Felipe Novaes 14/08/2015A história de Myiamoto Musashi desafia a compreensão popular a respeito dos samurais, assim como a própria concepção clássica e tradicional do termo.
Esses homens não eram apenas guerreiros fascinantes e com a perícia lendária na arte de aniquilar o adversário, mas, também, como o termo "samurai" originalmente mostra, eram peritos na arte de servir. Serviam, sobretudo, ao daimyo - cuja versão mais próxima de nós, ocidentais, é o senhor feudal europeu - e ao feudo que juraram defender e se estabelecer.
No entanto, Musashi não era um samurai típico, pelo menos não no sentido de servir a um senhor e jurar viver toda a vida num pedaço de terra. Ele encontrava sua segurança vagando pelas ilhas japonesas, derrotando seus adversários - como de fato ocorreu em suas dezenas de desafios, dos quais saiu invicto. Possuía um enorme desapego das tradições japonesas, como seu cabelo, que se recusava a usar o corte e penteados tradicionais dos guerreiros da época; da mesma forma se dava sua insistência em não se banhar e usar roupas pomposas.
Por outro lado, Musashi possuía uma característica altamente típica dos samurais, mas que nem todos seguiam na prática, que era sua capacidade reflexiva e artística. No Japão, um guerreiro deveria ser duro em combate, mas também ter a inteligência de um erudito e a sensibilidade de um artista.
Toda a sua jornada demasiado humana, no final das contas, é contada de forma um tanto acadêmica, mas ainda assim com instigantes análises e referências, de um jeito fluido e agradável.
Para todo admirador da cultura japonesa e/ou praticante de artes marciais, conhecer a história desse espadachim é obrigatório.