Mariana Dal Chico 23/09/2021“O peso do pássaro morto” de Aline Bei publicado pela Editora Nós foi o livro vencedor do prêmio São Paulo de Literatura em 2018.
Que porrada!
Respira.
Quantas palavras são necessárias para transcrever a vida de uma garota que, desde muito cedo, é confrontada com a morte e tem sua vida pontuada pela dor e sofrimento?
Uma menina que se transforma em mulher e, diariamente, rasga a mesma ferida que nunca cicatriza.
[…] as pessoas
sabem meu nome, me chamam,
então eu existo ao mesmo tempo que sou
invisível na multidão
[…] p.79
O estilo de escrita da autora não cabe em uma caixinha tradicional de classificação, o mais próximo que consigo chegar é “prosa poética”, mas ainda assim é pouco para abarcar tudo o que a escrita de Aline Bei traz.
Além da escolha precisa das palavras, do de ponto de vista narrativo, a estética dos parágrafos são essenciais para a cadência da leitura e interpretação quase que performática do texto.
Ler seus livros em voz alta, faz toda a diferença na experiência de leitura, a imersão na obra é muito maior.
Finalizei o livro há dois meses e ele ainda reverbera no peito como se eu tivesse lido suas últimas palavras agora, não tenho dúvidas ao dizer que é uma das minhas melhores leituras de 2021. Acredito que junto com “Vidas secas” e “Jude, o obscuro”, está no topo da lista de livros mais tristes que já li na vida – até o momento.
site:
https://www.instagram.com/p/CUFp0mZr26o/