Contraponto

Contraponto Aldous Huxley




Resenhas - Contraponto


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Mel 10/07/2012

Não gostei.
O começo dá a impressão de ser um livro interessante, mas acabei arrastando a leitura até conseguir terminar. Fala de diversos casais, aborda muito as traições, os personagens sem mais nem menos ficam discutindo política ou assuntos intelectuais, enfim. Chato, chato, chato.
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Tiago 13/10/2011

Diálogos muito bem construídos: Aldous Huxley ambientou diversos personagens da classe média alta e classe alta de Londres no Pós-Primeira Guerra. O tema central é o existencialismo, o tédio, os próprios contrapontos nos argumentos dos personagens, questionamento da religião, filosofia, ética. Tem niilismo, autoritarismo, tragédia, pseudo-intelectualismo, ciência, deus, diabo...

Mark Rampion, um dos personagens do livro, tem uma interessante visão naturalista em relação ao homem: quanto mais nos distanciamos de nossas atitudes intrinsecamente animais, menos humanos nos tornamos.

Livro essencial pelos desdobramentos que as discussões dos personagens proporcionam.
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Léia Viana 26/05/2011

Único, complexo e atual ao descrever uma sociedade alienada e mecanicista.
Foi difícil classificar esta obra de Huxley, a principio, fiquei com dificuldade em encontrar o enredo da história, conforme a leitura avançava fui descobrindo que “Contraponto” não tem uma trama específica, e sim, uma análise nas diferentes personalidades humanas expostas nos personagens construídos por Huxley.

E é isso que faz todo o diferencial nesta obra, os contrastes de personalidade entre um personagem e outro, Huxley os deixa nus para que possamos analisá-los por nós mesmos.

Torna-se complicado seguir adiante com a leitura sem parar, pelo menos por um breve momento, para refletir nos detalhes que os separam e que os tornam tão humanos e tão próximos de nós, a riqueza e pobreza; a beleza e a feiúra; a inteligência e a falta dela, são características cruciais para a riqueza dos diálogos travados entre os personagens, que se revelam e nos permitem julgá-los e nos compararmos a eles.

Huxley me dá a impressão de que também está analisando seus próprios personagens.

“- É jovem ainda. Foi assim que Spandrell comentou a noite. – Jovem e um pouco insípida. As noites são como seres humanos: só começam a interessar depois que ficam adultas. Lá pela meia-noite elas atingem a puberdade. Um pouco depois da uma hora chegam à maioridade. A sua plenitude está entre duas e duas e meia. Uma hora mais tarde elas vão ficando cada vez mais desesperadas como essas mulheres devoradoras de homens e esses homens maduros em declínio que andam por aí a saltitar num pé só mais violentamente do que nunca, na esperança de convencerem a si mesmos de que não são velhos. Depois das quatro horas, as noites entram em plena decomposição. E a sua morte é horrível. Verdadeiramente horrível, ao nascer do sol, quando as garrafas estão vazias, as pessoas têm um aspecto de cadáveres e o desejo se desfaz em desgosto. Tenho um fraco pelas cenas de leito de morte, confesso – acescetou Spandrell.”

Huxley está para mim quase como Lispector, a minha escritora favorita. Seus textos conseguem transmitir uma certa suavidade, mesmo sendo densos em alguns momentos, nos arranca da mesmice de sempre bagunçando nossos sentimentos... é quase perturbador.

Creio que seja impossível ler “Contraponto” apenas uma única vez. Huxley construíu uma história que necessita ser relida por causa de tanta coisa, mas destaco uma em especial: os valores e a falta deles na sociedade passada e atual. Sim. Fora o vocabulário sofisticado e culto, “Contraponto” é atual e perceptível aos nossos olhos, faz parte do nosso cotidiano encontrar esses personagens ‘vestidos’ de pessoas a nossa volta.

O título escolhido pelo autor não poderia ser outro. Contraponto, nos dicionários, refere-se a: “1. Arte de compor música para ser executada por vários instrumentos ou vozes.2. A música assim composta. 3. Harmonia de vozes ou instrumentos.”

Seus personagens são assim, complexos, parecem ‘valsar’ quando conversam. Arrisco-me a compará-los as engrenagens das máquinas que se intercalam e se fundem por um breve momento, apenas para cumprirem a sua função, assim como muitas pessoas o fazem dentro da sociedade.

Contraponto é único, mas não é uma leitura de fácil aceitação.
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Ricardo Rocha 20/04/2011

Cafe de Flore, o filme, por conta das histórias paralelas e a perfeição de sua montagem num ordem estranhamente lúcida, fui reler e confirmei que talvez esteja aqui a raiz do recurso hoje banalizado do flash back - banalizado até quer dizer quando aparece alguém e faz um uso digno.

Não muito seguro aparentemente, Huxley se decide pelo tom do amor não correspondido e as conseqüências que daí advém para contar a parte de sua história que envolve o triângulo amoroso entre Walter, Lucy e Marjorie. Sem dúvida o pano de fundo do romance – o início de uma nova era em que a máquina passará a ter a supremacia e os sentimentos começarão a ser postos de lado não mais por tradições humanas mas simplesmente porque há que se viver e a vida e a vida agora é assim (a realeza representada agora por plebeus milionários, carros e aviões, música de jazz nas festas e no rádio, a ascensão social da mulher) – decerto deveria ter esse pano de fundo prioridade sobre os detalhes do relacionamento amoroso, ainda que se possa dizer que há uma relação evidente entre os relacionamentos e as transformações da época. Todavia, caso a época fosse retirada do romance, se por outra fosse trocada, ainda assim a abordagem da vida amorosa dos personagens faria todo sentido. Porque o poder é o poder sempre, algo com que Huxley nunca se relacionou bem, e o amor é o amor, que parece mais a sua praia.



O que quer Lucy? Apenas permanecer rica e poderosa, independente inclusive dos sentimentos? Naturalmente é mais que isso. Precisa também da rara serenidade dos momentos após o amor, quase como um repouso de ser ela mesma. E parece que só alcança isso com Walter, ou mais com ele. O que quer Walter: manter a relação sensual com ela, manter Marjorie, o manter seu emprego com um salário melhor? E Marjorie, ama tanto Walter a ponto de relevar a humilhação da amante do companheiro, ou simplesmente não tem para onde ir ou como se sustentar porque a nova era a apanhou como teria sido na antiga – sem uma profissão, é dependente de um homem e não há muito o que fazer quando o certo – apenas o sabe a convicção teórica – seria deixa-lo? Penso em Huxley escrevendo essas coisas com a mesma mente que buscará novas alternativas para a vida, à parte do mundanismo e do idealismo e em parte as achará no alucinógeno – o cético autor que não deixa que seus textos se desloquem nem para a razão extremada tendo a ironia como arma (que se tornará inócua e arrogante na guerra moderna contra os poderosos), nem para a imaginação que não venha acompanhada de uma torre de vigia segura para a observação da alma – algo com que nem o autor de Contraponto nem seus personagens parecem muito ocupados.



Walter tem sua responsabilidade no trabalho. Os tempos não são fáceis para se conseguir uma ocupação bem remunerada. Lucy agradece os novos tempos em que um avião a pode impedir de ficar mais de dois meses num mesmo lugar, o que a faria murchar. Marjorie inveja a vida dessa mulher, mais que isso, inveja-a simplesmente, como mulher, seu jeito divertido e sua vivacidade, que possivelmente sejam o que faz com que seu homem seja mantido de tal forma escravizado, como a própria Marjorie gostaria de manter. A companheira de Walter tinha sido educada na crença da fealdade do vício e da parte animal da natureza humana, na beleza da virtude e do espírito. e, fria por natureza, tinha, da mulher fria, a total incompreensão da sensualidade”. Assim, Huxley tece sua teia em torno dos relacionamentos; mas em nenhum momento parece tão contundente como estará em “Admirável mundo novo”, onde o sarcasmo perante o mundo que nascia se tornará obscurecido pelas sombras desse mundo já cristalizado e ele mesmo se tornará sombrio.



Contraponto não tem nenhuma importante inovação técnica, nem se pode dizer que Huxley seja literariamente um virtuose. Seu grande mérito está no domínio da objetividade, mesmo nas passagens mais subjetivas. É como se, apesar de toda mudança por que o mundo e consequentemente as pessoas e o modo de se relacionarem passavam, isso de fato não importava tanto. Como se tudo aquilo não passasse na verdade, pessoas e épocas, de uma gota desprezível no mar do perpétuo presente prestes a ser revelado.


mila 01/08/2012minha estante
?Seu grande mérito está no domínio da objetividade, mesmo nas passagens mais subjetivas?. Excelente resenha.




Evy 13/10/2010

"Os homens vivem como idiotas, como maquinas, todo o tempo, tanto nas horas de trabalho como nas horas de folga. Como idiotas e como maquinas, mas imaginando que vivem como seres humanos civilizados, mesmo como deuses"

Contraponto é uma obra no mínimo interessante e, eu diria até que, exótica. Huxley faz uma sátira sobre a desumanização do século XX onde tudo se resume a correria do dia a dia que transforma as pessoas em máquinas. Tudo é mecânico, nada é espontâneo. O autor combina diversas histórias simultaneamente, apresentando o relacionamento entre casais que se gostam, mas não se comunicam devido a esta vida febril e movimentada, tornando-se dessa forma solitários.

Chamei de exótica esta obra pois não foi escrita de forma tradicional. Huxley buscou escrever com base na analogia do contraponto musical. Segundo Sergio Augusto de Andrade, autor do prefácio, "comparáveis a trechos de certas sinfonias, as situações se repetem e se desdobram em diagramas quase simétricos".

Fugindo também do romance tradicional, não tem felizes para sempre. Com a correria do dia a dia, as personagens de Huxley se descobrem isolados um dos outros e acabam solitários, isolados de si mesmos. De qualquer forma, é uma obra brilhante e que vale a pena ser lida!
Léia Viana 18/10/2010minha estante
Sua resenha ficou muito interessante, despertou em mim o desejo de ler este livro.


Dri Ornellas 21/11/2010minha estante
Esse livro já passou várias vezes por mim e não comprei. Fiquei mais interessada agora. Suas resenhas são sempre ótimas!!


Duda de Lemos 17/07/2011minha estante
Adorei sua resenha!
Me envolvi tanto quando li Contraponto que tinha um misto de sentimento de querer largar o livro e não ler mais porque o mecânico e insípido da vida das pessoas estava me angustiando, mas ao mesmo tempo não conseguia abandonar a leitura.
É um livro que quando me lembro dele, consigo reviver as sensações que senti quando o li, e foi há um bom tempo. Foi um livro marcante pra mim, e fiquei até com vontade de ler de novo! =)


IGSON FERREIRA 24/10/2013minha estante
Adorei sua resenha. Adoro Huxley e fiquei doido pra ler esse livro.


Chico Jr 23/03/2021minha estante
Sua resenha está fantástica...tirou a minha dúvida sobre comprar ou não o livro... obrigado!!!




ReiFi 13/08/2010

Contraponto - Aldous Huxley
Terminei Contraponto.

Para alguns historiadores o século XIX deveria ter terminado após a 1º Guerra Mundial (1914-1918), isso porque a Europa estava muito parecida, até então, ao que tinha sido nas últimas décadas: países governados por imperadores, nobreza financiando vultosas festas, exércitos tinham homens a cavalo e as damas andavam com pomposos vestidos.

Quatro anos depois a Guerra acabava. As coisas mudaram com uma velocidade assustadora: Presidentes governavam; automóveis tomavam as ruas; o submarino e o avião infringiam leis da física até então conhecidas; em vez da ópera e valsa vienense, o rádio, o jazz, os discos e o cinema, questionavam o gosto erudito da nobreza; o mundo não se dividia mais entre os partidários do Antigo Regime e os defensores dos valores da Revolução Francesa. Nesse momento, a disputa se dava entre o capitalismo e socialismo.

As mulheres ganharam espaço no meio social – e não foram apenas seus cabelos que encurtaram e as saia que subiram, estas trabalhavam nas fábricas, lojas e escritórios, enquanto que seus homens guerreavam . Contraponto entra nessa estória como O ensaio sobre esse mundo moderno. Huxley constrói uma trama demonstrando todas essas mudanças rápidas e conflitantes...

Para saber mais acesse:
http://catalisecritica.wordpress.com/2010/04/02/contraponto-aldous-huxley/
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