Marcos Nandi 15/05/2023
Primeiro livro que leio sobre o Getúlio, o presidente que mais tempo ficou no poder no Brasil (1930 até 1945 e depois 1951 até sua morte), até então só havia lido livros de ficção ou biografias de personalidades que viveram na era vargas (Carmem Miranda, Nelson Rodrigues, Chatô, etc)
Nascido em abril de 1882 em São Borja, Rio grande do Sul, e criado em uma família tradicional e militar, Getúlio esteve a frente de uma ditadura, do estado novo, e depois foi eleito de forma democrática. Começou sua vida profissional como militar, se formou em direito, foi nomeado como promotor público, e já com certa influência, conseguiu ser deputado estadual e depois federal.
Um líder populista, que flertou com o nazifascismo, mas ao mesmo tempo, fez coisas boas pelo país como a luta pelo petróleo, e fortaleceu a indentidade do brasileiro, já que diferente de 64, seu governo não tratavam intelectuais com desdém e animosidade.
Tanto que, a semana da arte moderna teve nascimento nessa época, e os artistas eram tido como "comunistas"não foram tão perseguidos, como o caso de Graciliano Ramos que continuou a ser cronista em jornais.
Na biografia do Ruy Castro, sobre a Carmem Miranda, o biógrafo diz que a Getúlio ficou marcado pela proteção dos nossos artistas em detrimento de artistas gringos.
Getúlio teve grande influência na revolução de 30, que depôs o então presidente Washington Luís, que antes da alegação de fraude, já inflava o ódio a não escolher para seu sucessor um candidato a presidente um candidato mineiro, ferindo assim, o pacto do café com leite.
Com isso, formou-se, uma aliança (aliança liberal) entre Minas, Paraíba (terra do vice presidente do Getúlio) e Rio Grande do Sul.
A morte de João Pessoa (o vice) por um opositor político, foi o estopim da revolução.
Assumindo a junta provisória, Getúlio mandou opositores para o exílio, reformou (tirando ministros) do STF, fundou ministérios como o da saúde e do trabalho. Conseguiu tirar o Brasil da crise do café (o produto mais exportado do país que foi perdendo espaço pro algodão), cortou despesas, e renegociou a dívida interna. Ainda em 1934, instituiu o voto feminino.
Em 1937, Getúlio toma o poder com base na suposta ameaça comunista oriunda do plano Cohen, que foi um documento forjado que dizia que o comunismo iria invadir o Brasil. Com isso, nasce a CF polaca. Extremamente ditatorial e fascita.
Com o tempo, o estado novo, começou a cair. Carlos Lacerda inflou sua renúncia, e o povo também começava a ficar insatisfeitos. Sendo assim, Getúlio sofreu um golpe. Mas logo em seguida, conseguiu se eleger como senador pelo seu estado de nascimento e em 1951, voltou como presidente democraticamente eleito.
Como senador, ele raramente comparecia nas reuniões. E foi o único senador a não votar na constituinte de 1946. Mas como acentuado pelo autor do livro, sua carreira como senador, foi mais como um medidor de popularidade
No seu segundo governo, começou a sofrer pressões para renuncia devido a alta da inflação e por causa do atentando a Jorge Lacerda e morte do Major Rubens Vaz. Como todos sabem, o término do seu governo, terminou com seu suicídio.
É um livro bem curto, minha edição tem umas 110 páginas. Mas vale muito a leitura, é repleto de informações interessantes, muito embasadas e imparciais.
Getúlio foi um presidente contraditório, estimulou a indústria de base, em seu governo foram criados a Petrobrás, a companhia siderúrgica, a vale, o IBGE,e obviamente, seu maiot legado, a CLT.
Claro que tanto a CLT e a participação na segunda guerra contra o eixo, não foram realizadas por amor. A CLT foi para agradar os movimentos sindicais e as massas trabalhadoras e a participação da guerra, para conseguir dinheiro e apoio dos EUA.
É um personagem interessante. Vale a leitura.