Gabriela 13/04/2024
As vezes, só conseguimos ser o que nos fazem ser
Ao acompanhar a vida dos 8 aos 52, perdi o ar especialmente aos 17. Algumas perdas (que na verdade, são roubos) conseguem nos tirar algo irrecuperável.
E quem somos depois? passamos a viver apenas as consequências do que nos fizeram, sem muita possibilidade ou suficiência de ser alguém diferente, de recuperar o brilho que a vida pode ter.
Ainda assim, podemos encontrar perdas ainda maiores, a perda de um amor que vem como cura, que trás o ar e a vontade de estar.
Ler esse livro é passar por situações banais e cruciais para quem nos tornamos, enxergar uma alma minguar, e depois voltar um pouquinho, só pra minguar definitivamente da próxima vez.
Maternidade pode ser uma penitência, pode ser fria, como uma sensação de segurar o ar por muito tempo, e depois de 18 anos finalmente poder respirar, redescobrir o ar.
Ser mãe como consequência da maior das consequências foi ser retirada do ar, viver no automático, talvez nem estar mais viva.
Encontrar o vento e a vida deles junto me emocionou demais, um amor que pode fazer esquecer um pouco as dores, que trouxe um brilho a anos perdido. Quem tem um vento sabe o quanto esse amor cura, e o quanto essa perda, é perder a vontade de estar.
A leitura é rápida, mas a digestão é lenta.