The HobbiThi 22/12/2014
Queria mais...
Termino esta série com uma certa dor no coração.
Meus últimos livros lidos, antes deste, foram lidos já pensando-se, em parte, nos próximos livros que gostaria de ler. Mas quando estava terminando as Crônicas de Artur, eu não consegui pensar em outros livros, eu não queria ler outros livros e eu não queria que esta história fantástica tivesse fim. Poucas vezes me senti assim em relação à uma história.
E ainda não quero ler outros livros. Quero continuar vivendo na pele de Derfel, personagem mais fantástico que já conheci, e ser mais um dos guerreiros fiéis à Artur. Aliás, que guerreiros formidáveis! Guerreiros tão humanos, tão cheio de medos e paixões comuns à todos nós, mas que em determinados momentos durante uma batalha sem esperanças se tornavam verdadeiros deuses! Eu gostaria de continuar vivendo estas batalhas épicas! Gostaria de vestir uma cota de malha, de reencaixar as peças de uma armadura, de embainhar uma espada famosa por trucidar guerreiros também famosos, de ingerir um chifre de hidromel para aquecer o corpo e embriagar o medo e de correr para uma das fileiras de escudos e compor a muralha de guerreiros temíveis do grande Artur.
Aliás, o quanto eu aprendi com Artur! Entendo porque Derfel o admirou e o amou tanto. Artur não é nenhum Deus, sequer um Rei, propriamente dito, ele foi. Artur foi um "cara comum", um homem que amou à muitos e odiou à poucos, que perdoou muitos inimigos, mesmo sendo o guerreiro mais terrível que provavelmente já empunhou uma espada, mas que também dilacerou à muitos, mesmo sendo dotado de uma compaixão enorme! Contraditório? Creio que não! Artur tão somente foi fiel aos seus juramentos e aos seus amigos; fez paz quando foi preciso paz, e matou quando foi preciso matar para se obter a paz e continuar fiel aos seus juramentos.
Vou sentir saudades de Artur.
E sentirei igual saudades da fiel a amizade de Galahad, de correr atrás de tesouros mágicos da Britânia sob a direção de Merlin, de odiar Lancelot com todas as forças, de dar boas risadas das piadas de Culhwich, de amedrontar saxões ao lado de Sagramor, de viver sentimentos dúbios por Guinevere e de desprezar Sansum tanto quanto desprezo um rato que se alimenta de lixo. Mas, acima de tudo, sentirei saudades de crescer e aprender a segurar um escudo e empunhar uma lança e uma espada sob a pele de Lorde Derfel, de lutar pelo amor da Princesa Ceinwyn com todas as forças, de ir à cada batalha utilizando o broche de minha amada como amuleto pessoal e de vencer os guerreiros mais temíveis graças à força deste amor. Derfel é um personagem mítico, épico, muito vivo em cada linha escrita, e, para mim, merece tanto destaque, ou mais, que Artur em meio à esta saga extraordinária. Sentirei falta deste guerreiro tão humano que Bernard Cornwell soube construir com tanta maestria.
Enfim, As Crônicas de Artur é uma trilogia que recomendo à qualquer amante deste tipo de livros, e mesmo para aqueles que gostariam de iniciar este tipo de leitura.