Marco Antonio da Silva Filho 10/02/2024
Bons princípios, mas por que?
Li esse livro por recomendação de uma psicóloga. Se não, dificilmente me sentiria atraído a ler o livro por esse título. Inclusive, o livro pode incomodar alguns por ter muitos palavrões, principalmente no início.
O livro apresenta muitos princípios para a vida. Bons princípios, em sua maioria. Fala sobre humildade para aprender com os erros, a importância de saber conviver com a dor e o sofrimento, conhecer seus valores e, quem sabe, substituir por valores melhores... fala sobre a felicidade não ser a busca constante pelo prazer e pelo sucesso, e sobre a vida não ter que ser uma mar de rosas, mas estarmos lidando constantemente com problemas (a questão é saber escolher com quais problemas queremos lidar).
Particularmente, gostei do capítulo sobre relacionamentos. Fala sobre limites, construção de confiança e também sobre liberdade e compromisso. Uma citação desse capítulo:
"A liberdade nos dá a oportunidade de encontrar um significado maior, mas ela em si não tem necessariamente nada de significativo. No fim das contas, a única maneira de encontrar significado e propósito é rejeitar alternativas, num processo que constitui um estreitamento da liberdade, ao escolher formar vínculos e assumir compromissos com um lugar, uma crença ou (ai!) uma pessoa."
Percebi duas coisas ao longo da leitura:
Primeiramente, dos princípios apresentados, o autor busca chegar a eles de uma maneira bem secularizada, ainda que a religião também aponte alguns desses princípios. Utiliza até um exemplo da história de Buda, mas o autor faz questão de se desvencilhar do aspecto religioso, focando no aspecto "biológico".
A segunda coisa, talvez consequência da primeira, é que tive a impressão de que o autor aponta esses princípios porque "eles funcionam". Ele não usa essas palavras, mas foi a percepção que tive quando o autor sugere não conhecermos a nós mesmos. Por quê? "Para viver em estado de constante descoberta". Isso até contradiz o que ele fala sobre avaliar os valores pelos quais vivemos.
Agora falando de um modo geral, não apenas particularmente sobre esse livro (que, repito, possui vários bons princípios), parece-me que há essa dificuldade: buscamos valores melhores, buscamos viver por algo maior que nós mesmos... mas sem Deus, sem algo além deste mundo material, fica difícil ter um fundamento sobre o qual esses valores se alicerçam, fica difícil quando tudo está fadado a se desfazer e a eternidade não é uma opção. Por isso, em leituras assim, para mim parece faltar algo, o real "porquê" de tudo isso.