Neyla 30/11/2017Falar de Tibor Lobato, pra mim, é sempre um prazer enorme. Eu amo demais essa história e vocês não imaginam o quanto estava ansiosa pelo desfecho dessa aventura. E, minha gente, ela não me decepcionou! Foi uma leitura super gostosa que só fez aumentar ainda mais o meu amor por essa trilogia.
Antes que vá a frente nessa leitura, um alerta: se você não leu a série, tem curiosidade e não quer spoiller, por favor, pule a parte do resumo e vá direto para minhas considerações a respeito da história.
Mais uma quaresma se aproxima e dessa vez Tibor e Sátir sabem que as coisas serão ainda piores do que nas anteriores. Após toda a aventura vivida no ano anterior, a descoberta dos planos da Cuca e o desaparecimento de Rurique, ambos estão bem mais maduros e cientes de que algo muito ruim está prestes a acontecer.
Resta apenas um muiraquitã, que está nas mãos da Cuca. A pedra, que antes guardava o boitatá, agora está tomada por uma força maligna que não se sabe ainda o que pode ser. A única coisa que se tem certeza é que essa bruxa malévola está reunindo um exército e está usando Rurique, em sua forma de lobisomem, como uma de suas armas para assustar os moradores das vilas da redondeza.
Decididos a enfrentar o que quer que esteja acontecendo, Tibor e Sátir saem em mais uma aventura. A princípio a meta é encontrar Rurique e trazê-lo de volta para seus pais, mas quando as coisas começam a avançar e sonhos estranhos passam a rondar as noites de sono de Tibor, ele percebe que achar o amigo é apenas mais um passo em busca do que ele realmente precisa fazer: derrotar de uma vez a Cuca e fazer com que ela carregue consigo todo o mal que soltou com suas magias.
Como eu estava ansiosa por esse livro! Já falei várias vezes, seja aqui no blog ou no instagram, o quanto eu sou apaixonada pelos personagens e pela história criada por Gustavo Rosseb. A leitura sempre dinâmica e a trama envolvente sempre me deixam com um sorriso de uma ponta a outra do rosto. E dessa vez não foi diferente.
É notável o amadurecimento dos personagens e a história, que desde o início já se mostrava bem misteriosa, dessa vez ganhou um ar ainda mais sombrio. Muitos fatos novos foram inseridos na história e me surpreenderam.Sempre soube que haveria um confronto final entre a Cuca e os Lobato, mas jamais imaginaria que acontecesse da forma como o autor colocou. Existe ainda uma inserção de novas lendas do nosso folclore e, em paralelo a elas, novas histórias vão sendo criadas e trazem um novo mistério à trama.
E nesse ponto preciso dizer a vocês que o que eu mais gosto nessa trilogia é justamente o encontro de várias lendas em um só lugar. Me agradou demais a forma como as histórias se entrelaçam e de como cada personagem das lendas que tão bem conhecemos (pelo menos a maioria) tem um papel importante durante a narrativa. Neste livro, em especial, o encontro com o Negrinho do Pastoreio foi o que mais alegrou meu coração, principalmente por ser uma das minhas lendas preferidas (e eu confesso a vocês que estava um pouco indignada dele não ter sido usado antes, achava que acabaria sendo esquecida). Cruzar a história dele com a do Bumba Meu Boi foi uma sacada excelente e fiquei extremamente feliz por elas terem se encaixado com tanta perfeição.
Em relação aos personagens não tenho do que reclamar. Tibor e Sátir continuam ótimos protagonistas e, embora estejam maiores e com novos interesses (Sátir está até namorando, vejam só!), não perderam ainda o jeitinho mais ingênuo e um tanto infantil que é marca registrada deles desde o primeiro livro. Rurique ainda é de quem eu mais gosto, não só pela identificação (sou medrosa que nem ele), mas por conta de seu bom humor mesmo diante das adversidades. Apesar de admirar a inteligência de Sátir e a persistência de Tibor, em alguns momentos eles são cansativos, principalmente ele e sua teimosia sem fim.
Apesar de ter gostado demais da história, teve um ponto que meio que me incomodou por não ter sido explorada pelo autor. Não entrarei em detalhes por ser um belo de um spoiller, mas foi uma deixa que Gustavo deixou no segundo livro e que, em A Carruagem da Morte, deixou vir à tona. Eu vibrei, fiquei esperando o desenrolar e, no final, nada aconteceu. Acho que, se não era a intenção do autor explorar essa parte, nem deveria ter colocado no livro. Atiçou minha curiosidade e fiquei a ver navios. Não levou nota máxima por conta disso.
A Carruagem da Morte foi um ótimo fechamento para essa trilogia que é dona do meu coração. Tem ação e aventura de sobra e uma trama tão viciante que não dá para parar de ler. Infanto juvenil de qualidade, feito para divertir leitores de todas as idades. recomendo muito!