Queria Estar Lendo 26/05/2018
Resenha: Sky in the Deep
Sky in the Deep é o primeiro livro de Adrienne Young publicado, com eARC cedido para resenha através do NetGalley. Uma história sobre amor e luto e traição, inspirada na cultura viking.
Eelyn tem dezessete anos, e desde os onze luta ao lado do seu clã, os Aska, contra os Riki, durante a temporada de luta. A guerra entre os dois clãs é antiga, e a cada cinco anos, Aska e Riki se encontram nos campos de batalhas para guerrearem em nome dos seus deuses, Sigr e Thora respectivamente.
Ela treinou a vida inteira para ser uma guerreira e vive para a batalha, é feroz e destemida, mas também vive em luto pela morte da mãe, quando era apenas uma criança, e pela morte do irmão, cinco anos atrás, durante a sua primeira temporada de luta.
"Vegr yfir fjor". Honra acima da vida."
Por isso, quando é salva pelo espírito do irmão em um embate contra os Riki, Eelyn começa a se perguntar se é possível que Iri tenha sobrevivido. Após encontrá-lo mais uma vez durante a batalha, Eelyn persegue o irmão e outro Riki para dentro da floresta, até acabar como prisioneira e descobrir que, de fato, Iri está vivo - e aliado ao inimigo.
Sky in the Deep é o tipo de livro que eu queria ler e nem sabia disso. Adrienne Young criou um mundo inspirado na cultura viking e que guarda uma beleza que eu não consigo descrever. Falar que a história é bonita parece simples demais, mesmo quando a gente realmente mergulha no significado da palavra bonita. É como se os personagens tivessem uma alma, impregnada por suas crenças e pelo mundo que habitam, e pela mudança que chega tão sorrateira.
Acho que se tivesse de usar duas palavras para descrever esse livro, seriam Alma e Beleza.
São tantas cenas completamente belas, que te transportam para dentro da história, que é difícil narrar todas elas, mas vale a pena destacar a cena maravilhosa, lá por 80% da leitura, quando o título se explica e é absolutamente minha cena preferida de todas!
"Honrar ele tinha sido onde eu encontrará minha própria força depois que ele partira."
O começo do livro é um pouco turbulento para a leitura, precisei ler cerca de 10% da história até que ela finalmente começasse e eu conseguisse me conectar com os personagens - o início é muito batalha e explicação de mundo, então você ainda está se situando bastante ali dentro. Mas quando finalmente podemos focar apenas em Eelyn, ela conquista fácil.
Ela é uma guerreira nata, então é feroz e impulsiva e durona, ela prefere a morte a tornar-se uma escrava nas mãos do inimigo e está profundamente abalada pela traição do irmão, o sentimento de luto dentro dela luta com o sentimento de abandono e decepção com o irmão. Eelyn não para de lutar e seu arco de desenvolvimento começa tão logo ela descobre que seu irmão está vivo.
Os Aska, assim como os Riki, viviam de forma simples. Eles viviam todos os seus anos esperando a temporada de luta, que assim como a morte, era a única coisa certa para seus clãs. Os Aska e os Riki são inimigos, assim como seus deuses, e essa é a verdade essencial da vida. Mas quando um Aska se torna um Riki, como fez Iri, as certezas se abalam e Eelyn não pode impedir os questionamentos que surgem.
"Porque estávamos morrendo. Porque era o fim. E no fim, a vida se torna preciosa."
E quanto mais tempo ela passa com os Riki, esperando que a primavera chegue para que finalmente possa fugir de volta para o fjorn, mais ela percebe suas semelhanças, especialmente ao notar que eles podem amar tanto Iri como ela ama.
Além da Eelyn a gente também tem Fiske, o Riki que luta ao lado de seu irmão, Iri, em batalha, que é tão feroz e durão quanto Eelyn, e que ama Iri tanto quanto ela. Para os Riki, os dois rapazes estão ligados pelo espírito, o que torna esse laço tão forte ou mais do que os de sangue. E a forma como os dois começam a se conectar, sob o amor mútuo que nutrem por Iri, passa por vários estágios e segue um arco muito linear e natural.
"Qnd eidr". Eram palavras que eu já tinha escutado antes. Respire fogo."
Os Riki que acolhem Eelyn, Inge e Halvard, são personagens pequenos, mas expansivos, que mostram a ela nada além de respeito e pavimentam o caminho da mudança dela, assim como Myra - sua companheira de batalha Aska - e seu pai, que embora apareçam pouco na história, estão constantemente nos pensamentos da personagem, moldando suas atitudes em relação a sua situação e a do irmão.
"Eu era o passado que Iri tinha deixado para trás. Eu era aquilo contra o qual ela deveria estar rezando."
A forma como Adrienne Young nos apresenta o mundo, também, é bastante natural. Conforme as cenas se desenrolam, conhecemos mais desse mundo vasto e rico, tão cheio de possibilidades e beleza e espaço para crescimento. É empolgante e sei que vem um companion por aí que mal posso esperar para ler.
Dito tudo isso, no entanto, preciso ressaltar que o final deixou um pouco a desejar. Foi uma boa forma de finalizar a história, sim, mas quando percebi que tinhamos chegado em 90% da história e a batalha final ainda estava por acontecer, assim como a resolução dos conflitos pessoais e entre clãs, eu não sabia como a autora conseguiria terminar a história de forma satisfatória, e de fato foi isso que aconteceu.
Apesar de terminar bem a história, ela foi apressada, e sinto que com mais 50 ou 70 páginas, não precisaríamos passar correndo por acontecimentos que tanto esperamos ao longo do livro, ou finalizar conflitos tão importantes de formas tão simples.
"Estar de volta na linha de frente com ela era como voltar para casa. Uma casa que nunca seria queimada ou quebrada."
Porém, não deixo que o fim estrague o que foi uma das minhas leituras preferidas do ano. Sky in the Deep é belo, eletrizante e impossível de largar. Seus personagens são completos, motivados e cheios de espírito, e sua história bem poderia ser uma lenda sobre amor, luto, coragem e a vida.
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