Craotchky 20/06/2015Escritor, Personagem, Rei🌹
"Você sabe - disse King -, não sou muito bom para contar histórias. Parece um paradoxo, mas não é; é por essa razão que as escrevo."
Não sei exatamente onde vi, ouvi, ou li que Stephen King criou a ambiciosa história da Torre não apenas para ser sua maior, sua obra épica, seu Senhor dos Anéis; ele também queria ter um universo seu, com suas características, um mundo que seguisse suas diretrizes (ou a falta delas). Entretanto ele desejava também um universo inteiramente seu, onde poderia mergulhar, onde poderia encontrar refúgio quando lhe fosse necessário, onde sempre poderia visitar velhos conhecidos e, possivelmente, encontrar novas histórias.
"Escrever esta história me dá sempre aquela sensação de estar chegando em casa."
(Leves spoilers a seguir; a meu ver, que nada comprometem a leitura.)
Neste sexto volume da série o escritor literalmente entra no seu universo fantástico. Aqui Stephen king é um personagem no próprio livro. Roland, acompanhado de Eddie, em sua eterna busca à Torre, vê-se obrigado a visitar um certo escritor em 1977. Sinceramente não sei expressar o quão fascinante e prazeroso foi ler a participação do personagem Stephen King no livro. Já assisti inúmeras entrevistas do Mestre e facilmente imaginei-o. Engraçado como essa parte me pareceu a mais plausível de todas pois parece muito natural, e os diálogos são impecáveis.
"Roland parou derrapando na areia. Ele e Stephen King se entreolharam."
Espantoso como ele descreve bem a si mesmo, discorrendo sobre sua aparência física, seus maneirismos e, até mesmo, uma pincelada no seu vício por bebida alcoólica. A interação dele com seus próprios personagens, sobretudo Roland (já que o SK de 1977 ainda não havia escrito a parte de Eddie), é algo que difícil é de descrever. Ele inclusive fala de uma possível semelhança com o último pistoleiro...
"Era alto e tão pálido quanto Roland. Eddie não chegou a se espantar quando reparou como Stephen King era parecido com Roland. Dada a diferença de idade ninguém jamais os consideraria gêmeos, mas talvez pai e filho. Sim. Facilmente."
A partir do momento em que Roland hipnotiza seu criador, e a confabulação que se segue... Bom, deve ter sido uma espécie de catarse para SK. Essa parte é cheia de passagens marcantes...
Em suma, o livro inteiro é excelente, em nenhuma parte foi fatigante a leitura (ao contrário do livro anterior). A canção de Susannah é um dos melhores da série, perdendo apenas para Mago e Vidro. É um livro essencial e como todos, cumpre seu papel, contribuindo para o todo. Acho que os sete livros formam um poderoso ka-tet; nenhum é dispensável. Mas calma, ainda não acabou. A Torre está chamando. Você consegue ouvir?
E se você que já leu esse volume me disser que essa resenha acabou sendo de apenas um capítulo (capítulo O escritor) e não do livro, eu lhe direi: Você diz a verdade sai, e eu agradeço.
"Quanto a você, Leitor Fiel...Mais uma volta do caminho e chegaremos à clareira."