Sam 10/07/2018
Resumo - O que move as paixões
O que Move as Paixões
Amor e outros afetos: não é possível que uma coisa seja igual a outra. Uma coisa que recebe o nome de banana é diferente de outras bananas, e a própria banana com esse nome muda com o tempo, o que a faz ser diferente, então isso de "fidelidade" nesse ponto é impossível. Para Espinosa é vida é felicidade, quando mais felicidade, mais vida, quanto menos felicidade, mais morte. Afeto é a palavra importante desse livro, afeto vem do grego de afecção, ou seja, doença. Coisas como paixão sempre foram tratados como doença por outros povos, e até hoje a ideia de amor pode ser tratado como um afeto, pois afeto é aquilo que tira nossa autonomia, que põe no outro algo que nós controla, que foge do nosso controle.
A Filosofia e o medo das paixões: Se o amor é uma alegria acompanhada de sua causa, não há nenhuma garantia que essa causa seja a verdadeira alegria. Por vezes uma pessoa acha que está apaixonada, mas, na verdade, é toda uma situação que a faz se sentir assim.
Reverência pelos Afetos: o autor dá um exemplo de que os terroristas ficam ainda mais brabos quando os ocidentais os tratam como vítimas. Eles tentam fugir da mesmice ao serem terroristas. A modernidade busca a extrema liberdade do individuo, e isso vai totalmente contra os afetos, pois eles nos prendem. E como não conseguimos fugir deles, temos que ter certa referencia por eles.
Afetos (não) autorizados: é interessante que se espera que numa sociedade apenas com amor não precisaria de instituições. Também nesse capitulo o autor cita que os afetos buscam a autorização social. Por exemplo no caso dos homossexuais, eles buscam situações que os héteros tem (casamento) o que faz os afetos serem considerados "conservadores". Eles citam que o que realmente queremos na verdade não é o que queremos genuinamente, mas são produtos de uma civilização que foi alegrada ou entristecida por milênios, e chegando até nós como "gostos" por certas coisas. No mundo corporativo, os afetos são vistos como artifícios para a produção, temos que controlar as sensações dos empregados para que eles produzam mais. O autor cita que o grande problema de quem é contra o capitalismo é que eles usam suas teorias para ganhar dinheiro, o que torna essas teorias "fetiches" da esquerda. Fetiche no sentido de afeto também. Cita que o bom empresário é aquele que mostra que ninguém deve confiar em você, incluindo você mesmo. Se alguém não o ajudar a saber que você não é de confiança, você vai cair na ilusão de achar que é. Essa é uma visão kafkiana.
Metade da Laranja - A idealização do amor: na pós-modernidade os afetos são criados pelo mercado para que compremos, o que leva a uma vida que as pessoas vão tentar controlar seus afetos. Mas é infantilidade acreditar que uma pessoa terá uma vida perfeita por conseguir controlá-los. Os filmes escandinavos mostram isso, vidas perfeitas mas logo nos eventos que mostram essa situação, as quebras acontecem. O cinema americano vende a ideia de que uma vida apaixonada salva, o que também não é verdade, desde antigamente essa ideia romântica é quebrada. O autor começa citando que a ideia de amor que torna em um é uma mentira, ele cita que a ideia de que existe apenas uma amor na sua vida e o resto é um erro afetivo não é nada do que ele experimentou na vida. Que o amor sempre esta no outro, mesmo no momento máximo do desejo você precisa do outro. O autor cita que um amor que não é amor-apego torna a vida mais insossa. Que os seres humanos buscam algo que não existe, que é a imutabilidade do que amam, essa situação só pode ser alcançada em filosofia cristã, num céu onde todos seremos um só e assim não haverá problemas. Estamos sempre sendo levados a não querer ter afetos. Querer fugir disso, desapego é muito longe do que realmente existe, um amor de verdade sempre parece que está escapando dos nossos dedos.
A Era da Desconfiança: está cada vez difícil demostrar o que sentimos por que demonstrar nossos afetos é demonstrar nossas fragilidades. Frase interessante de Adorno: Há amor quando nos sentimos à vontade para revelar as nossas fragilidades tendo certeza de que o amado não se aproveitará disso para revelar as suas forças. Pondé diz que existe dois projetos no mundo moderno, um é a eliminação dos filhos, e a outra é a eliminação dos afetos, para mim parece que se trata do mesmo efeito. Desconfiamos dos afetos porque eles são ameaças a autonomia. E por consequência fica difícil lidar com alguém. Outro processo é tentar ver afetos como uma questão neurológica, aquela velha conversa, se uma pessoa tomou remédio para ser generosa, ela realmente o é? Sou a pessoa que não subiria numa mesa sóbrio ou aquela que sobe quando bebe? Uma visão racionalista é apresentada de que quando você conhece alguém ela tem infinitas possibilidades de o ser, mas com o tempo você vai percebendo que tipo de atitudes ela pode ter ou não. Voltamos ao fato da fidelidade ser algum temporal.
"Na moral"- O conceito de amor prático: eles citam que generosidade são atitudes simuladas de amor. Cita que o que nos diferencia de animais é tentar entender as pessoas que nos deixam com menos vida espinosamente falando. Vale a pena citar aqui uma parte importante da conversa: queremos sempre uma situação de fidelidade, isso o autor ilustra quando diz que vai sempre a mesma padaria porque o pão é quase sempre igual lá, se o padeiro fizesse diferente ele nunca mais iria. Porém nossa sociedade foi moldada para achar que o novo é sempre algo maravilhoso. Quando se ignora a tradição citando que é apenas o novo que presta, estamos assinando em baixo de uma sociedade que preza pela infidelidade.
Amor em tempos de redes sociais: as pessoas acham que tem direito a tudo, inclusive ser amadas e ouvidas, mas isso é uma mentira não está escrita em nenhum lugar. Pondé problematiza o eu nessa parte e o Clóvis o "te", quando buscamos algo em outra pessoa dizendo eu "te" amo, na verdade estamos amando algo que é nosso nele. E toda vez que essa pessoa mostra o contrario tentamos ignorar ou deixar de lado, e quando nos incomoda muito terminamos. Não podemos menosprezar as redes sociais pois elas produzem um afeto que não existiria se elas não estivessem ali. A rede mostra o que tem de pior nas pessoas mas a situação está parecendo como na escola da filha dele que os professores instalaram câmeras para melhorar o comportamento, ou seja, estão cortando a possibilidade de uma melhora na personalidade das crianças por um ganho de comportamento no presente. Pondé conclui que o processo de emancipação destruiu qualquer possibilidade de autorregulação. Ele cita que Freud adorou Irmãos Karamazov porque é a historia de um patricídio, ou seja, a destruição do representante da norma introjetada. Que qualquer noção de autorregulação é dita pelos inteligentinhos como "a moral imposta pela sociedade". E assim destruindo a vida afetiva.