Ferdydurke

Ferdydurke Witold Gombrowicz




Resenhas - Ferdydurke


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Vini 30/08/2014

Maturidade e seus rótulos.
Me surpreendi como consegui ler esse livro, desconhecido, em tão pouco tempo, mesmo pq não possuia o hábito da leitura. Ferdydurke é surreal, fluente, cômico e suas dissertações em meio à trama são um alívio reflexivo maravilhoso. O grande problema vai ser encontrar esse livro a venda, espero ter a sorte de colocá-lo em uma futura coleção.
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Frankcimarks 26/09/2020

Poderia ser melhor
Gostei da escrita, mas não da história. Se fui até o final, foi pela escrita do autor, que consegue nos prender mesmo num texto tão confuso. Esse livro é tão caótico quanto os sonhos. Seu título, a meu ver, faz jus à obra, já que não possui nenhum significado. Ferdydurke é uma palavra vazia, sem sentido, o que exprime perfeitamente o enredo, que nada diz. Talvez eu não seja tão inteligente, talvez não saiba interpretar sonhos, o fato é que esperava muito mais desta obra.

Acredito que se a narrativa seguisse os moldes tradicionais, eu teria me agradado mais. Contudo, entendo a importância da inovação, mesmo na literatura. Deixo aqui apenas as minhas impressões: o autor quis tirar sarro da nossa cara, da cara dos críticos. Este livro, se não é uma afronta, é um deboche com certeza. Enfim, não sei.
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Matheus 24/05/2020

Esse livro me representa como a minha parte ruim de 16 anos
Infantilidade. Geração Pós-guerra. Machismo. Filosofia. Amontoados. Conceitos. As Vezes Não dá Para Entender. As Vezes dá. Três ou Quatro "Fases"
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Júlio 01/09/2017

Ferdydurke conta a história de Józio, homem de 30 anos que se vê cativo no corpo de um adolescente e é obrigado a voltar para escola e interagir com a fauna maliciosa, violenta e imatura do ensino médio polonês. Aliás, imaturo aqui é mais que um adjetivo, é a filosofia de vida de Gombrowicz, é a forma com que ele encara e produz sua arte, Ferdydurke é preenchido com os termos "bumbum" e "fuça" (aliás, sugiro ler a nota do tradutor no final do livro antes de começar a leitura, vai esclarecer muito quais as idéias empregadas na produção do texto) que ilustram as idéias principais do livro, metáforas infantis que são utilizadas para descaracterizar e rotular os personagens.

No meio da trama Gombrowicz insere duas histórias curtas, onde ambas tem seu próprio prefácio nos quais o autor justifica e explica sua forma de vivenciar e lidar com a literatura, zombando daqueles que buscam enaltecer a forma e correr atrás de um ideal erudito que não só é inalcançável como também não há motivos de querer alcançá-lo. Na concepção de Gombrowicz a arte deve ser um veículo de expressão, e não é a toa que o livro zomba de quem pretende buscar significados profundos em cada cena absurda vivida por Józio.

Não que o livro seja vazio de significado, pelo contrário, ele é sim profundo, imaturamente profundo. O narrador, sendo o próprio Józio, é inconstante, dúbio, suspeito, não propositalmente e sim porque se deixa levar pela sua imaturidade. Ele acredita no que vê, no que deve ser feito, mas de forma tão incerta que o leitor fica em dúvida se a cena que se passa realmente é da forma que o narrador descreve, se realmente existe um significado mais profundo por trás de suas ações, provavelmente sendo um prenúncio do que viria a ser Cosmos.

A obra é uma farsa, no melhor sentido da palavra. Muitos são os paralelos com Kafka na situação em que Józio vive, mas ao invés de querer mostrar a fragilidade das relações humanas, a melancolia naquilo em que não exercemos força e ainda sim nos define, a mensagem da obra é cômica, por mais trágico que sejam alguns dos eventos, por mais maldosos que sejam os personagens, a maldade e a lascividade aqui são caricaturas, sinceras e exageradas, onde existem como fruto da imaturidade, essa que guia todos os personagens, não só os adolescentes como também os adultos. O absurdo aqui é muito diferente do apresentado pelo autor de Pornografia e Cosmos, ainda sim é como se todas as obras fossem pintadas com a mesma palheta de cores, não importa se é uma cena cômica, violenta ou surreal.

Ferdydurke é considerado como uma das grandes obras de Gombrowicz (junto com o seu diário, que até onde eu sei não tem tradução para o português), e por mais que as razões fiquem claras após a leitura ainda prefiro a vilania e o absurdo "realista" de Pornografia e Cosmos. Considero Gombrowicz como um dos meus autores favoritos, não há na literatura nada que se compare com sua obra, pelo menos nada que eu tenha encontrado durante minhas leituras.
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jota 02/11/2017

Era uma vez em Varsóvia...
Ferdydurke não é o nome de alguém, de algum lugar ou de alguma coisa. Só é mencionado na capa e nos créditos bibliográficos, depois desaparece do romance publicado em 1937 pelo polonês Witold Gombrowicz (1904-1969). No entanto, esse mistério não impediu que o tcheco Milan Kundera sobre ele afirmasse que se trata de "Um dos principais romances do século XX." Para Susan Sontag, que escreveu o prefácio da obra, Ferdydurke é "Extravagante, brilhante, perturbador, audaz, engraçado... maravilhoso." Depois de minha experiência com ele poderia colocar mais um adjetivo nessa lista: desconcertante.

O livro começa com um toque kafkiano: como o Gregor Samsa de A Metamorfose, um homem de trinta anos, o escritor Jozio Kowalski, acorda numa terça-feira e vê-se transformado em um adolescente, que em seguida é raptado e levado para um colégio interno, que não é exatamente um modelo de estabelecimento de ensino. A partir de então acompanhamos suas tentativas de escapar desse pesadelo de olhos abertos, fugir dali, voltar à sua vida anterior. São episódios verdadeiramente quixotescos nos quais Jozio é envolvido.

Toda a sua aventura se passa de maneira alucinada, tudo nos é contado "através de uma narrativa pouco usual, marcada por uma linguagem semelhante à dos sonhos", conforme está assinalado na sinopse aqui no Skoob. E aí, de volta a Susan Sontag, ela nos lembra que Ferdydurke pode ser relacionado com as aventuras de Alice, a inesquecível personagem de Lewis Carrol. Há quem igualmente associe Gombrowicz ao conterrâneo Bruno Schulz, o autor de Lojas de Canela e Hospício, livros de contos pra lá de originais.

Admirado por John Updike ("uma das sátiras mais verdadeiras e engraçadas já impressas") e Ernesto Sabato (para quem Gombrowicz colocava em cena "os mais graves dilemas da existência humana"), Ferdydurke desconcertou os especialistas em literatura na época do lançamento e continua deixando desconcertados os leitores mais de setenta anos depois. Sobre o que seria esse livro? Continuando com Sontag, ela levanta a hipótese de que no fundo mesmo ele é sobre desejo sexual (sem que haja uma única cena de sexo na história toda, ela lembra) e imaturidade, mas tudo escrito em tom cômico e irônico, característica da literatura de Gombrowicz. É para pegar ou largar, divertir-se ou não.

Lido entre 21/10 e 02/11/2017.
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