A Muralha

A Muralha Dinah Silveira de Queiroz




Resenhas - A Muralha


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Mariana Dal Chico 06/03/2021

“A Muralha” de Dinah Silveira de Queiroz, foi publicado originalmente em 1954 e ganhou nova edição em 2020 pela @editorainstante que me enviou um exemplar de cortesia.

Eu me lembro de ter assistido a minissérie na Rede Globo em 2000 com minha avó e mãe, momentos preciosos que guardo com muito carinho na memória.

O ritmo de leitura é crescente, começa tranquilo com apresentação de Cristina, uma jovem com ideais românticos que chegou de Portugal para casar com seu prometido e dá de cara com a falta de luxo da colônia.

A autora tem um ótimo senso de humor e sabe o momento certo para usá-lo e como tirar melhor proveito dele para fazer com que sua protagonista amadureça perante as adversidades que vai enfrentar.

Conforme o livro avança, os homens saem para desbravar as terras, buscar ouro e as mulheres precisam cuidar da casa, plantações, defender suas terras. Aqui a autora entra com dureza, sem piedade, as mulheres são fortes, capazes e auto suficientes.

A leitura acelera ao mesmo tempo em que a profundidade dos personagens aumenta e o enredo desenvolve suas camadas que vão além do romance Cristina/Tiago. Ela também consegue falar sobre a colonização sem romantizá-la, não omite a violência, brutalidade, escravidão e assassinatos.

A riqueza de detalhes históricos apresentados pela autora é algo impressionante e feito na medida certa, é capaz de transportar o leitor sem o perdê-lo nas descrições de ambiente ou dos costumes

Gostei demais da leitura e espero ter a oportunidade de ler outras obras da autora.⁣

site: https://www.instagram.com/p/CJYf2e2jXzR/
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Layla.Ribeiro 17/03/2023

Desafio literário 2023- Adaptação
A Muralha é uma obra, inicialmente pensada como um folhetim em comemoração do quarto centenário da criação da cidade de São Paulo, escrito pela paulista que foi a segunda mulher a ingressar na ABL (1981), conta a estória de Cristina, moça do reino, que veio ao Novo Mundo prometida a casamento ao paulista Tiago e quando chega a São Paulo do Campo de Piratininga percebe que nada é da forma como idealizou. Os homens da família de Tiago, inclusive o próprio, pertenciam as bandeiras e para desbravar o sertão em busca de ouro deixava as mulheres na propriedade a maior parte do tempo sozinhas, essas que na falta dos homens comandava, cuidava e gerenciava a fazenda, deste modo o livro é dividido entre as situações que passavam as mulheres, mas também, a opinião da moça recém-chegada do reino e as aventuras e infortúnios dos bandeirantes, essa divisão narrativa lembrou-me do livro A Casa das Sete Mulheres, obviamente esse último se inspirou neste livro. Escrito e publicado nos anos 50 esta obra é muito progressista, a autora fala muito sobre a questão de gênero e condição das mulheres, a maioria das personagens femininas são bem construídas, na qual me afeiçoei com quase todas, embora Queiroz ressalte sobre a importância dos bandeirantes para a criação da hoje cidade de São Paulo ela não os colocam em pedestal, ela mostra também a podridão que os bandeirantes faziam com os escravizados africanos e principalmente aos escravizados indígenas, destaco aqui uma cena que me deixou muito tempo revoltada com a brutalidade dos bandeirantes protagonistas, para quem gosta de romance histórico eu recomendo muito este livro a escrita envolvente
da romancista nos transporta para o Brasil colonial desde o primeiro capítulo, depois desta obra fiquei com muita vontade de ler outros livros da Dinah.
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Queila.Assis 25/04/2023

Uma novelinha
A mulher sai de Lisboa para casar no Brasil..... tô rindo de desespero ??
O protagonismo feminino é bem forte, as mulheres do livro nos contam uma história de dureza, muitas vezes achei que estava assistindo uma novela; retrata o período de colonização do Brasil e coloca os bandeirantes como herói, isso é uma bosta. Que final duro e difícil. Pra quem gosta de história como eu tem várias referências importantes.
pribt 13/05/2023minha estante
Você falou que parece uma novela, mas teve sim não uma novela, mas uma minissérie que foi exibida na globo, não me lembro se foi em 1999 ou no ano 2000.




Tati.Lima 02/10/2023

Com certeza, um bom livro...
O livro narra com riqueza de detalhes as aventuras dos bandeirantes desbravadores de florestas e montanhas em busca de riquezas. A trama gira em torno da vida de três mulheres recém chegadas à São Paulo, que buscam atravessar a Muralha, nome dado à Serra do Mar, que separa o litoral da cidade de São Paulo. Véio, tem muito muito muuuuuito sofrimento, aventura e lágrimas. Eu fiquei sabendo q existe uma minissérie baseada nesse livro, mas confesso q nunca assisti. O livro tem como protagonista, a pobi da Cristina, q vem lá de Portugal pra casar com o Tiago, q usando o português claro, não tava nem aí pra ela, o homi queria ver as estrelas, mas com a Cristina nem tchum... Mas tudo narrado com muita poesia, delicadeza e lirismo. O livro é muito bom, principalmente no ponto de vista histórico. É muito rico de detalhes. Enfim, uma obra muito interessante. Tem capítulos cansativos? Tem... Tem capítulos arrastados? Tem. Mas mesmo assim, é um livro muito bom. Eu gostei...???
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Leticia 10/08/2020

A Muralha, romance de Dinah Silveira de Queiroz, retrata através da perspectiva das mulheres o período das Bandeiras e Guerra dos emboabas. O ponto alto do livro é justamente essa visão das mulheres, em como restavam a elas a eterna espera de seus maridos e a lida nas fazendas.

"[...] as mulheres, aqui, são fiéis no amor, mas, com essas distâncias e essas incertezas, sempre fazem de conta que são viúvas, sem o ser. E, quando os maridos chegam, aqueles que têm mesa posta, escravaria bem guardada, casa bem preparada, também encontram mulher mandona" (P. 74).

A protagonista, Cristina, chega as terras de Piratininga com ideais bem românticos, uma mulher acostumada a passeios e vestidos bonitos, e se decepciona ao encontrar seu prometido, um tanto desinteressado, e pessoas que a ela eram grosseiros e vulgares. Rapidamente tem que se acostumar a um modo de vida mais "embrutecido", a lidar com a fazenda, pegar em armas, e assim, cada vez mais se vê longe da idílica vida que esperava ao sair de Portugal.
Achei a construção da personagem sencional, uma personagem que inicialmente se mostrava um tanto ingênua, e que ao final se mostrou muito forte. No geral gostei bastante das personagens femininas. Já os personagens masculinos, como homens de seu tempo, são intragáveis, machistas e "metidos à besta", um retrato bem fiel ainda hoje hahahaha. O prometido de Cristina, Tiago, uma pasmaceira sem fim.

No que tange ao período retratado, Dinah retrata a violência das Bandeiras, violências cometidas contra mulheres, escravizados e indígenas. Gostei bastante da ambientação que a autora traz e dos questionamentos, mas não foi uma leitura surpreendente.
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Vini 24/02/2024

A Muralha
Esse livro foi uma deliciosa aventura de retorno a dramaturgia brasileira. Isso porque me fez lembrar de forma intensa as novelas de antigamente.
Dinah nos apresenta um romance grandioso, repleto de passagens históricas e protagonismo feminino que dá forças à narrativa.
O início do livro em si, com o desbravamento da grande muralha da serra do mar e a surpresa da protagonista logo nessa passagem, são um marco forte dessa leitura.
Fiquei instigado a me aventurar por outro livro da autora em breve.
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Vanns 11/03/2021

????????
Aaaaaa a melhor leitura do ano vai paaaara: este livro. ?
Eu amo livros de época, e quando recebi ele de um projeto que participo, logo vi que ia amar. Cristina, e as outras mulheres de Lagoa Serena foram pra mim, ícones de grande força. Por tudo que batalhavam.
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LiteraLucas 31/01/2023

OBRA-PRIMA!
LEIAM ESTE LIVRO! Trata-se de um dos melhores livros que eu já li. Clássico absoluto da literatura brasileira e mundial. Tem de tudo nele. Aventura, fatos e personagens históricos, romance, filosofia, realismo mágico... É uma pena que esta livro tenha ficado por tanto tempo esquecido. Dinah Silveira de Queiroz é uma gigante que merece ser reverenciada sempre!
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Nina 12/12/2021

A estranha São Paulo de Piratininga ??????????
É inacreditável que uma escritora do talento de Dinah Silveira se Queiroz tenha ficado esquecida a ponto de ser praticamente ignorada pelos leitores atuais.

Sem apelar para o tom ufanista, a autora relata o crescimento de sua cidade a reboque das bandeiras e os conflitos e contradições inerentes à época, sobretudo aos olhos assustados de quem chega do Velho Mundo.

Após ler dois livros, não tenho dúvidas que esta mulher está entre os maiores escritores brasileiros e que a editora Instante faz um excelente trabalho ao republicá-la.
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bardo 18/01/2012

A Muralha - Dilma Silveira de Queiroz
Creio que o ponto mais importante a ser considerado na leitura desse livro, pelo menos aos que assistiram a minissérie que alega ter sido baseada no mesmo, é que isso não corresponde bem à verdade, fui informado da história narrada na minissérie e as incongruências são muitas, ouso dizer, o que não me surpreende em absoluto que o livro é muito superior. Entendido esse ponto o livro narra a vinda de Cristina, jovem portuguesa que vem ao Brasil casar-se com Tiago filho de um importante senhor de terras e bandeirante de São Paulo de Piratininga, atual cidade de São Paulo.
Com descrições vívidas e alguns personagens marcantes, a despeito da linguagem mais “pesada”, não chegando a ser rebuscado, o livro é escrito num estilo mais austero que estamos acostumados; a força e o drama vivido pelos personagens nos prendem a história, particularmente no que concerne à própria Cristina, Tiago, Isabel, Mãe Cândida, Margarida e Aimbé. É um livro de emoções fortes, de amores e ódios, mormente ódios intensos, onde o orgulho predomina o tempo todo. Veladamente critica-se a vida das mulheres na época do Brasil Colônia. Mulheres fortes, orgulhosas que se tornam mais “senhores” que os próprios maridos, os quais saiam à procura de ouro por meses a fio. Critica-se veladamente o machismo da época, que exigia que essas mesmas mulheres fortes, aceitassem os “casos” e filhos bastardos dos maridos, que em meio às bandeiras, tomavam índias como concubinas enquanto as esposas mantinham a castidade exigida para uma mulher cristã.
É nesse ambiente que chega Cristina, a qual decepção sobre decepção vê seu sonho de uma vida tranqüila se desintegrar; a chegada a São Paulo, uma vila miserável; a chegada a Lagoa Serena, seu novo Lar e a decepção com seu esposo prometido que não está ali a sua espera; sua fria acolhida quando o mesmo chega tudo isso vai solapando as ilusões de Cristina, que apesar de tudo se resigna e aceita essa nova vida.
Um evento vem, alias dois eventos, entretanto a desestruturar a vida em Lagoa Serena por completo, Isabel aparece misteriosamente grávida, as dúvidas e incertezas a respeito de quem seria o misterioso pai, iniciam uma avalanche de desgraças sobre a família. Em paralelo, Rosália a filha mais moça envolve-se com um homem de reputação duvidosa, a semente de desgraça plantada aí vai gerar frutos mais a frente, com consequências imprevisíveis a todos.
Em meio a isso temos de pano de fundo as Bandeiras, a Guerra dos Emboabas, a narrativa vai seguindo ao seu final, rumando vertiginosamente à desgraça. A autora soube dosar os acontecimentos prendendo o leitor, algumas cenas são vívidas o bastante arrancar lágrimas do leitor, tamanha a força da descrição e o desespero sugerido na trama.
O final é um tanto frustrante, não por ser inesperado, mas por de certa confirmar o quão limitado eram as escolhas das mulheres naquela época (naquela época??). Remete-nos diretamente a um dos pontos altos do livro quando Cristina, a poucos dias do casamento vai confessar-se, o padre que se subentende seja o chefe dos Jesuítas, ouve Cristina a qual de repente expõe toda a sua mágoa e frustração. Ele então compara o casamento de uma moça vindo do Reino, a missão dos Jesuítas ao vir a uma terra desconhecida que não os queria e os molestavam, entretanto entre amor e ódio resignavam-se a cumprir sua missão sabendo que no futuro isso geraria frutos. Causa-nos surpresa a forma com que o padre a acolheu, ele de fato não criticou sua dor, entretanto veladamente o conselho era entregar o sofrimento como oferta a Cristo. Perfeito para a época, mas um tanto revoltante nos nossos dias. É exatamente o que ela acaba fazendo no fim. O livro encerra com uma profecia, de como aquela vila miserável de gente orgulhosa poderia afinal se tornar uma grande cidade.



Natália Cristina - Leitura por Amor 24/04/2020minha estante
Uau! Que resenha sensacional!




Stella F.. 21/09/2022

Bandeirantes e Mulheres Fortes
A Muralha – Dinah Silveira de Queirós – Editora Record - 2000

A leitura foi muito prazerosa.
Foi interessante ler este livro, após tanto tempo depois de ter assistido parte da séria “A Muralha” do início dos anos 2000. Lembrava vagamente, mas ao pesquisar sobre a série vi que houve mudanças de nomes de personagens e inclusão de outros que nem existem no livro.
José Lins do Rêgo se manifestou sobre A Muralha: “As figuras humanas crescem de vulto e assumem a importância de absorventes estados de alma. Aí o livro vence e se expande como força de criação autêntica. A figura de Cristina, já no fim do livro, se confunde com a terra que ela leva no ventre. O cheiro do pântano que lhe penetra na carne se transforma numa espécie de feitiço que a prende ao solo para sempre.”
O livro é muito bem dividido: na primeira parte, Descoberta da Terra, conhecemos Cristina e Joana Antônia, uma moura que Cristina conheceu no barco, e a forte família de Dom Braz, um explorador de novas terras do sertão de minas gerais. Dom Braz Olinto é um bandeirante paulista que tem o aval da Coroa para a exploração do Sertão. Em um primeiro momento vemos Cristina ficar na expectativa de conhecer o prometido Tiago, um dos filhos de Dom Braz. E só ocorrem desilusões. Depois de uma viagem de meses, chega a uma terra inóspita, São Paulo de Piratininga, ainda em construção e logo se decepciona porque o noivo não há está esperando no desembarque. Quem a espera são Aimbé e Tuiú. E ainda tem que caminhar por muito tempo para chegar à fazenda, Lagoa Serena, e no caminho acontece o inesperado: sua bagagem com os presentes trazidos na viagem cai no precipício. Ainda no caminho para na casa de Dom Guilherme Saltão d’Ajuda, onde é bem tratada, mas fica impressionada com a relação entre as índias e seu patrão. O noivo Tiago adora as estrelas que servem de guia nas viagens e parece não se interessar muito por Cristina ao vê-la, parece não acreditar no amor. Tem paixão por uma estrela e a chama de Rabudinha. “De tanto olhar o céu, fui ficando enojado da terra, dos sentimentos, das coisas do chão. Vosmecê, quando estava longe, parecia minha estrela... a Rabudinha. [..] Agora, aconteceu como se a Rabudinha tivesse descido do alto, e viessa para cá, para esta sujeira.” Na fazenda ainda conhecemos as irmãs Rosália e Basília que são muito diferentes entre si, mas que nutrem um afeto imenso uma pela outra. Somos apresentados a Dom Braz e sua esposa, Mãe Antônia, a mulher forte da casa quando os homens viajam, por longo tempo, para exploração das minas. E o maior exemplo de amor encontramos no casal Leonel e Margarida. Leonel é filho de Dom Braz e Margarida cuida de sua casa, afastada da fazenda, tem um papagaio, e torna-se muito amiga de Cristina. Mas, de vez em quando, parece ter umas sensações esquisitas, como se fossem premonições. E não menos importante Isabel, uma sobrinha de Dom Braz que não gosta de gente. Gosta mais de sua jaguatirica, Morena. E ela trará muitos problemas à família. Ela é a única que segue os homens nas suas explorações ao Sertão. É o "filho" que Dom Braz gostaria de ter tido. No meio disso tudo temos escravos e índios, e alguns são filhos naturais do patrão, que em geral tornam-se ajudantes de cozinha. “O Sertão, às vezes, é pior que a guerra, que a peste. É uma espécie de febre, que dá nos homens. Saem do conforto das casas para passar fome, sofrer os riscos, às vezes sem nenhuma vantagem.” Entram em cena também algumas figuras históricas como Borba Gato, que vai nos mostrar a rivalidade entre paulistas e outros grupos, na exploração do Sertão. Ocorre ao final dessa parte o casamento de Cristina e Tiago.
Na segunda parte, A Madama do Anjo, teremos a descrição de uma grande exploração em um monte, Monte Negro, onde paulistas e emboabas (forasteiros da Coroa de outras regiões querendo ter direito à descoberta do sertão), vão lutar palmo a palmo esse lugar desconhecido. Uma guerra sangrenta com muitas mortes. Há muita traição, emboscadas, conquistas e perseguições, por parte de um grupo e outro. Um dos grupos é chefiado pelo marido de Rosália, Bento Coutinho, com quem ela fugiu às escondidas, sem a aprovação da família. Ela o ama, mas não queria que o marido estivesse contra sua família. Enquanto isso, em Lagoa Serena, Isabel está grávida e desconfia-se que seja de um índio, Apingorá, que foi criado na fazenda que deixou a fazenda para formar uma comunidade para seu próprio povo. Mas, todos enganaram-se, porque o pai estava mais perto do que pensavam. Com essa desconfiança, Leonel segue para se vingar, em nome da família e comete atrocidades, e isso vai mudar seu comportamento, vai ficar uma culpa que o assola. Isabel tem o seu filho, Afonso, mas não cuida dele, não tem apego. É uma criança branca, o que faz todos reverem as suas desconfianças. As mulheres sozinhas em casa sofrem um revés muito grave, porque o povo que foi atacado por Leonel se vinga, e queima tudo. Elas se juntam, e conseguem reverter um pouco a situação, e Basília acaba tornando-se uma “guerreira”. Margarida continua sentindo muita falta do marido, e vendo coisas. E ao final teremos mortes pelo caminho, na casa e no sertão. “Entre aquelas postas sangrentas, alguma coisa cobrava vida e palpitava, querendo desprender-se dali. A mão de um jovem prendia no chão a ponta da bandeira ensanguentada, e a Madama do Anjo se levantava, em meio do horror e da desesperança da Morte.”
Na terceira parte, Lagoa Serena fica sabendo aos poucos do resultado da guerra entre paulistas e emboabas, e das mortes de pessoas próximas. Mas nada ainda é certo. Basília foge de Bento Coutinho, após saber do resultado da guerra, mas não por falta de amor, mas sim por fidelidade aos paulistas. Sabe-se que Leonel está perdido no mundo depois dos acontecimentos em sua casa. E acontece o inesperado: todos que sobreviveram são mal-vistos em São Paulo: “As donas de casa de São Paulo não compreendiam a volta de seus maridos, após aquela vergonha. Por que não foram às minas, vingar os trezentos mortos? Como poderiam entrar de novo em São Paulo do Campo de Piratininga, se estavam desonrados com a morte de seus companheiros?” E um dos membros da família ao voltar para casa será expulso e vai viver na casa de Margarida com a esposa. Cristina, nesse meio tempo, já estava de malas prontas para retornar ao Reino, mas com a notícia do retorno do marido, resolve que ficará até ele se restabelecer. Ficou muito fraco. E tenta descobrir a verdade sobre Isabel, mas Tiago não falará sobre o assunto, dirá apenas que é sua fraqueza, mas também sua força. E ao final todos irão reconhecer sua bravura na batalha tão sangrenta. Cristina começa a retornar ao Reino, mas Tiago sabe de sua gravidez e em um abraço a faz ver que apesar de toda a solidão que sente junto à essas mulheres, ficará com o marido. “Vou dizer-te uma coisa. As estrelas me haviam prometido alegria e triunfo. Não esperava que te fosses.”
Só para ilustrar, Laurentino Gomes em Escravidão, volume II, vai nos falar de duas figuras históricas que fazem parte desse contexto e estão presentes junto aos personagens: “Em 1707, graças ao carisma político e ao poder de seu exército particular, Nunes Viana foi aclamado pelos emboabas governador das Minas de Ouro, um cargo ainda inexistente na burocracia da colônia. A aclamação ocorreu à revelia da Coroa portuguesa e contra a vontade dos paulistas. Nessa condição, Nunes Viana logo entrou em confronto com o bandeirante Manuel Borba Gato, que até então mandava e desmandava no território em nome dos paulistas. Os ânimos foram se esquentando com escaramuças esparsas entre os dois lados até que um grupo de paulistas foi massacrado pelos emboabas no capão da Traição, na região do rio das Mortes, nas vizinhanças das atuais cidades de Tiradentes e São João Del Rei.” (pg. 103)

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Ana Carolina Wagner 16/09/2020

TAGARELICES DA CAROL
Um obra encomendada para homenagear o quarto centenário da cidade de São Paulo. Depois de um bom tempo esgotada, a @editorainstante presenteou, no primeiro semestre de 2020, os leitores com essa nova edição mega caprichada. Uma capa ao mesmo tempo atraente e repleta de referências.⁣⁣
⁣⁣
O livro narra a vida dos dos primeiros desbravadores do Brasil (início do século XVIII), com um grande destaque para a força das personagens femininas. A partir da família de Dom Braz Olinto, vamos conhecendo mais sobre o período das Bandeiras e os conflitos que culminaram na Guerra dos Emboabas. ⁣⁣
⁣⁣
Na minha opinião, o ponto alto dessa obra é que tudo é retratado através da perspectiva das mulheres, em como restavam a elas a eterna espera por seus homens e a vida nas fazendas. Uma leitura avassaladora, repleta de emoções e personagens fortes e com muitas reviravoltas. ⁣⁣
⁣⁣
Um relato impactante de como se deu a colonização de São Paulo. Descobrimos detalhes impressionantes sobre o que deve ter sido o modo de vida desses bandeirantes e de suas famílias. Temos homens e mulheres ambíguos, se de um lado vemos força e determinação, por outro, vemos grandes atrocidades, pessoas extremamente rudes, violentas e assassinas. A paisagem e os costumes são muito bem recriados, retratando as violências cometidas contra as mulheres, negros e indígenas. Temos um livro que é capaz de contar de maneira bastante eficiente e sem excesso de romantismo, o que realmente aconteceu nesse período da história do Brasil.⁣⁣
⁣⁣
Já conheciam a história? Sabiam da existência do livro ou só por causa de alguma das inúmeras adaptações, como a minissérie de 2000 feita por Maria Adelaide Amaral e exibida na Globo? ⁣⁣
⁣⁣
Eu recomendo muito a leitura desse clássico da nossa literatura, um romance histórico com ricos detalhes. Dinah narra a história de maneira tão vívida que nos sentimos dentro dela. Com certeza, um dos meus favoritos do ano!⁣⁣
⁣⁣
Estou esperando ansiosamente que seja relançado outro romance de grande sucesso da mesma escritora: Floradas na serra.⁣

site: https://www.instagram.com/tagarelicesdacarol/
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Lílian 11/10/2020

Uma leitura reveladora
Quando conheci a história, através da macrossérie da Globo, eu era adolescente e ainda não tinha a consciência crítica e a percepção de mundo que tenho hoje. Para a maior parte de nós, brasileiros, os bandeirantes eram homens corajosos que abriram o caminho para o futuro do Brasil. Era o que a escola e os livros, via de regra, ensinavam. A série, de certa forma, também deu um ar de heroísmo aos homens da Lagoa Serena. E, no fim das contas, não é spoiler, é história do Brasil, os bandeirantes não eram heróis.
No romance, Dinah Silveira de Queiroz dá um grande destaque à vida de sacrifícios que as mulheres desses homens enfrentavam no seu dia a dia, pois que ficavam responsáveis pela casa, pela terra e pela família, enquanto os homens se empenhavam pelo sertão atrás dos tesouros da terra brasileira.
É um recorte da sociedade dos primórdios de São Paulo, o machismo, o moralismo, a hipocrisia, a ganância, a crueldade, a exploração, o massacre dos naturais da terra, os povos indígenas, a escravidão crescente... Enfim, todos esses pilares vergonhosos em que os invasores do Brasil fundaram o país que vemos hoje.
Talvez, se eu tivesse lido esse livro na época em que conheci sua história, não teria notado a realidade por trás da trama, mas tivesse ficado apenas torcendo pelo casamento de Isabel e Tiago (o que dizer dessa história tão cheia de coisa errada?) ou encantada pelo amor de Margarida e Leonel.
Passei anos e anos tentando comprar o livro, que estava sempre esgotado, mas acho que acabei lendo na hora certa.
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Amanda 27/03/2022

A Muralha, Dinah Silveira de Queiroz
Cristina vem de Portugal para se casar com seu prometido em terras de São Paulo de Piratininga, e pelo seu ponto de vista acompanhamos um povo e um lugar ?de homens loucos e teimosos, e mulheres tão atrevidas e obstinadas?. O foco dessa história permeia as pessoas que fazem parte desta família de bandeirantes em meio à Guerra dos Emboabas.

Chamou minha atenção a escrita fluida da autora. Pontos positivos: 1. Sua narrativa concisa porém emocionante nos dois momentos de conflito e 2. por destacar a firmeza das personagens femininas nunca sendo piegas com estas. Ponto negativo: a pouca discussão da problemática do período que é toda a exploração humana, tanto índios como negros.

Eu AMO ler romances que misturam ficção e fatos históricos. Passar por regiões entre São Paulo e Minas nunca mais será igual. Dinah escreveu de maneira tão incrível que fico chateado por seu pouco reconhecimento. Assisti a minissérie na época em que foi lançada. O livro, mesmo não tendo o grande espaço que o formato audiovisual permitiu pra explorar outros pontos, se mantém interessantíssimo.

Curiosidade: na época não sabia que a minissérie era baseada em um livro e minha surpresa foi maior quando descobri que foi uma autorA! \o/ Uma grata surpresa conhecer Dinah! Quero ler mais dela!
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