Ratinha de Biblioteca 03/04/2023Arrastado e sem coesãoSabe quando você vai virar uma página e passa mais de uma, começa a ler e percebe o erro e volta? Bem, fiz isso umas três vezes no início deste livro até perceber que não, não era eu que estava virando mais de uma página e lendo, era a autora que deixou "furos" na história!
A personagem principal é Eliza, inglesa, órfã de pai, com uma mãe relapsa, ela morou na Índia quando criança e retornou agora adulta e viúva. Ela é uma fotógrafa no início da carreira e vai morar no castelo dos governantes indianos da região de Rajputana para fazer registros fotográficos mais informais. Para quem? Não é explicado. Por que Clifford Salter, o responsável por levá-la até lá, parece ter tanta influência sobre os governantes indianos e autoridades inglesas? Não é falado.
Em determinado momento, um dos governantes indianos irá iniciar um projeto de infraestrutura, sugerido por Eliza, e por influência dela (?), receberá auxílio financeiro dos ingleses por meio de Salter. Como?! Não explica. Mais para frente, fica parecendo que esses governantes não têm dinheiro nenhum! Como, se possuem várias jóias, castelos e residências?!
Ela acabou de chegar e Salter se apaixona e quer casar e ela irá "manipulá-lo" por meio dessa atração. Ao mesmo tempo que faz isso, ela se irrita com o resultado! Bem assim: "vou te visitar toda arrumada para falar dos interesses dos meus amigos indianos, quero que você os ajude, vou flertar e ir embora." Na história é dito que eles se conheciam quando ela era criança, mas não há nada narrado que faça o leitor entender essa relação.
Mas, não é Salter o amor de Eliza. É alguém por quem não deveria se apaixonar, claro! E ela se apaixona como quem liga um interruptor! Do nada! No início, Jayant a irritava, ela o achava superficial e "playboy" e, depois de cerca de 1/4 do livro, sem nenhum diálogo interessante ou romântico com ele que o leitor tenha tido acesso e sem nenhum contato físico, ela começa a pensar nos olhos cor de âmbar e na pele cor de bronze dele e suspirar. Afff! Se era para ser tão abrupto, deixasse claro desde o início que ela se sentiu atraída por ele!
Há várias outras coisas super irritantes:
* Eliza percebe que está sendo vigiada, mas insiste em continuar no castelo, sendo que no início queria uma casa só para ela. Na verdade, ela irá descobrir que há muitas passagens secretas, formas de se espionar todo mundo e continua agindo naturalmente. ?
* Indira é uma personagem que deveria ser a tensão entre eles? Amiga ou inimiga de Eliza? Toda a parte em que ela participa parece extremamente artificial! Inclusive o desfecho desta personagem! ?
* O lapso de tempo em que se passa a história é muito confuso! Começa em 1912, no início do primeiro capítulo e passam-se 18 anos no próximo. Eliza tinha dez, agora tem 28 anos, certo? Não, ela tem 30. Ela se casou aos 17 anos, mas pelo que é dito na história, ela ficou pouco tempo casada. E ela é viúva há pouco tempo. Cara, ridículo.
* Ela se apaixona por Jayant e sonha com um futuro com ele mesmo ele próprio e a mãe dele e a própria Eliza, saberem que não é possível que eles fiquem juntos. Ele fala para ela que não pode se casar com ela! Na cara dura! E ela fica magoada! Então, o desfecho é patético.
* Erros crassos de tradução! Eliza foi "mordida" por uma aranha. E ela ficou "fritando" na cama. Entre outras "pérolas".
Enfim, se era para ser um romance de época ou um romance histórico, na verdade, não foi nem uma coisa, nem outra! A autora, no máximo, narra a cultura indiana, alguns costumes e festividades de forma bem superficial. Não há contexto histórico e o romance se arrasta em diálogos óbvios e maçantes e repetições dos sentimentos/situações já expostos, as personagens não são bem apresentadas ao leitor... E vou parar por aqui, porque já deu deste livro!