spoiler visualizarEdupscheidt 17/05/2021
Perfis de coragem
Poucas coisas podem ser tão gratificantes quanto começar o ano já concluindo a leitura de um bom livro, que deixarei registrada aqui neste blog como a primeira leitura do ano, ainda que grande parte dela tenha sido realizada no ano passado. Por quê? Porque eu quero e é assim que as coisas devem ser neste território online.
Este livro foi-me dado de presente de Natal por dois grandes amigos meus e escrevo esta resenha também para agradecê-los pela gentileza em me presentear como, inclusive, para iniciar um possível debate em relação a obra, pois acredito que seja demasiado rica em diversos aspectos de discussão da vida política atual, sobretudo em um país emergente como o Brasil.
Pois bem, Perfis de Coragem, é uma obra escrita pelo então Senador dos Estados Unidos da América, Sr. John F. Kennedy, que afirma com veemência nesta referida obra que a maior e mais valiosa virtude de um político é a sua coragem, a força de deixar o seu Ego de lado, as suas convicções pessoais e até mesmo o desejo gritante de seu eleitorado para fazer o que for necessário em benefício da nação, sobretudo quando se trata de um membro do Senado Federal, que é a Câmara dos Nobres, criada para compor a União como um conselho de constitucionalistas a trabalhar aconselhando o presidente em suas atividades.
Logo, o livro se trata basicamente de uma investigação histórica de senadores que, no decorrer da história do Senado Americano, tiveram sua coragem levada ao máximo, muitas vezes significando ainda o aterramento da sua carreira e uma expurgação em vida, para o reconhecimento póstumo de sua benevolência para com a União e o interesse coletivo americano, destacando ainda virtudes especiais de cada um destes que tornou possível este ato de coragem, me chamando atenção o caso do Sr. Senador Daniel Webster que, tido como o maior orador da história da Câmara do Senado Americano, discursou por três horas e onze minutos, contrariando suas convicções pessoais antiescravagistas para defender um acordo de paz entre o Norte e o Sul no ano de 1850, para tentar evitar a secessão.
Acima de tudo, destaco ao leitor o início da obra, onde, no capítulo I, chamado ?perfis de coragem? o autor traz informações pertinentes sobre o jogo de poder dentro do sistema político e a necessidade de o membro parlamentar estar constantemente realizando concessões para seus pares afim de que suas propostas também sejam concedidas, fazer-se política como conhecemos hoje em dia, sempre visando (os senadores) as propostas para o seu próprio estado e região, na esperança de que isto venha a reelegê-lo para mais um período de política e quem sabe algum dia, a ascensão a um melhor, quem sabe a presidência.
A crítica maior então se põe nisso, aos políticos demagogos, a 30 anos neste jogo, que fazem pouco ou quase nada em nome do avanço da União como unidade, em prol de suas cidades e regiões, ou pior, em nome apenas de sua família e de seus mais chegados. (Espero que o leitor desavisado não tenha entendido nenhuma indireta a nenhum político nestas linhas).