para finalizar, gostaria de deixar nessa resenha uma parte da carta de Livia S. dirigida a assistente social pedindo que arranjasse alguma forma para que ela fizesse terapia. Essa parte sobre a Livia está na sequência de fotos no livro e me pegou muito quando eu li (a Livia começou a se picar, no caso injetar heroína, quando tinha 15 anos e morreu aos 18 em um banheiro público): "Mais uma vez lhe peço, pois estou morrendo aos poucos. Peço-lhe sua ajuda, gostaria de ser uma pessoa sadia e trabalhadora"
Falharam demais com a Christiane e com a geração dela em Berlim.