Crônica do Pássaro de Corda

Crônica do Pássaro de Corda Haruki Murakami




Resenhas -


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Paulo 06/03/2021

"A realidade nem sempre era verdade, e a verdade nem sempre era realidade"
Foi uma boa experiência ler esta obra de Haruki Murakami. Primeiro romance asiático que leio.

O livro tem um ritmo lento, mas isso não é demérito algum. Se tivesse sido escrito por qualquer outro autor, de forma diferente, a história talvez me parecesse entediante ou exaustiva pela quantidade de detalhes nas descrições - descrições essas que podem parecer enrolação para alguns leitores. Para mim, o autor escreveu de forma vívida e que muito me prendeu à leitura. Além do mais, as descrições aqui têm papel importantíssimo! Conforme avançamos na história vamos percebendo que qualquer detalhe ou fala mencionados anteriormente podem desempenhar grande influência na imagem geral da história. São tantos detalhes que termino o livro com a leve sensação de que posso ter deixado alguma coisa passar despercebida.

Enfim, a narrativa em primeira pessoa caiu como uma luva nesta história. O leitor e o narrador caminham juntos, com a mesma ignorância dos fatos, aos poucos tentando montar um quebra-cabeças de toda essa situação confusa, acompanhando o personagem principal numa jornada de autodescobrimento. Além de Toru Okada, aqui todo personagem é peculiar à sua maneira, cada um com sua personalidade e com uma história para contar de seu passado, com seus pensamentos próprios e desejos. Mesmo com tamanha diversidade, é como se a história de todos eles estivessem ligadas por algum fio. O destino, talvez?

O livro tem muitas referências histórias, o que dá mais realismo à história; curioso também notar a influência ocidental na cultura japonesa desde o pós-guerra, através das referências citadas de livros, músicas, óperas e filmes ocidentais no dia a dia do nosso herói - desde a primeira página quando ele assobiava La gazza ladra de Rossini até posteriormente quando ele conversa com Noz-Moscada enquanto almoçam em um restaurante italiano no centro de Tóquio.
Mel Guerra 14/03/2021minha estante
Estou lendo Tokio blue e até agora o autor tem me parecido agradável, gosto de como ele desenvolve a história com delicadeza e simplicidade.


Paulo 14/03/2021minha estante
Concordo, Guerra. O autor escreve sem pressa, desenrolando a história de forma delicada e simples. Pretendo ler no futuro outros livros dele. Pode bem ser Tokio Blues, quem sabe haha


Mel Guerra 14/03/2021minha estante
E eu acho que vou ler uma crônica do pássaro do corda. Haahah




Vic 12/01/2022

Um romance enigmático, insano, claustrofóbico e inquietante
O romance "Crônica do Pássaro de Corda" de Haruki Murakami é ambientado no Japão, mais especificamente em Tóquio, durante os anos 80, gravitando em torno de Toru Okada, um homem com cerca de trinta anos, casado com a reservada Kumiko em meio a uma rotina banal. A ordem de seu cotidiano é quebrada quando o gato do casal some, o que desencadeia uma série de eventos estranhos, enigmáticos e insanos, com personagens ainda mais excêntricos e improváveis.
A obra é repleta de elementos do realismo fantástico, onde fantasia e realidade estão tão entrelaçadas que a fronteira entre uma e outra é muito turva, como se uma fosse extensão da outra, um reflexo, cuja ordem é sempre invertida: o que é real parece irreal, o que é sonho é mais tangível.
Há uma série de mistérios, metáforas e discussões filosóficas, tornando a trama intrigante e fascinante, transmitindo um magnetismo incrível que atrai e sorve a atenção do leitor, conduzindo-o em uma espiral insana constituída por um mosaico de histórias aparentemente desconexas, mas que são costuradas pela linha enviesada do destino, que mesmo com eventos improváveis, a lógica da narrativa permanece intacta.
Ao meu ver, Murakami transmite em sua obra, como um todo, o cerne do "ens?", o círculo, uma prática oriental da tradição zen, que é a iluminação por meio de um processo que no ocidente chamamos de catarse, cujo o sofrer resulta no florescer de virtudes. O protagonista, Toru Okada, é retratado inicialmente como um homem submergido na letargia do cotidiano, estagnado no tempo, imerso no automático, que metaforicamente só percebe as rachaduras e fendas depois que o templo converteu-se em ruína. Ele passa por um longo processo, guiado por personagens atípicos e acontecimentos surreais, ele é guiado para as profundezas, para os meandros abandonados de si mesmo, se depara com seu próprio desmoronamento para reencontrar-se, uma busca catártica por autoconhecimento.
É um deleite acompanhar o desenvolvimento desse personagem, sua jornada é habitada por uma série de duplos (dopplegängers), simbolismos, metáforas, ciclos que se conectam e relações especulares, por meio de elementos do fantástico e do surrealismo, com uma ótima dose de contexto histórico, abrangendo alguns períodos obscuros do oriente. Como o ens?, Toru passa por um processo que não é baseado na perfeição, é repleto de percalços, erros, desníveis, tensões e sofrimento, mas que muda Okada para sempre, propiciando autoconhecimento e transformando sua relação com os elementos da exterioridade.
Por meio de uma trama não-linear em inúmeras passagens, Murakami aborda em seu romance temas como a liquidez da atualidade, com seus relacionamentos vazios e raquíticas conexões, crise de identidade, autoconhecimento, a ambiguidade da natureza humana e a profunda violência que transpassou o Japão em seu passado durante os conflitos bélicos. O autor consegue transmitir genialmente uma atmosfera claustrofóbica, enigmática e inquietante, que se enquadra perfeitamente no conceito freudiano de estranho familiar, assim como as obras discutidas pelo grande criador da psicanálise em seu ensaio.
É uma obra espetacular que propicia uma experiência marcante, revelando o poder que a literatura tem de remexer em nosso âmago e nos desestabilizar. Recomendadíssima! Sem dúvidas, já é um dos livros da minha vida! Com certeza muitas releituras estão por vir. Se algum dia for adaptada aos cinemas (e aguardarei ansiosamente por esse dia) serei a primeira a comprar os ingressos.
Samuel Chaves 12/01/2022minha estante
Iniciei a leitura da obra dele chamada "sono". Eventos estranhos, enigmáticos e personagens excêntricos parecem ser uma marca bastante presente nas obras dele. Pois alguns elementos que você relatou, também já começam a aparecer no livro que estou lendo. Estou gostando muito até agora.


Vic 12/01/2022minha estante
Não conhecia essa obra, mas pretendo ler outros textos do autor, acredito que esse vou gostar bastante, já que amei esses elementos. Murakami é incrível, tem um estilo muito único.




Thiago 19/04/2020

Maravilhoso!!!
Para amantes do realismo fantástico ou surrealismo, é um livro incrível.
Paty Cambuy 23/09/2020minha estante
Conta mais! Acabei de adquiri-lo


Thiago 25/09/2020minha estante
Excelente livro, o Murakami consegue ir para o surrealismo de uma maneira que você se envolve, e acredita que aquilo é possível.


Paty Cambuy 26/09/2020minha estante
Eu estou devorando este livro. É maravilhoso mesmo!!! Ob


Paty Cambuy 28/12/2020minha estante
Genial! Terminei até que enfim hahha




Encantada 03/01/2021

Surpreendente
Há muito a ser dito sobre esse livro, mas posso dizer que mais uma vez Murakami soube fazer uso do fantástico e deixou a história muito bem arquitetada.

Alguns dos mistérios eu descobri de primeira e só confirmei no final, mas em momento algum isso tirou meu interesse no livro porque não tem como saber o que vai acontecer, é tanta coisa imprevisível que só lendo para descobrir.

Os personagens são únicos, bem construídos, porém ainda acho que ele deve modificar sua abordagem no quesito da sexualização da mulher da parte dos personagens homens. Ao mesmo tempo que ele descreve mulheres fortes, independentes, que superam n desafios na vida, trabalham e atingem sonhos, ele infelizmente as deixa hiper sexualizadas.
Douglas 10/03/2021minha estante
Excelente resenha ?




Alexandre Kovacs / Mundo de K 09/12/2017

Haruki Murakami - Crônica do Pássaro de Corda
Editora Companhia das Letras (Selo Alfaguara) - 768 Páginas - Tradução direta do japonês por Eunice Suenaga - Lançamento no Brasil: 21/11/2017.

Sem dúvida um dos livros mais delirantes e criativos de Haruki Murakami, originalmente publicado em três volumes no Japão, de 1994 a 1995, foi traduzido para o inglês em 1997 e chega finalmente ao Brasil, depois de uma década de atraso, nesta edição traduzida diretamente do japonês por Eunice Suenaga. É recomendado para os fãs e também iniciantes no universo ficcional do autor que encontrarão nas quase oitocentas páginas, o estilo inconfundível que mais aproxima as culturas do ocidente e oriente com sua mistura de realismo mágico e literatura policial noir. Nesta obra, uma grata surpresa mesmo para os leitores já iniciados, muitas passagens de um excepcional romance histórico, alternando o foco da narrativa entre a cidade de Tóquio em 1984 e a região da Manchúria, ao final da Segunda Grande Guerra, quando o Japão é derrotado pelas forças da União Soviética, marcando o final da violenta ocupação da China. É claro que essas são localizações geográficas do mundo real e este, assim como todo bom romance de Haruki Murakami, também utiliza como cenário outras dimensões e mundos paralelos.

Uma série de estranhos acontecimentos tem início com o desaparecimento do gato de estimação do casal formado por Toru Okada e Kumiko Wataya, eles dividem um cotidiano simples e sem maiores aspirações, juntos há seis anos não tiveram filhos como tantos outros casais na sociedade moderna japonesa, a única diferença é que ele cuida da casa enquanto ela sai para trabalhar. Tudo isso está prestes a mudar quando Toru Okada que prepara o seu spaghetti, com música de fundo de Rossini, interpretado pela Orquestra Sinfônica de Londres, é perturbado por uma ligação telefônica de uma desconhecida que pede apenas dez minutos do seu tempo. À partir deste ponto, várias personagens, incluindo duas irmãs videntes e uma adolescente da vizinhança, irão ajudar o desnorteado protagonista de trinta anos a desvendar o mistério da casa dos enforcados e o fundo do poço abandonado, encontrar o gato e sua própria esposa, que também desaparece sem deixar vestígios.

"Tirei a roupa. Pois é... Não me pergunte por que, nem eu sei direito o motivo. Então... não me pergunte nada e deixe que eu conte até o fim... então tirei tudo o que cobria meu corpo, saí da cama e me ajoelhei no chão, bem onde estava a poça branca da luz da lua. O aquecedor do quarto estava desligado e provavelmente fazia frio, mas não senti nada. Parecia que havia algo especial na luz da lua que se insinuava pela janela, e esse algo me envolvia e me protegia completamente com uma espécie de película fina. Permaneci ali assim, totalmente nua, e depois comecei a expor várias partes do meu corpo, uma a uma, para essa luz. Como posso explicar... isso me pareceu a coisa mais natural a fazer. A luz da lua era lindíssima, de verdade, e eu precisava fazer isso. Expus cada parte do meu corpo à luz da lua: o pescoço, os ombros, os braços, os seios, o umbigo, as pernas, o quadril, e até aquele lugar, como se a luz lavasse tudo. (...) Continuei ajoelhada por muito tempo no mesmo lugar, sem me mexer. Sozinha e sem nenhuma roupa, eu era banhada pela luz da lua, que tingia meu corpo de uma cor curiosa. Minha sombra, longa, nítida e preta, se projetava no chão e ia até a parede. Mas não parecia ser a minha sombra, e sim a de outra mulher, com um corpo mais maduro e adulto, contornos mais arredondados, seios e mamilos bem maiores, tudo bem diferente do corpo de uma mulher virgem como eu." - Trecho da carta de May Kasahara para Toru Okada (Pág. 748)

"A Crônica do Pássaro de Corda", independente dos devaneios ficcionais de Murakami é uma fábula sobre a força do destino e a nossa capacidade de livre-arbítrio. Muitas vezes realizamos atos contra a nossa vontade para atender às demandas da sociedade, assim como "bonecos de corda postos em uma mesa". Os personagens tentam escapar de uma realidade implacável, muitas vezes precisam se transformar em outras pessoas para se libertar. Enquanto isso, o pássaro de corda, lentamente dá outra volta e coloca o mundo em movimento todos os dias. Um lindo romance que, apesar da extensão, se lê com muita velocidade, deixando aquela sensação de pena quando chegamos ao final.
Paulo Sousa 09/12/2017minha estante
mais um ano terminando e não li nada do Murakami. na verdade, preciso ainda adentrar o universo ficcional oriental. para tanto, comprei dois livros do tanisaki...


Clarice 05/01/2018minha estante
Muito obrigada por compartilhar sua experiência de leitura. Fiquei muito motivada a iniciá-la, no ano passado não li nada do Murakami, mas desde 2016, quando li Minha querida Sputnik, sinto saudades da escrita dele!




Bruno.Dellatorre 29/08/2020

Certamente um dos melhores livros que já li
Uma mistura entre realismo mágico, filosofia, história do Japão, mistério... esse livro é praticamente perfeito
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anaartnic 05/11/2022

Um livro em desordem sobre a desordem no mundo
Depois de ter lido 1Q84 acredito eu que nada mais me impacta quando se trata de Murakami, o extraordinário e irreal passa a ser algo tão normal quanto as cenas cotidianas que ele descreve. Com esse preparo, me joguei em Crônica do Pássaro de Corda e já aviso dou como incentivo aos que temem pelo tamanho do livro: Ele possui ligação com 1Q84!

O livro conta a história de Toru Okada, que a partir de certo momento adere ao nome ?de guerra? Pássaro de Corda. Ele possui uma vida ordinária, sempre fazendo tudo do jeito certo, mora com a esposa e seu gato, mas como é de praxe nas obras de Murakami, coisas estranhas acontecem. Ao som do canto de um misterioso pássaro que faz som de ?dar corda?, o seu mundo passa a se desordenar: o seu gato some e, pouco depois, sua esposa vai embora de casa.

Ao procurar pelo animal em seu bairro, Pássaro de Corda passa a explorar um beco, que possui uma casa repleta de mistérios cujo quintal contém um poço seco. Para além da busca pelo gato, nosso protagonista busca entender a misteriosa separação de sua mulher, pois não vê como plausível o motivo dado por ela. Neste ponto, a vida comum e 'normal' passa a incorporar questões 'fantásticas' e um tanto malucas.

O livro possui MUITOS personagens, desde o cunhado rival, irmãs esotéricas com nomes de ilha, uma vizinha meio-psicopata, soldados que participaram da guerra da Manchúria, mãe e filho com negócios misteriosos. Eu vejo em cada personagem uma condição de existência plausível, a histórica não seria a mesma sem eles, porém o autor não dá um desfecho exato para alguns deles, isso me deixou um pouco decepcionada sobretudo por serem histórias repletas de mistérios que eu queria muito ter mais informações sobre.

A obra possui também reflexões muito interessantes sobre o ?ter uma função? na sociedade, há também uma crítica à sociedade japonesa, linkadas com os resquícios das guerras e crises que o Japão participou/lidou. Existem muitos elementos com sentidos figurado (principalmemte animais) e reflexões filosóficas em meio ao caos que se instaura na realidade de Okada, as citações e referências em relação a isso, para mim, foram a fonte mais rica da obra.

Foi uma leitura interessante, eu me senti perdida em vários momentos, mas a sensação de estar em um mundo em desordem tal como o Pássaro de Corda foi memorável, acho que até agora não me recuperei de alguns acontecimentos (e acho que por isso demorei tanto com esta resenha).

A leitura vale muito, mas não espere que todos os pontos tenham nós, porque ?a realidade nem sempre era verdade, e a verdade nem sempre era realidade?, a gente vive em um mundo em desordem aqui também, mas talvez não tenhamos tempo de parar e notar.
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Gabriel 16/04/2022

Doideira!
Essa é a obra mais surreal do Murakami que eu li. Porém, é a mais robusta e completa que tive contato. Grande parte dos elementos que contém em seus trabalhos estão ali, mas não diria (pelo menos até agora) que ele é um escritor de uma nota só. Existe um tratamento diferente em relação a questão do autoconhecimento. Ultrapassa a questão individual e penetra no inconsciente coletivo de gerações na sociedade japonesa. É um livro muito aberto e sem muitas explicações o que deixa o leitor imerso de uma maneira viciante. A todo momento existe uma instigação pela busca de significado. É uma doideira só! O melhor dele até agora.
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Duda 16/03/2021

grandioso em todos os sentidos
Simplesmente único e imersivo. Uma jornada de quase 800 páginas na qual vamos seguindo lado a lado com Okada, partindo de uma ignorância completa e buscando compreender os fatos.
Um final extremamente satisfatório fecha a história de uma maneira bem Murakami, deixando sim algumas pontas soltas para a imaginação, mas nos fazendo entender, após certa reflexão, o que é necessário para que a história faça sentido.
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Jules 09/12/2021

Espero que você consiga encontrar a chave para dar corda
Nesse livro a escrita envolvente do autor nos transporta para um realismo fantástico absurdo.
O cotidiano ordinário de Toru Okada nos é apresentado e a estória começa a tomar rumos inesperados com o sumiço do gato do casal Okada, e de repente personagens e situações excêntricas começam surgir?
É difícil, pra mim, resumir esse livro, ele é todo um universo e ao mesmo tempo não é nada, mas a frase que pode minimamente fazer isso é a seguinte: ? a realidade nem sempre era verdade, e a verdade nem sempre era realidade?.

Tenho alguns problemas com esse livro, preciso fazer uma análise melhor no futuro.
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Tiago Mujica 17/12/2022

A realidade nem sempre era verdade, e a verdade nem sempre era realidade.
Crônica do Pássaro de Corda é um desafio. Você deve ter uma bagagem, não apenas de leitura, mas de vida para aproveitar melhor o texto e conseguir enxergar as suas camadas.

A história é intensa e confusa, muitas vezes seguindo longas tangentes que são interessantes, mas não parecem se encaixar claramente na linha do tempo da história. Um tanto quanto arrastado pela falta de pontos de virada, somado a sua grande quantidade de páginas.

Com incrível simbologia, no realismo mágico de Murakami tudo é uma metáfora de perfeita semiótica. Murakami reflete e explora as questões do dia a dia, da rotina, a deturpando na intenção de mostrar a irrealidade da vida que não é vivida com propósito. O absurdo de Kafka como um instrumento de crítica.

Como a grande maioria dos protagonistas de Murakami, Okada é um homem de classe média aprisionado na letargia do cotidiano, que não vê razões para dela emergir até que algo fantástico o force a fugir da estagnação. A partir de acontecimentos absurdos, Okada caminha sobre seu próprio despertar e sobre a história do Japão.

Murakami explora o despertar do indivíduo através da catarse, da destruição através de pequenas dores das camadas formadas por nossos medos, comodidades e preguiça e que escondem nossas virtudes. O enso (um círculo) define o estado de espírito Zen, simboliza o vazio e a iluminação budista ou, por outras palavras, o despertar.

Para apreciar a jornada, o leitor deve se permitir a loucura controlada apresentada.

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spoiler visualizar
Joana 01/08/2021minha estante
também noto muitas semelhanças entre Murakami e David Lynch. As cenas no outro mundo me lembram muito algumas cenas da 3ª temporada de Twin Peaks




guimpinheiro 02/08/2022

O livro que me abriu o universo de Murakami
Em 2013, durante uma aula chatíssima na faculdade, decidi pesquisar no Google ?livros que todo mundo deveria ler?. Em um post da época que o Quora era bom, estava lá uma lista com o nome do Haruki Murakami e o livro ?The wind-Up Bird Chronicle?. Pensei, por que não? Baixei o livro e comecei a ler ele em PDF durante as aulas.

Comecei a ler e fiquei fascinado pela leitura tão diferente de tudo que já havia lido. Narrativas difusas, personagens encarando o estranho e fora da realidade de forma como mais um dia tentando elaborar o que estava acontecendo. Descrições ora minuciosas ora pontuais sobre refeições, baldes de gelo e música clássica. A entrada da história militar do japão no meio da trama, metáforas e simbolismos tão curiosos como um rabo de um gato que já não era tão mais torto assim.

Enfim, um livro fantástico que devorei e me deixou com um gosto de quero mais. E, por sorte, o autos começou a ganhar notoriedade no Brasil tendo suas obras públicas por aqui, e eu sempre indo atrás. Li 1Q84, Kafka à Beira-Mar (meu favorito), Minha Querida Sputinik, Assassinato do Comendador, o Incolor Tsukuro Tazaki e seus anos de peregrinação e O que eu falo quando eu falo sobre corrida.

Foi uma felicidade para mim essa aula ser tão chata. Sem ela, não teria conhecido Murakami. Foi quase como o destino, mexendo seus pauzinhos um a um como uma grande teia sendo construída.

E hoje, 9 anos após aquela aula, reli a versão brasileira do livro que, para minha felicidade, quase não me lembrava da história. Foi ótimo reviver essa crônica do pássaro de corda e de, mais uma vez, confirmar a genialidade do autor.
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dmitrivileheart 01/03/2021

É um pouco difícil falar desse livro, pq ao mesmo tempo q não foi uma perda de tempo, tbm foi meio cansativo de ler.
Mas, como sempre o ponto alto foi o jeito q o Murakami escreve sobre os sentimentos, e também seus personagens q parecem enfrentar problemas parecidos mas q sempre acabam me interessando de alguma forma, além dos vários outros personagens um pouquinho esquisitos mas interessantes???
Como esperado, não entendi muita coisa e ainda tô tentando entender num geral, o final deixa um pouquinho de melancolia e tbm me deixou pensativa, mas num geral foi uma leitura boa, eu esperava mais, mas acho q valeu a pena pelas camadas e a profundidade, não só do personagem principal mas tbm pela história paralela ?
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Isabela 25/01/2021

aiai prazer aiai dor consegue distinguir?
É nesse livro fica naquele limbo, naquela linha tênue da distinção. O Murakami é mto leve em descrição mas mto forte em essência, transmitida pelos personagens. Cada um, até mesmo o gato, tem sua própria dor introspectiva, e é tratada abordada no livro de uma forma mto lúdica e... simples. Cada um parece "quebrado" de sua própria maneira, personagens imperfeitos, humanos mesmo...
Não me entretém mto as partes de descrição da guerra, afinal, guerra, poço e sexo são constantes nas narrativas do murakami, mas nunca vi tanto poço em um livro quanto nesse. Será que o próprio murakami já entrou em um poço e ficou lá no fundo como ele descreve nesse livro?
Vale mto a pena, a quantidade "maior" de páginas nao desestimula, as últimas páginas do livro eu fiquei com coração na mao devorando a leitura.
Douglas 10/03/2021minha estante
Adorei sua resenha ?




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