spoiler visualizarBia 07/09/2021
Realidade, sonho e além
Crônica do Pássaro de Corda, de Haruki Murakami, foi publicado em 1994 e 1995. Passei boa parte do mês de agosto imersa nessa leitura, e ao terminar até senti falta das personagens. Foi o primeiro livro do autor que li e fiquei fascinada por sua escrita. Já quero ler toda a sua obra. Essa resenha nasce da vontade de compartilhar essa história com outros leitores ou possíveis leitores de Murakami e de refletir um pouco mais sobre os diversos elementos que se entrelaçam na narrativa.
Toru Okada tem 30 anos, está desempregado e ainda não sabe o que fazer da vida, depois de anos em um emprego com que não se identificava. Sua esposa Kumiko está preocupada com o gato de estimação, que sumiu. Assim, além de cozinhar e manter a casa em ordem, Okada passa a procurar pelo animal durante o dia, enquanto Kumiko está no trabalho. O gato fora adotado quando eram recém-casados, e seu sumiço é como o presságio de que algo vai mal entre eles. Presságio que logo se revela no desaparecimento de Kumiko, que sai de casa levando apenas uma roupa buscada na lavanderia.
Outra espécie de presságio interessante é o cessar do canto do chamado “pássaro de corda”, que Toru costumava ouvir todos os dias, mesmo sem nunca ter visto o pássaro propriamente dito. Ele o chamava de pássaro de corda pois seu som era semelhante aos aparelhos de dar corda, e imaginava que aquele canto como que dava corda no mundo todos os dias, até o momento em que sua vida começa a tomar um rumo diferente.
O gato se chamava Noboru Wataya, como o irmão mais velho de Kumiko, um político em ascendência no Japão. Okada odeia o homem, alguém que considera esconder algo estranho sob a máscara do discurso ao mesmo tempo vago e convincente para as massas.
Estranhos também são os encontros que Okada passa a ter, pouco antes e principalmente depois do desaparecimento de Kumiko. Telefonemas de uma mulher misteriosa que diz conhecê-lo embora ele não reconheça sua voz, e de Malta Kanô, uma espécie de vidente contatada por Kumiko para ajudar a encontrar o gato. Não se sabe o verdadeiro nome da mulher, nem o de sua irmã e ajudante Creta Kanô, que aparece na casa de Okada para coletar água, um dos elementos simbólicos da narrativa. Há também May Kasahara, uma adolescente que vive na casa em frente à casa abandonada na vizinhança de Okada. No início de sua busca pelo gato, Okada observa a casa, conhecida por um histórico de fins trágicos de todos os antigos moradores, e que possui um poço seco. Nessa ocasião, ele conhece May, descobre que ela é considerada uma jovem problemática e que não vai à escola, passando os dias fumando, tomando sol, pensando na morte e trabalhando ocasionalmente para um fabricante de perucas. Eles acabam se tornando amigos, e como ela considera o nome Toru Okada difícil de lembrar, ele se apelida de Pássaro de Corda.
Você pode ler a resenha completa no blog:
site: https://www.daspalavras.com/2021/09/cronica-do-passaro-de-corda-haruki.html