Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/12/2018Resenha para o blog Pétalas de LiberdadeA história é narrada por Melissa, uma jovem de vinte e um anos que perdeu a mãe Angelina e o padrasto Oliver há poucos meses. Eles moravam em São Paulo, mas ao se ver sozinha com a pequena Alice, sua irmã caçula, Melissa decidiu se mudar para a casa de George, seu avô. Melissa havia morado parte de sua infância com ele, a mãe e a avó em Campo Alto, uma cidadezinha turística aos pés de uma montanha, até que Angelina resolveu levar a filha para longe de todos os boatos que cercavam as duas pelo fato dela ser mãe solteira.
Agora, com Melissa de volta, os boatos talvez recomeçassem, mas não seriam tão fortes, já que havia outra família excêntrica em Campo Alto: os Von Berg, donos das terras da montanha que tinha fama de ser assombrada. Alexander e Viviana, que trabalhavam na Casa Botânica, até eram simpáticos, apesar de não se misturarem muito, mas o primo deles, Vincent, morador da cidade há cerca de um ano, um rapaz muito alto, sempre vestido de preto, mal-humorado, antipático e com jeito de vilão de filme antigo, causava medo nos demais moradores.
Tudo o que Melissa e George queriam era reconstruir a família marcada pela perda recente da esposa, da única filha e do genro dele, para que Alice pudesse ter uma infância saudável. Se para Melissa a saudade da mãe era dolorosa, ela imaginava que também era difícil para Alice, e temia que a irmã estivesse encontrando nas fantasias infantis uma fuga para sua dor. Melissa estava disposta a se dedicar totalmente à irmã, mas precisava lidar com o medo do avô de que ela estivesse deixando sua vida de lado. Por isso, Melissa se via tendo que conviver com Arthur, irmão da melhor amiga de infância dela e filho do casal de melhores amigos de George. Na infância, Arthur era muito implicante e Melissa, desastrada por natureza, era um alvo fácil para ele. Mas agora, adulto, Arthur talvez pudesse se mostrar um bom amigo, ou algo mais...
"-Melissa... Você precisa evitar esse tipo de coisa. Por nós.
- Coisa? - questionei, em dúvida à qual coisa George se referia.
- A morte.
O silêncio tomou a cozinha por um bom tempo. Foi o sermão mais curto que ouvi em toda minha vida. Sabia que George não esperava uma resposta, aquilo era mais um apelo. E eu era a única que podia entender seus motivos." (página 87)
Falando em ser desastrada, nossa protagonista é mesmo atrapalhada, e sempre que esbarrava em Vincent pela cidade pequena, tinha confusão. Melissa perceberia que ele merecia sim a fama de grosseiro. Mas Melissa também se sentiria atraída por aqueles olhos turquesa escondidos no homem sombrio. O que ela descobriria depois, é que a família da montanha estava mais ligada à ela do que imaginava, não só pelo fato de, anos atrás, Melissa ter se perdido nas terras dos Von Berg e ser encontrada com uma cicatriz e sem se lembrar de nada daquelas horas em que esteve desaparecida. Caso se aproximasse de Vincent, poderia ser perigoso? Valeria o risco?
Eu já havia visto muitos comentários positivos sobre "Cores de Outono", e já nas primeiras páginas percebi que ele realmente merecia entrar para o seleto catálogo da Mundo Uno. A Keila tem uma escrita muito fluida e envolvente (apesar de eu achar que algumas vezes a palavra SUV poderia ter sido trocada por carro ou outro sinônimo). Ela descreve as cenas de uma forma que é muito fácil visualizar os cenários e compreender a dor e o medo que a protagonista experimenta ao perder as pessoas que mais amava e receber a responsabilidade de cuidar da irmã.
"A linha tênue que nos separava dos perigos desse Mundo Mágico era inexistente e agora eu podia ter uma dimensão do perigo que nos envolvia." (página 337)
A história tem todo um ar sombrio, marcado pelo luto de Melissa e George, complementado pelo clima de Campo Alto, nublado e chuvoso, além de todos os mistérios que rondam a montanha e a família Von Berg. Destaco que há sim cenas divertidas e leves, como a esperteza e fofurice da Alice e a bonita interação entre a família de George e Arthur.
Eu sabia que esse era um livro que misturava romance com fantasia, e tinha algumas teorias sobre o que havia de sobrenatural na família dos Von Berg, mas a autora conseguiu brilhantemente me deixar em dúvida sobre se o que eu via era algo comum, aumentado pelo medo do novo em Campo Alto, ou realmente algo mágico. Fiquei tão surpresa quanto a Alice quando as primeiras respostas foram dadas. O que posso adiantar para vocês é que nessa história a gente tem um universo mágico maravilhoso, com muitos seres sobrenaturais (elfos, magos, demônios...).
"Cores de Outono" é o primeiro volume da trilogia das Cores (os outros dois livros "Sombras da Primavera" e "Luz de Inverno" já foram publicados), tem um final que conclui uma parte da trama, mas acho impossível alguém não sentir vontade de ler os outros dois pra descobrir o que mais nos aguarda nessa trilogia. Acredito que a personalidade dos protagonistas deve evoluir (com Vincent se tornando menos fechado e Melissa menos insegura e mais aberta ao sobrenatural) e vamos compreendê-los melhor nos próximos volumes.
A edição da Mundo Uno tem uma capa que passa bem a ideia de outono, páginas amareladas e diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.
site:
https://petalasdeliberdade.blogspot.com/2018/07/resenha-e-sorteio-livro-cores-de-outono.html