Lauraa Machado 25/01/2018
Adorável, mas imperfeito
Eu sempre tento ao máximo analisar os livros baseado no que eles propõem. Esse daqui, como dá para ver pela capa e a idade da protagonista (quatorze anos) é para jovens adolescentes. Só aconselho pessoas com mais de 14 anos a ler se estiverem cientes dessa proposta e não esperarem que a história seja mais madura que isso.
Dá para ver no livro inteiro que a história é até um pouco mais infantil do que ficção adolescente e me lembrou filmes de crianças (em que as próprias crianças têm todas as funções, seja de estudante a assassino). Também tem a característica bem infantil de personagens serem quase caricatos quando são vilões. Não dá para aproveitar esse livro sem relevar esses detalhes e, talvez ainda mais, o fato de que é o primeiro livro da autora.
Tenho que admitir que gostei do livro mais do que esperava e que talvez ele nem mereça realmente três estrelas, mas meu gosto sempre conta um pouco mais na hora de avaliar. A escrita é mesmo bastante amadora (do tipo que a autora fala algumas coisas mais do que mostra e até repete termos bastante raros e formais tantas vezes, que perde o sentido), mas eu esperava que fosse ser ruim, e não foi.
O ritmo da história é um pouco incoerente, caí muito antes mesmo da metade e nunca chega a engatar outra vez, mesmo depois do clímax, mas essa nem é a pior parte. O enredo não é perfeito, existe a necessidade de passar um ano letivo inteiro no livro, mesmo que isso crie milhares de buracos na história e tire até um pouco da ansiedade em descobrir o que vai acontecer. Existem outros buracos também, coisas que poderiam ter sido tiradas por um editor mais atento. Por exemplo, o fato de um príncipe em um momento usar coroa, como se fosse algo comum - e essa coroa desaparecer na cena seguinte; além de que a protagonista é muitas vezes chamada de Princesa Wolfson, quando não se usa sobrenome da realeza junto com o título assim. Existem vários desses detalhes falhos pela história, mas consegui relevar na maior parte do tempo e não deixar estragar o livro. A parte que mais me incomodou mesmo foi ver adolescentes de quatorze anos com papéis muito adultos, como assassinos partizans. Isso foi bem forçado, na minha opinião.
Outro problema é a relação entre os personagens. Eu me surpreendi por ver um pouco de diversidade na história, mas fiquei extremamente confusa no livro todo com a relação da Ellie com a Lottie. Acho honestamente que a autora tentou fazer as duas serem como almas gêmeas de amizade, mas as cenas delas são muito, muito românticas demais! Estava convencida até o último capítulo de que elas iriam se beijar em algum momento (e isso teria feito a história ficar bem melhor), mas agora acho que a autora só errou a mão em fazer as duas ficarem próximas demais (fisicamente).
As personagens em si, em compensação, foram bem criadas e eu gostei da Ellie ser diferente do esperado para uma princesa, mesmo que na maior parte do tempo isso tenha parecido só exagerado. E a Lottie Pumpkin com seu nome adorável e sua fascinação por contos de fadas da Disney (tem uma hora que ela até fala que não come carne, porque não pode esperar que as criaturas da floresta a ajudem nas tarefas do dia a dia se ela estiver disposta a comer animais) é super fofa e fácil de se identificar!
O livro é como um filme da Barbie, para ser bem honesta, ou um da Disney, já que a Lottie ama tanto a Cinderela. E eu gostei, achei divertido, mesmo com tantos buracos. Não imaginava que fosse querer ler a continuação, mas agora acho que quero!
Um detalhe: a base da história da Ellie nesse livro é extremamente parecida com o meu livro, A Princesa Escondida. Ela é uma princesa que foi escondida até ter que lidar com as responsabilidades de ser princesa e tem um guarda-costas que é seu amigo de infância, que vai com ela para uma escola estilo internato, que é separada por casas e cada uma tem uma cor. Não posso dizer que isso não me incomodou e foi bem esquisito.