Thiago 30/01/2024
BATALHAS, MISTÉRIOS E TRAIÇÕES: O INIMIGO DE DEUS VAI TIRAR SEU FÔLEGO
No segundo livro das suas crônicas sobre o Rei Arthur, Bernard Cornwell surpreende com uma continuação que eleva em todos os níveis tudo aquilo que já havia apresentado no começo da história. Desbancando o mito de que o “número 2” de uma trilogia é sempre a pior parte, O Inimigo de Deus traz batalhas ferozes, perseguições implacáveis, magia, política e traições que vão segurar o leitor até a última página.
Seguindo a história, Arthur consegue a paz na Britânia e estabelece uma série de juramentos para mantê-la, na esperança de que seus compatriotas agora unam-se na luta contra os invasores saxões. Mas manter a paz é mais difícil do que conquistá-la ao que parece. Não só as lutas internas entre os lordes britânicos continuam, como uma nova ameaça ganha força: a influência dos cristãos no domínio do reino.
Outros personagens ganham mais protagonismo nesse livro em relação ao anterior. Vemos aqui a curva de crescimento do próprio narrador, Derfel Cadarn, como também outras nuances do próprio Arthur. Merlin e Nimue também se mostram mais ativos em busca dos misteriosos tesouros dos deuses antigos. Assim como a presença ameaçadora dos chefes saxões, Aelle e Cerdic, entrando no jogo de guerra pela expansão de seus territórios.
A parte política aqui fica por conta da ascensão de Mordred ao trono, e na vaga esperança que ele deixe de ser um garoto insuportável e se torne-se um monarca consciente. Mas todo o núcleo da história gira realmente em torno das disputas de poder e controle social dos cristãos, liderados pelo bispo Samsung, que promovem um verdadeiro extermínio ético em busca de mais poder e influência.
Se você já gostou do Rei do Inverno com certeza vai adorar O Inimigo de Deus, sofrendo e vibrando na mesma intensidade a cada curva de roteiro, jogando personagens tão carismáticos na roda do destino inexorável.