Mauricio (Vespeiro) 09/04/2018Trash graphic novel?Em 1982, a Warner lançou o filme “Creepshow”, dirigido por George Romero com roteiro de Stephen King. Eram 5 contos de terror, baseados no estilo utilizado pelo gênero nos quadrinhos dos anos 50, como a famosa “Contos da Cripta”, da EC Comics, cuja principal característica era o humor negro. Feito como um clássico trash movie (filme de baixo orçamento) dos anos 60/70, hoje é considerado cult movie. Lembro-me de ter assistido “Creepshow” no cinema, bem como “Creepshow 2” (1987), do qual gostei bem mais. Existe também um “Creepshow 3” (2006), mas foi feito para a TV e não tem a participação de ninguém da produção dos dois anteriores.
A revista “Creepshow” foi publicada nos EUA em 1982, por uma editora chamada Plume. Os fãs de Stephen King, desde então, só tinham acesso à obra em inglês e era impensável que um dia viesse a ter uma edição nacional. Pois a DarkSide Books tornou isso possível 35 anos depois. E com uma edição de colecionador, com capa dura, impressão colorida, papel de ótima gramatura, com a qualidade peculiar dessa editora brasileira. Isto posto, é preciso destacar o que considero mais magnífico nessa obra: as ilustrações do legendário Bernie Wrightson (de “Monstro do Pântano” e “Frankenstein”). Seu traço é marcante e resgata com fidelidade o estilo das HQs de terror dos anos 50. Cada página traz uma aula do ilustrador que faleceu em março de 2017, com 68 anos.
Por outro lado, acho que a publicação chegou tarde demais no Brasil. Contextualizando-a ao início dos anos 1980, entendo o valor da homenagem feita naquela época às HQs clássicas de terror. Li muitas edições da “Contos da Cripta” quando era criança e as tramas me impressionavam. Depois de adulto, deixando de lado o saudosismo (e isso é importante na análise), achei os cinco contos bem fraquinhos. Stephen King, continuo te admirando, tá? Mas às vezes ele faz algumas coisas que... nhé! Lembro-me de quando assisti a um dos piores filmes da minha vida: “A Maldição de Quicksilver”. Nele são contadas duas histórias, uma de Clive Barker (criador de “Hellraiser”) e outra de Stephen King. As duas são péssimas, medonhas, terríveis perdas de tempo, mas a escrita por King - “A Dentadura Mecânica” - é de doer! Quando descobri que a autoria era dele, não contei pra ninguém, para preservar um dos meus escritores favoritos. Hoje eu já não posso esconder que “Creepshow” foi roteirizado por King, então vamos conviver com isso.
As cinco histórias de “Creepshow” são:
Dia dos Pais = O falecido Nathan Grantham levanta da sepultura para vingar-se da filha que o matou. O livro começa com o pior conto. (*) / A Solitária Morte de Jordy Verrill = Uma péssima história de terror alienígena. Jordy Verrill, um caipira de Castle Rock (no filme é interpretado pelo próprio Stephen King), vai em busca de um meteorito que caiu na sua propriedade e tudo dá errado. (*) / A Caixa = No melhor do livro, o zelador de uma universidade encontra uma caixa datada de 1834, relativa a uma expedição ao Ártico. A descoberta é compartilhada com professores que acabam liberando um mal secular. (***) / Indo com a Maré = Um bom enredo que inclui a vingança sórdida de um marido traído que decide enterrar a esposa e seu amante na areia da praia. Depois de consumado, parecia ter sido o crime perfeito. Mas ele não contava com o sobrenatural. (***) / Vingança Barata = Tem nojinho de baratas? Upson Pratt é um milionário sem escrúpulos com mania de limpeza. Se ele está num conto de Stephen King, muito provavelmente algo dará errado com ele... e também com a história. (**)
Nota do livro: 5,20 (2 estrelas).