Beca Sasso 01/06/2021
Caminhos para uma vida criativa
Assim como a autora, eu compartilho do pensamento de que uma vida criativa independe do perfil esteriótipado de artista, pois todos precisamos do prazer estético e da arte, assim como todos somos capazes de produzi-la, seja em grandes projetos ou em pequenas ações de nosso dia a dia.
Os danos de uma vida bloqueada artisticamente, assim como nos diz C. G. Jung, uma das referências da autora, é o desenvolvimento desenfreado da sombra, do pensamento autodestrutivo, de morte e ansiedade. A arte como uma manifestação espiritual, benéfica e acessível a todos. Deixando de lado a "Arte com A maisculo", se permitindo errar, experimentar e vive-la cotidianamente, fazer dela um território a ser habitado.
A proposta de Cameron é a seguinte: 12 semanas de leitura, exercícios e autodescoberta, uma escrita matinal, que funcionam como uma espécie de meditação ativa para ocidentais e encontros com o artista, que nada mais são que momentos divertidos e felizes, onde resgatamos nossa criança interior (pois a criança é quem manda na vida criativa). Os encontros nos permitem usufruir momentos relacionados a infância, o berço da vida criativa enquanto que a escrita nos conecta com o que, onde e quando fazer.
Eu particularmente não fiz todos os exercícios, apesar de que pretendo retornar a escrita e ao livro daqui uns dias. Como sou professora de arte e também artista (não desse tipo com A maisculo), recebi uma série de importantes lições. A oração do artista e questões relacionadas a fé, Deus, o criador, o maior artista, que ama arte e abençoa a vida criativa, foram essenciais em minha vida. Ele nos acolhe e nos cuida nos momentos de bloqueios.
Em específico, no capítulo relacionado a arte acadêmica (meu caso, já que sou formada nisso), foi de especial importância. Somos levados a acreditar que precisamos obedecer uma rígida pesquisa, uma metodologia, tecer início, meio e fim, expor em espaços expositivos, suportar opiniões de "mestres das artes com a maisculo" e em frente a um trabalho, qualquer um que seja, exigimos uma posição racionalista sobre o que fazemos.
Criar nao é isso. Criar é permitir a loucura. É subverter regras, desobedecer metodologias, nadar e amar contra a corrente. É seguir a alma, não se limitar ao que se sabe, ao que se tem controle, ousar novas linguagens, novos campos, habitar aquele espaço: o da vida que acontece de maneira criativa. E eventualmente, precisamos de livros como esse para nos lembrar nosso caminho.