Bárbara 03/04/2020Bem interessanteNo segundo livro da série, reencontramos Hanne Whilhelmsen numa Oslo acometida pelo calor. Ela é convocada para uma cena de crime bárbaro: as paredes, repletas de sangue; uma sequência de 8 números, aparentemente sem nexo, está destacada, também em sangue; todavia, nenhum corpo, o que deixa a polícia sem saber como agir. Essa situação peculiar repete-se mais duas vezes, sempre aos sábados, com números novos.
Em meio a tantos crimes, Hanne é destacada para investigar um estupro, que aconteceu também num sábado. Ela está exausta; o departamento tem poucos policiais, e os crimes só crescem. Muita coisa acaba por não ser investigada como deveria, e esse é justamente o mote deste livro. Além disso, ser mulher num mundo masculino não é nada fácil, e ela tem que se provar capaz a cada momento.
Kristine é uma jovem que foi estuprada em sua casa. Em estado de choque, sente bastante dificuldade de fazer um retrato falado do agressor. O que aconteceu a tirou do eixo, tanto física quanto emocionalmente, e ela só pensa em como voltar à vida normal, sabendo que o agressor está a solta. Seu pai, Finn, frustrado por não ver a polícia fazer nada, resolve investigar por conta própria e arquiteta um plano de vingança.
O que a Hanne não poderia imaginar é que esse estupro acaba se relacionando com as cenas dos outros supostos crimes.
Narrado em terceira pessoa, a escrita da autora é ágil. Vemos um departamento de polícia desacreditado pela população de um lado, e Hanne e demais policiais - sobrecarregados - na corrida contra o tempo para desvendar o mistério, de outro. Com uma escrita envolvente, descobrimos as razões do assassino somente nas páginas finais. Aliás, são nessas páginas que a carga fica ainda mais elétrica. O que é bem interessante nos enredos da Anne Holt são o dia a dia policial norueguês, repleto de burocracias e longe de ser perfeito.
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