DIRCE 27/08/2012
Uma estrela, oito pontas, várias opções, mas somente um caminho a ser tomado .
Mais uma vez fui agraciada por um romance no qual a ficção e a história se entrelaçam , desta feita, graças a escritora Tracy Chavalier que se “aproveita” do mistério que envolve o quadro “Moça com brincos de pérola” do pintor holandês Verner , para criar uma boa história ambientada na Holanda do século XVII.
Muitas vezes, vítimas da nossa ignorância, somos penalizados impiedosamente. Foi o que me aconteceu . Sendo eu, desprovida de dotes e conhecimentos artísticos, me furtei do deleite que deve ser para um amante e entendedor de artes capaz de captar a “gestação” da inspiração artística. Entretanto, felizmente, posso afirmar que, se não fiquei com apneia durante a minha leitura, não fiquei isolada em uma redoma monocromática , e assim como Griet, a jovem protagonista do romance “ Moça com brinco de pérola”, que passou a “ enxergar” as cores sob um novo prisma , meus óculos incolores foram substituídos por lentes coloridas.
Assim como Griet , a jovem serva, que devido as dificuldades financeiras, foi trabalhar de empregada na casa do pintor Verneer, eu também fui induzida a observar os nuances das nuvens, e, como a ela, foi me dado perceber que o céu não é só azul, e a vida não é só cinza.
Mas o livro não aborda apenas o “mundo” de Verneer ; ele trata também das questões relativas a servidão. Céus! Eu cheguei a conclusão que Griet teria que ser retratada como um polvo, pois só assim justificaria sua capacidade para levar a termo tantos afazeres domésticos.
Acompanhar a trajetória, o desenvolvimento da jovem Griet, da quase menina, que sai em busca de sua identidade , uma busca que, com certeza ,era negada as mulheres desse século foi extasiante. Nada menos que extasiante, foi presenciar a firmeza de Griet ao optar por uma das escolhas que a estrela de oito pontas do ladrilho da Praça do Mercado lhes sugeria. Uma estrela, oito pontas, várias opções, mas somente um caminho a ser tomado. O que poderia significar uma encruzilhada para Griet significou a sua libertação.