O que é lugar de fala?

O que é lugar de fala? Djamila Ribeiro




Resenhas - O Que É Lugar de Fala?


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Juliete Marçal 02/08/2020

Quem pode falar?
"A fala estilhaça a máscara do silêncio."

Djamila Ribeiro dividi o livro em três capítulos, sendo eles: "Um pouco de história", "Mulher negra: O outro do outro" e "O que é lugar de fala", e com a ajuda de textos e trechos de entrevistas de outras autoras negras como Patrícia Hill Collins, Grada Kilomba, Lélia Gonzalez, entre outras, a filósofa discute, em especial, sobre o silenciamento e invisibilidade histórica da mulher negra, além de nos fazer pensar sobre a Standpoint Theory (a teoria do ponto de vista feminista) e o que é o lugar de fala. Portanto, temos como protagonista do livro o feminismo negro e a reflexão sobre o que é o lugar de fala. Lugar de fala que está diretamente e intrisecamente relacionado com a locus social (localização social).

"Lugar de fala é usado como interdito ou inércia. Não é nem uma coisa nem outra."

O livro propõe uma reflexão objetiva sobre o que a História silenciou: a voz das minorias. Por muito tempo, nós mulheres fomos silenciadas e postas como sombras tênues no processo histórico da humanidade. Partindo do pensamento que todo ser tem um lugar de fala, - então, sim, brancos tem lugar de fala no combate antirracista: a partir da sua vivência de pessoa que se beneficia da opressão -, Djamila percorre reflexões sobre "ser o outro do outro". Ela destaca a importância de não silenciarmos, partindo do local que estamos postos, pois a fala transcorre experiências que demarcam o lugar social e o ser em meio a coletividade. Nos faz refletir sobre de que lugar (locus social) falamos e que não são as nossas vivências pessoais, mas o que podemos ou não viver de acordo com o nosso lugar social, que é marcado por raça, gênero, classe social e orientação sexual. Mostra o quanto a nossa visão está presa ao que é considerado correto pelo pensamento branco patriarcal, e explica porquê é necessário existir um feminismo negro.

A autora também aborda o quão importante é a desmistificação de que o feminismo negro veio para separar o movimento, que necessitamos de vozes múltiplas, de representatividade (que está entrelaçado com o lugar de fala, mas que não são a mesma coisa). Também temos algumas reflexões sobre a questão das opressões divergentes e como todas se entrecruzam, fazendo assim, com que não deixemos de olhar para uma em detrimento de outra. Nenhuma opressão é mais importante que outra e nós precisamos entender isso. Não deve existir hierarquia de opressão.

"Ainda é muito comum se dizer que o feminismo negro traz cisões ou separações, quando é justamente o contrário. Ao nomear as opressões de raça, classe e gênero, entende -se a necessidade de não hierarquizar."

Enfim, numa linguagem simples, mas sem superficialidade, Djamila consegue explicar o que é lugar de fala a partir de uma contextualização a cerca do movimento feminista em suas relações com as questões de raça; nos fazendo perceber que reconhecer o racismo é extremamente necessário e que a normatização hegemônica nos conduz ao erro e mantém as desigualdades.

Definitivamente, temos aqui, um livro com um rico conteúdo sobre nossa sociedade machista patriarcal e de hegemonia branca que exclui tudo e todos que nela não se enquadram, que oprime e silencia todas as outras vozes. Mais do que falar do feminismo negro dentro da luta feminista, esse livro nos fala da importância de todas as lutas que estão presentes nas desigualdades sociais.

"Saber o lugar de onde falamos é fundamental para pensarmos as hierarquias, as questões de desigualdade, pobreza, racismo e sexismo."

Um livro para mergulhar e refletir. Profundo e conciso.

Recomendo imensamente a leitura!

Não é a toa que Djamila Ribeiro é uma das principais intelectuais brasileiras no feminismo. Uma voz de força do feminismo negro.

"Pensar lugar de fala seria romper com o silêncio instituído para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia."

^^
Juliana Rodrigues 04/08/2020minha estante
Mais um para a lista hahaha ?

Amei a resenha!


Juliete Marçal 04/08/2020minha estante
Obg! ?
Esse livro tem uma linguagem um pouco mais acadêmica, por causa das referências que ela traz ...
Mas mesmo assim é fácil de entender os seus questionamentos.
Leia! ;)




Ingrid_mayara 20/01/2019

Sobre ter tantas vozes e não saber qual delas usar
Fiquei confusa nas primeiras vezes em que ouvi falar sobre lugar de fala. Sob qual ponto de vista minha voz teria legitimidade, se as minhas características revelam a minha individualidade? Como falar de gênero numa sociedade subjugada pelo machismo? Como falar de negritude, se sou também descendente de povos indígenas? Como falar de orientação sexual, se a todo momento me dizem que “você nem parece lésbica”? Como falar de religião, se o agnosticismo é motivo de deboche? Como falar que sou paulista, se muitos dos meus vizinhos catarinenses defendem “o sul é meu país”? Essas e outras particularidades me tornavam mais ansiosa a cada dia. É difícil ser levada a sério quando não se sabe ou não se tem o direito de argumentar.

Eu pensava que lugar de fala fosse o equivalente ao conceito de representatividade. Há pouco tempo, comecei a acompanhar alguns movimentos sociais para tentar achar o meu lugar. Descobri que posso falar de todas as minhas vivências sem precisar desmerecer nenhuma delas. Posso falar também de assuntos que não vivi, desde que seja a partir do meu lugar de fala, de tudo o que sou, de tudo o que eu sei. É imprescindível que o mundo tenha histórias contadas a partir de outras perspectivas.

Ainda que já soubesse o significado do título, eu desconhecia diversos assuntos tratados pela autora. Anotei as referências descritas em “O que é lugar de fala?” para voltar a ler após conhecer as obras das autoras que Djamila Ribeiro apresentou. Ainda não é meu livro favorito da vida, mas certamente é um dos mais importantes.


site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
vaneperola 20/01/2019minha estante
Vou iniciar a leitura desse livro em breve, tá na meta para ler esse ano. Até já comprei.


Ingrid_mayara 20/01/2019minha estante
Que legal! Depois conta sua experiência pra gente.


vaneperola 20/01/2019minha estante
Certo! Amei ler a sua!


Ingrid_mayara 20/01/2019minha estante
:)


Kalyenne 20/01/2019minha estante
arrasou na resenha! :)


Ingrid_mayara 20/01/2019minha estante
Obrigada, Kalyenne!




Fabio Shiva 20/05/2023

Aprender o que é lugar de fala é expandir a consciência de um mundo melhor
Essa foi mais uma leitura preciosa a que tive acesso graças a meu irmão de Poesia e Capoeira, Tanderson Gangoji. Gratidão, camaradinha!

Penso que não é exagero dizer que a questão do lugar de fala está no “olho do furacão” das tensões, conflitos e polarizações que estão agitando o Brasil e o mundo. Pois pensar o lugar de fala nos remete inevitavelmente às pautas identitárias que estão no cerne do ódio e da intolerância que tanto adoecem a nossa humanidade. Cada vez mais fica evidente (assim espero) que a ignorância que gera racismo, machismo, homofobia, intolerância religiosa etc. é a grande força propulsora de movimentos trevosos como nazismo, fascismo, bolsonarismo. O que ainda não é tão evidente, mas começa a aparecer cada vez mais (assim espero), é que “não se combatem monstros tornando-se um deles”, ou seja, não se pode usar trevas para acabar com as trevas. Só se pode combater as trevas com a luz.

Por sincronicidade, eu estava terminando de ler esse pequeno grande livro de Djamila Ribeiro, “O Que É Lugar de Fala?”, quando recebi de um amigo essas reflexões polêmicas e muito bem articuladas de Pedro Dória, editor do Meio, sobre como “a esquerda identitária elegeu direita radical” no Chile (https://youtu.be/Lvvgz19BJOI). Uma das falas desse vídeo, em especial, toca no âmago dessa contradição: “Não tem como dar certo um movimento político que dá medo em quem simpatiza”, diz Pedro Dória, referindo-se ao “medo do cancelamento” que faz as pessoas evitarem sequer falar sobre temas sensíveis... como o lugar de fala.

Esse vídeo, conjugado com a leitura da Djamila Ribeiro, me fez pensar um bocado. A princípio concordei com todos os argumentos apresentados pelo Pedro Dória, mas então esbarrei no óbvio: vivemos (especialmente no Brasil) em uma sociedade injusta e desigual, construída a partir de privilégios de um lado e opressão do outro. A maioria das pessoas sequer chega a tomar consciência desses privilégios e dessa opressão. Então em que medida é lícito e justo pedir que as pessoas que se conscientizam dessa opressão e desse privilégio tenham a paciência de esperar que os inconscientes sejam “convencidos” da necessidade de redefinir os valores e a estrutura da sociedade? Talvez algum cínico ainda queira acrescentar: que esperem sentados...

Ao pensar no lugar de fala e nas pautas identitárias, só tenho duas convicções: 1) essas pautas são justas, necessárias, urgentes e 2) o conceito do lugar de fala pode ser uma boa ferramenta de conscientização a respeito dessa justiça, necessidade e urgência. O resto (graças a Deus) são dúvidas, indagações, questionamentos. Sobretudo nesse momento de exacerbação e até idolatria ao ódio, devemos nos acautelar contra pessoas que têm certeza de tudo.

Especificamente sobre o livro “O Que É Lugar de Fala?”, recomendo muito a leitura, que ajuda a desfazer tantos equívocos que cercam o tema. Anotei alguns dos trechos mais marcantes, que compartilho a seguir.

“Se não se nomeia uma realidade, sequer serão pensadas melhorias para uma realidade que segue invisível.”

“Segundo o Mapa da Violência de 2015, aumentou em 54,8% o assassinato de mulheres negras ao passo que o de mulheres brancas diminuiu em 9,6%. Esse aumento alarmante nos mostra a falta de um olhar étnico racial no momento de se pensar políticas de enfrentamento à violência contra a mulher.”

“A pensadora e feminista negra Lélia Gonzalez (...) criticava a hierarquização de saberes como produto da classificação racial da população. Ou seja, reconhecendo a equação: quem possuiu o privilégio social possui o privilégio epistêmico, uma vez que o modelo valorizado e universal de ciência é branco. A consequência dessa hierarquização legitimou como superior a explicação epistemológica eurocêntrica conferindo ao pensamento moderno ocidental a exclusividade do que seria conhecimento válido, estruturando-o como dominante e, assim, inviabilizando outras experiências do conhecimento. Segundo a autora, o racismo se constituiu ‘como a ‘ciência’ da superioridade eurocristã (branca e patriarcal)’.”

“(...) a linguagem dominante pode ser utilizada como forma de manutenção de poder, uma vez que exclui indivíduos que foram apartados das oportunidades de um sistema educacional justo. (...) Gonzalez refletiu sobre o modo pelo qual as pessoas que falavam ‘errado’ dentro do que entendemos por norma culta, eram tratadas com desdém e condescendência e nomeou como ‘pretoguês’ a valorização da linguagem falada pelos povos negros africanos escravizados no Brasil.”

Sobre movimentos identitários:

“(...) o objetivo principal ao confrontarmos a norma não é meramente falar de identidades, mas desvelar o uso que as instituições fazem das identidades para oprimir ou privilegiar. (...) Logo, não é uma política reducionista, mas atenta-se para o fato de que as desigualdades são criadas pelo modo como o poder articula essas identidades; são resultantes de uma estrutura de opressão que privilegia certos grupos em detrimento de outros.”

Ideia que gera resistência e que...
“faz com que pessoas brancas, por exemplo, ainda insistam no argumento de que somente elas pensam na coletividade (...). Ao persistirem na ideia de que são universais e falam por todos, insistem em falarem pelos outros, quando, na verdade, estão falando de si ao se julgarem universais.”

“Tirar essas pautas da invisibilidade e um olhar interseccional mostram-se muito importantes para que fujamos de análises simplistas ou para se romper com essa tentação de universalidade que exclui.”

Partindo de Simone de Beauvoir:

“Diz-se que a mulher não é pensada a partir de si, mas em comparação ao homem. É como se ela se pusesse se opondo, fosse o outro do homem, aquela que não é homem.”

Sueli Carneiro concebe a mulher negra como “o outro do outro”:

“Quando falamos que a mulher é um subproduto do homem, posto que foi feita da costela de Adão, de que mulher estamos falando? Fazemos parte de um contingente de mulheres originárias de uma cultura que não tem Adão. Originárias de uma cultura violada, folclorizada e marginalizada, tratada como coisa primitiva, coisa do diabo, esse também um alienígena para a nossa cultura.”

“O problema seria quando as diferenças significam desigualdades. O não reconhecimento de que partimos de lugares diferentes, posto que experenciamos gênero de modo diferente, leva à legitimação de um discurso excludente, pois não viabiliza outras formas de ser no mundo.”

“A nossa hipótese é que a partir da teoria do ponto de vista feminista é possível falar de lugar de fala.”

“Seria preciso entender as categorias de raça, gênero, classe e sexualidade como dispositivos fundamentais que favorecem as desigualdades e criam grupos em vez de pensar essas categorias como descritivas da identidade aplicadas a indivíduos.”

“O falar não se restringe ao ato de emitir palavras, mas de poder existir. Pensamos lugar de fala como refutar a historiografia tradicional e a hierarquização de saberes consequente da hierarquia social.
Quando falamos de direito à existência digna, à voz, estamos falando de locus social, de como esse lugar imposto dificulta a possibilidade de transcendência. Absolutamente não tem a ver com uma visão essencialista de que somente o negro pode falar sobre o racismo, por exemplo.”

Ponto crucial do livro, ao meu ver:

“No debate virtual, aqui no Brasil, nos acostumamos a ouvir os mesmos equívocos (...). ‘Fulana está falando a partir das vivências dela´, como se essas vivências, por mais que contenham experiências advindas da localização social de fulana, se mostrasse insuficiente para explicar uma série de questões. Como explica [Patricia Hill] Collins, a experiência de fulana importa, sem dúvida, mas o foco é justamente tentar entender as condições sociais que constituem o grupo do qual fulana faz parte e quais são as experiências que essa pessoa compartilha ainda como grupo. Reduzir a teoria do ponto de vista feminista e lugar de fala somente às vivências seria um grande erro, pois aqui existe um estudo sobre como as opressões estruturais impedem que indivíduos de certos grupos tenham direito à fala, à humanidade. O fato de uma pessoa ser negra não significa que ela saberá refletir crítica e filosoficamente sobre as consequências do racismo. Inclusive, ela até poderá dizer que nunca sentiu racismo, que sua vivência não comporta ou que ela nunca passou por isso. E sabemos o quanto alguns grupos adoram fazer uso dessas pessoas.”

“Por isso, seria igualmente um equívoco dizer que essa teoria perde validade pela existência de indivíduos reacionários pertencentes a grupos oprimidos. E assim seria porque Collins não está negando a perspectiva individual, mas dando ênfase ao lugar social que ocupam a partir da matriz de dominação. Por mais que sujeitos negros sejam reacionários, por exemplo, eles não deixam de sofrer com a opressão racista – o mesmo exemplo vale para outros grupos subalternizados. O contrário também é verdadeiro: por mais que pessoas pertencentes a grupos privilegiados sejam conscientes e combatam arduamente as opressões, elas não deixarão de ser beneficiadas, estruturalmente falando, pelas opressões que infligem a outros grupos. O que estamos questionando é a legitimidade que é conferida a quem pertence ao grupo localizado no poder.”

“O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém, o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas. A teoria do ponto de vista feminista e lugar de fala nos faz refutar uma visão universal da mulher e de negritude, e outras identidades, assim como faz com que homens brancos, que se pensam universais, se racializem, entendam o que significa ser branco como metáfora do poder, como nos ensina [Grada] Kilomba. Com isso, pretende-se também refutar uma pretensa universalidade. Ao promover uma multiplicidade de vozes o que se quer, acima de tudo, é quebrar com o discurso autorizado e único, que se pretende universal. Busca-se aqui, sobretudo, lutar para romper com o regime de autorização discursiva.”

“Quando existe algum espaço para falar, por exemplo, para uma travesti negra, é permitido que ela fale sobre Economia, Astrofísica, ou só é permitido que ela fale sobre temas referentes ao fato de ela ser uma travesti negra? Saberes construídos fora do espaço acadêmico são considerados saberes? Kilomba nos incita a pensar sobre quais são os limites impostos dentro dessa lógica colonial e nos faz refletir sobre as consequências da imposição da máscara do silêncio.”

Reflexão de Grada Kilomba:
“Há um medo apreensivo de que, se o sujeito colonial falar, o colonizador terá que escutar. Ele/ela será forçado a um confronto desconfortável com as verdades dos ‘Outros’.”

“Ideias e verdades desagradáveis seriam mantidas fora da consciência por conta da extrema ansiedade, culpa e vergonha que elas causam.”

“Um dos equívocos mais recorrentes que vemos acontecer é a confusão entre lugar de fala e representatividade. Uma travesti negra pode não se sentir representada por um homem branco cis, mas esse homem branco cis pode teorizar sobre a realidade das pessoas trans e travestis a partir do lugar que ele ocupa.”

“Porém, falar a partir de lugares é também romper com essa lógica de que somente os subalternos falem de suas localizações, fazendo com que aqueles inseridos na norma hegemônica sequer se pensem. Em outras palavras, é preciso, cada vez mais, que homens brancos cis estudem branquitude, cisgeneridade, masculinos.”

“Numa sociedade como a brasileira, de herança escravocrata, pessoas negras vão experenciar racismo do lugar de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por conta desse sistema de opressão. Pessoas brancas vão experenciar do lugar de quem se beneficia dessa mesma opressão. Logo, ambos os grupos podem e devem discutir essas questões, mas falarão de lugares distintos. Estamos dizendo, principalmente, que queremos e reivindicamos que a história sobre a escravidão no Brasil seja contada por nossas perspectivas também e não somente pela perspectiva de quem venceu.”

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2023/05/aprender-o-que-e-lugar-de-fala-e.html



site: https://www.instagram.com/prosaepoesiadefabioshiva/
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Renata 02/06/2020

"Eles têm fatos, nós temos opiniões, eles têm conhecimento; nós, experiências."
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Fabianne 22/04/2023

Quem tem o lugar de fala?
Segundo Djamila todos nós temos um lugar de fala na perspectiva da análise do discurso. Por exemplo:

Um homem nunca teve cólicas menstruais na vida, quando fala sobre cólica menstrual, de qual lugar pronuncia seu discurso? Pode ser do lugar de pesquisador do assunto, um médico ginecologista e até mesmo de uma pessoa que poderá usar seu lugar de fala com irresponsabilidade e falta de empatia.

É necessário então usar esse lugar de fala com responsabilidade e respeito.

Pessoas brancas, amarelas ou pretas pode usar seu lugar de fala para discutir dados estatísticos de que uma mulher branca ganha 30% menos que os homens brancos, o homem preto ganha menos do que a mulher branca e a mulher preta ganha menos do que todo mundo.

Sim podemos e devemos discutir e estudar sobre os atuais problemas sociais, para que possamos melhorar como seres humanos nesse mundo de tantas controvérsias.
sem apelido 23/04/2023minha estante
???




Gabrielle Hensel 19/08/2020

Indispensável!
Essa nova era do cancelamento das redes sociais acaba nos confundindo bastante acerca de lugar de fala, posicionamento e legitimidade para falar sobre assuntos. Os apontamentos desse livro são incríveis para quem está inserido nesse mundo e se depara com esses questionamentos o tempo todo.
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@umapaixaochamadalivrosblog 11/09/2021

Didático.
Oi, leitores. Mais um #livrolido da coleção Feminismos plurais e esse foi na faixa, em e-book pelo Prime Reading (empréstimo disponibilizado pra quem é assinante da Amazon, o que é muito bacana, o único ponto negativo é que precisa de conexão wi-fi). Mais um texto didático e acessível ao público para explicar o conceito e suas implicações.
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Natalie.Rios 08/06/2020

Leitura contemporânea fundamental
O livro, principalmente nas primeiras partes tem uma linguagem bastante acadêmica, cheia de referências a outros autores e filósofos. Há bastante citações de outras estudiosas no tema, e com o andar da leitura a gente vai entendendo aonde se quer chegar com a questão do lugar de fala.
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Gabi 24/10/2020

Esse foi o livro da Djamila que tive um pouquinho mais de dificuldade de ler, mesmo terminando tão rápido. Foi questão de uma linguagem mais formal do que me lembrava dos outros livros (o que é necessário, para o tipo de livro) que tornou um pouquinho difícil. Mas o tema é abordado muito bem e ela explica detalhadamente o que é o tal 'lugar de fala', um livro extremamente necessário.
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Yasmin.Lima 13/12/2021

O que é lugar de fala?
Mais um livro incrível de uma autora essencial nós dia atuais, um livro que fala sobre racismo e o lugar de fala.
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Betania.Gomes 26/05/2020

Ler este livro é como sair da caverna de Platão.

É um livro para todos os públicos.
Para quem concorda com o pensamento e também para quem discorda.

Linguagem clara e objetiva, parece que a autora está conversando com você.

Vale a leitura. Aprendi muito.
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eduardabuainain 10/07/2020

Projeto bacana
Bacana esse projeto de levar conhecimento pra população de forma acessível, com preços baixos e linguagem tranquila de entender. E conta com algumas boas referências acadêmicas.
Tema bem importante para ser estudado por todos e todas!
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Roseane 06/03/2020

O que e lugar de fala?
“O lixo vai falar, e numa boa”. Com as palavras de Lélia Gonzales o livro se encerra. A frase é forte e impactante, mas uma coisa é certa. Vai ter fala!

O livro começa com a história de Sojouner Truth, mulher negra, afro-americana, escritora e ativista, que teve a escravidão como um atravessamento da sua existência. Sorjouner em 1851 fez um discurso emblemático que dizem ter sido de improviso, mas considero improviso apenas o momento (oportuno) de proferir suas sábias palavras. Em um local de poder (Convenção dos direitos da Mulher nos EUA) e na frente de seus algozes homens brancos e mulheres brancas, essa voz que deveria estar silenciada (devido a estrutura social e racial) se pronuncia e denuncia: E eu não sou uma mulher?
Ela aponta e fala “aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulheres ...”. Que mulheres são essas?
Eu fico imaginando o climãoooo. Uma mulher preta apontar para um homem branco e dizer: e eu?
O fato é que a crítica a universalização da mulher tem sido feita por mulheres negras por longas datas.
Autoras como Lélia Gonzales, bell hooks, Audre Lorde, Giovana Xavier, Grada Kilomba, Conceição Evaristo, Luiza Bairros, Gayatri Spivak e muitas outras vozes femininas negras compõe a constelação citadas nessa obra.
A ausência do recorte racial no feminismo privilegia a um grupo e silencia outro. De acordo com essa concepção enquanto mulheres brancas reivindicavam trabalhar, meninas negras eram inseridas no trabalho doméstico muito novas, sendo então podadas de outras oportunidades.

Assim, voltando a autora Lélia Gonzales, que com o poder da linguagem provocava e desestabilizava a epistemologia dominante denunciando a ausência do debate racial. Ela ainda ressaltava que quando o debate era feito por homens brancos, havia visões distorcidas e equivocadas da realidade como as de “seu Caio” (Caio Prada Junior).

Dessa forma de entendimento podemos depreender que exercício o de falar do seu local social deve existir.
Lugar de fala não é fazer alguém se calar para o outro falar. Todos podem e devem falar e a autora não deixa dúvida quanto a importância de que todos devem ser ouvidos. Mulheres negras, latinas e indígenas vêm sendo historicamente silenciadas e estruturalmente não ouvidas.
Tendo em vista que, a mulher é pensada a partir do homem e esses as colocam hierarquicamente em local de submissão e dominação podemos pensar que enquanto coletividade o homem só é homem porque tem o Outro (a mulher), assim como o asfalto tem a favela, a Europa tem as colônias ... O sujeito só se põe em se opondo (Simone de Beauvoir).

E a mulher negra?
Para Grada Kilomba devido a difícil reciprocidade e por não serem nem brancas e nem homens, mulheres negras exercem a função de o Outro do Outro.
A precariedade no trabalho segundo a pesquisa do IPEA de 2016 dão os seguintes resultados: homens brancos 20,6%, mulher branca 26.9%, homem negro 31,6% e mulher negra 39,6%.
Pesquisas como essa deveriam ser alvo de políticas públicas com foco na correção das desigualdades. Responsabilidade essa do estado e da sociedade. Não pode ser considerado “normal” não ter negro médico ou engenheiro e ter negro exclusivamente em posições lidas como de subalternidade.
As diferenças devem ser denunciadas. Invisibilidade mata!

A origem do termo lugar de fala é imprecisa, mas ele enuncia que é preciso falar de pontos silenciados pela hegemonia. Diferentes locais sociais resultam em diferentes experiências. Pessoas do mesmo local social podem ter experiências diferentes, lugar de fala não é essencialidade.
O fato de uma pessoa ser negra não significa que ela seja especialista nos debates raciais. E se uma pessoa negra disser que nunca sofreu racismo não significa que racismo não existe. O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar.
O projeto colonial, hegemônico visa impor silêncio pois há um medo do sujeito colonial falar e o colonizador tem medo de escutar devido a disputa de poder. Como disse a historiadora Celia Maria Marinho de Azevedo: Onda negra, medo branco.
Pessoas brancas tem dificuldade de ouvir pois a tiraria de seu lugar cômodo e confortável.
O falar não se restringe ao ato de emitir palavras, mas de poder existir.

Todas as pessoas possuem lugar de fala. Fale a partir do seu lugar.
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Adriane Souza 08/08/2020

Essencial!
"Quem pode falar?", "O que acontece quando nós falamos?" e "Sobre o que é nos permitido falar?"
Questões como estas a qual foram referenciadas da autora Grada Kilomba, são suscitadas no livro de Djamila Ribeiro, "O Que é Lugar de Fala?". Livro este essencial para romper paradigmas que surgiram ao decorrer dos anos, principalmente na internet, sobre o real conceito do termo "lugar de fala"; que por muitos é confundido por "representatividade". Djamila nos dá uma verdadeira aula recheada de referências fundamentais para entender o movimento negro, apresentando termos, conceitos e lutas advindas desde o século XIX, ao abordar sobre temas como o racismo, feminismo negro e localização social, para que no fim possamos entender com melhor exatidão as minuciosidades riquíssimas que compõem o título da obra.
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Paula 11/08/2020

boa introdução ao tema
O livro tem uma linguagem muito mais acadêmica do que eu esperava, e em muito momentos creio que não consegui entender (por minha limitação com o tema) a totalidade do que era falado. Ainda assim, a leitura é bastante fluída, apresenta tbm um "compilado" de reflexões já levantadas anteriormente por outras pensadoras e contribui muito para a melhor compreensão deste tema.
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