Beatriz Kath 05/12/2021
A Liga da Lei
Os acontecimentos deste livro se passam 300 anos depois do anterior ("O Herói das Eras") e ocorrem no mesmo mundo, mas que já está bem diferente depois de todo esse tempo, com novas tecnologias sendo descobertas e mudanças na organização das sociedades.
Aqui, os personagens e a história que acompanhamos na Primeira Era são vistos como lendas e mitos, uma vez que agora já não existem mais Nascidos da Bruma nem Feruquêmicos, apenas raros brumosos e ferumosos, além de alguns - ainda mais raros - duplonatos (pessoas que possuem, ao mesmo tempo, um poder alomântico e um poder feruquêmico), o que é o caso dos protagonistas dessa história, Waxillium Ladrian (ou Wax) e Wayne.
Wax é alguém que, mesmo tendo nascido numa casa nobre, decidiu deixar a grande capital de Elendel para combater o crime com suas próprias mãos nas chamadas "Terras Brutas", uma área afastada das grandes cidades e onde acredita-se não haver leis. Utilizando sua inteligência e suas capacidades de duplonato, juntamente de sua grande habilidade como atirador (agora que as armas de fogo já foram inventadas), Wax persegue e julga criminosos das Terras Brutas, logo se tornando bastante conhecido e temido por lá.
Porém, quando o tio de Wax morre num acidente e não há qualquer outro herdeiro para tomar conta de sua casa (já quase falida) em Elendel, Wax se vê obrigado a voltar, e algum tempo depois fica sabendo da existência de um grupo misterioso que vêm roubando cargas de mercadorias e sequestrando várias mulheres da cidade. Um grupo que a polícia ainda não conseguiu encontrar e deter.
Depois de também ser pessoalmente afetado pelos tais criminosos, Wax passa a investigar o caso por conta própria, buscando descobrir o que exatamente esses criminosos querem e onde eles e suas reféns estão.
Eu gostei bastante desse livro, ele é como um romance policial mas num mundo de fantasia onde algumas pessoas têm capacidades "mágicas", e é muito interessante ver como essas pessoas utilizam tais poderes no cotidiano, seja para cometer crimes, para combatê-los ou só para se locomover mais rapidamente pela cidade e tornar suas tarefas diárias mais fáceis. Além disso, como a época em que se passa essa Segunda Era de Mistborn é bem mais próxima da nossa, achei mais fácil relacioná-la com o nosso próprio mundo, o que me trouxe um sentimento bem diferente, mas que gostei tanto quanto o da Primeira Era.
O livro também é muito divertido, principalmente por conta da existência do Wayne. O Wayne é, para mim, um personagem extremamente interessante de se acompanhar. Isso porque, além de ter poderes muito legais e uma personalidade carismática e divertida, ele ainda é um mestre dos disfarces que "rouba" sotaques alheios e tem um jeito de agir e pensar muito únicos.
A amizade e as interações dele com o Wax são perfeitas. Os dois funcionam muito bem juntos, seja lutando ou fazendo qualquer outra coisa.
Também há outros personagens bem interessantes, como a Marasi, Steris e Ranette. E mesmo que as duas últimas não tenham aparecido por muito tempo nesse livro, elas já conseguiram me conquistar. Ao menos a princípio, me identifiquei muito com a Steris; e a Ranette é uma personagem com uma presença muito forte, além de eu ter achado as invenções dela fascinantes.
A sociedade atual da história também traz várias referências e homenagens aos antigos heróis da Primeira Era, o que é bem legal de acompanhar, caso você tenha lido a primeira trilogia da série. Isso porque, ao longo de todo esse tempo, as histórias foram naturalmente sofrendo algumas alterações, e é interessante (e engraçado) perceber as diferenças entre o que de fato aconteceu e o que as pessoas de agora (300 anos depois) contam ou pensam que aconteceu.