Dudi 22/01/2022Seguimos com um relacionamento abusivo....Lendo as resenhas aqui no skoob tanto do primeiro quanto do segundo livro, percebi que muitas pessoas têm a mesma percepção que a minha: essa saga romantiza o abuso. Ele fala que agressões físicas não são legais, mas que controle e agressões psicológicas são demonstrações de amor válidas. Agredir terceiros por ciúmes também é algo válido - Chase basicamente enforca o cabeleireiro porque ele está sozinho com Gigi no quarto e porque escuta ele dizendo algo do tipo “não deixe ninguém encostar em você” (se referindo ao cabelo dela) e o cara já parte para a agressão!
Essa (infelizmente) não foi a única cena desse tipo. Gigi passa por uma situação traumática e decide encontrar seu psicólogo. Chase vai junto e dá um show total! Ele reclama sobre o médico ser homem, perguntando se não poderia ser uma mulher. Quando ela faz um comentário ao médico sobre ter um padrão de homens controladores em sua vida, ele pega ela pelo braço e tenta arrastá-la pra fora do consultório. Isso se chama abuso, não tem outra palavra!
O amigo dela está no hospital e ela vai visitá-lo. Quando ela abraça o amigo, temos novas demonstrações de ciúmes. O controle de Chase sobre Gigi está presente em todos os momentos, em todos os detalhes, até na escolha das roupas dela - ele mandou montarem um novo guarda-roupa pra ela, com roupas que possam combinar com as dele. Além disso, as cenas de sexo como solução pra qualquer problema, continuam presentes.
Eu decidi ler o segundo livro dessa série, já sabendo que ele não seria um dos melhores. Apesar da negatividade, essa série tem uma questão interessante na trama que é o “admirador”, que vem ameaçando nossa personagem principal. Eu tinha uma suspeita de quem poderia ser e ela acabou se concretizando. Além disso, as ações desse criminoso é uma das poucas coisas que faz você querer seguir na leitura - você fica tenso esperando a próxima ação que ele vai tomar.
Infelizmente, as cenas dos nosso casal principal ou refletem o abuso psicológico como roupagem de amor, conforme descrevi acima, ou são cenas extremamente irreais, superficiais e fracas.Temos um parágrafo inteiro de Gigi falando sobre como os pés dele são lindos. Sim, os pés. Porque aparentemente todos os homens tem pés de mamute (palavras delas), menos o perfeito Chase com dedos longos e unhas arredondadas. Outra cena é quando o detetive bate às 7h da manhã na porta deles e diz “temos um problema” e ela fica refletindo como o short de pijamas do Chase é lindo e como ela tem um que combina com esse (amiga???).
As cenas absurdas só pioram. Eles vão no aniversário da “irmã de alma dela”, mas o diálogo deles é: vamos socializar logo para poder voltar para casa e você meter em mim, porque minha vontade era já trepar agora (escrevendo usando os termos que estão no próprio livro). O que realmente me chateava era como no meio de cenas de tensão, entre ataques, ameaças e assassinatos, rolam umas reflexões nada a ver. Temos uma cena dessa e Gigi pega o celular de Chase para ver se a amiga está bem e rola todo um momento dela desbloqueando o celular e escrevendo a palavra infinito, porque é a palavra que significa muito para o homem dela e blá blá blá. Quebra totalmente o clima de angústia que estava sendo construído jogando algo que não contribui em nada.
Se você acha que as cenas absurdas são exclusividades do nosso casal, saiba que os personagens secundários também tem seus momentos. Eu costumo achar a Maria uma personagem exagerada e forçada (tudo para enfiar ela num estereótipo da italiana/latina de sangue quente), mas a cena dela com a mãe de Chase é totalmente sem noção. A mãe antipática dele faz uma crítica as roupas das quatro amigas (legging e moletom) e como resposta a Maria faz um movimento tipo de abertura total, esticando uma perna e apontando o pé para o teto (oi?).
Além disso, temos a mesma sensação de repetição de pensamentos da Gigi. Ela deve se repetir no mínimo umas dez vezes no livro sobre como o Chase gosta que ela use roupas que mostram as costas, como o Chase gosta de fazer carinho nas costas dela. Minha vontade era dizer: querida, já entendemos isso no primeiro livro, não precisa falar de novo.
Apesar de todas essas inúmeras críticas, preciso dizer que o livro terminou de uma forma interessante (crédito ao perseguidor) que faz com que você queria saber os desdobramentos que teremos no próximo livro. Mas novamente: o relacionamento do casal principal não é saudável, se for ler essa série, tenha isso claro na cabeça.