livrodebolso 14/10/2019
No meu braço, bem no bíceps, eu tatuei a frase: "Yes, I can", e quando me perguntam o significado, e em seguida, "pode o que?", meu orgulho maior sempre foi responder "o que eu quiser!". Entretanto, após a leitura de devastadora obra, acredito que terei de acrescentar algo como: "quando pensamos que podemos decidir entre duas coisas distintas, na verdade, o simples fato de estarmos escolhendo uma e excluindo outra, já determina que não temos o arbítrio tão livre quanto pensamos, veja bem: você nunca poderá escolher as duas opções ao mesmo tempo.
Além da falta de liberdade física da qual dispomos, que é facilmente identificável, sofremos a falta de liberdade moral, visto que tudo que decidimos e tudo que pensamos, depende de quem somos enquanto indivíduos, de nosso ser primordial.
A obra foi escrita em 1838 e enviada por Schopenhauer à Academia Real da Noruega; o impacto dela na filosofia no geral é conhecido, mas nunca um ensaio será tão perfeitamente encaixado ao século XXI quanto este: quando fala sobre volição (de volo no Latim), o desejo que sentimos, o autor deixa claro que a reação de desejo necessita de uma ação que é a motivação. Este motivo é bastante claro hoje, com a exposição aos estímulos de consumo e sensações que sofremos minuto a minuto ao longo do dia, e a necessidade de obter, seja lá o que for, que é o objetivo máximo da vida de todo mundo. Mas não é você quem quis querer, você foi condicionado externamente e suas escolhas serão determinadas por suas características internas, mas de maneira limitada, pois profundamente, ninguém é de fato livre.
A literatura do filósofo do pessimismo é dolorida e bastante clara, e parece-se bastante com a do Sidarta, o Buda histórico, se pararmos para pensar que o ato da volição, uma vez não suprido, surtirá em sofrimento, e uma vez suprido, será substituído por outro logo em seguida.
Portanto, a pergunta que lhes faço é: estamos vivendo ou apenas tampando esse buraco cada vez maior que é o consumismo e a falta de autossatisfação?". Não será tão legal, mas ao menos será verdadeiro.