Fome

Fome Roxane Gay




Resenhas - FOME


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Queria Estar Lendo 12/06/2020

Resenha: Fome
Fome - uma autobiografia do (meu) corpo é a segunda não-ficção de Roxane Gay, publicado no Brasil pela editora Globo Livros. Nele, a autora relata os eventos que transformaram seu corpo, as repercussões do que foi feito a ela, a forma como ela conseguiu lidar com seus traumas e como é viver dentro de um corpo que é rejeitado de tantas formas pela sociedade - mulher, negra, gorda.

Estava esperando para ler Fome desde que comprei o livro, há mais de um ano. Mas sempre me afastava achando que não era a hora certa - é algo que faço muito quando tenho grandes expectativas para um livro. Sempre fico guardando para "o momento certo".

Então decidi que esse seria o ano. E foi. E eu me surpreendi muito, porque estava certe de que sabia como o livro seria. Só que ele não foi como eu esperava. Fome é uma narrativa direta, emotiva, crua e honesta sobre conviver com os seus traumas e viver em um corpo que você aprendeu a odiar graças a toda a sociedade.

Roxane Gay narra sua jornada desde o nascimento, Sua relação com o corpo na infância e como tudo mudou aos 12 anos, quando o garoto de quem gostava a estuprou com seus amigos. A autora relata a dor, a vergonha e necessidade de evitar a todos os custos que outra pessoa a machucasse daquela forma. Sua solução foi engordar, uma vez que as mensagens que a sociedade nos envia é a de que mulheres gordas são invisíveis, desprezadas, jamais desejadas.

Fome relata seus esforços para transformar seu corpo em um local seguro mais uma vez. Em uma fortaleza que jamais seria ferida de novo. No entanto, ao longo de sua jornada, o peso logo deixou de ser uma fortaleza para se tornar uma jaula. Uma limitação social e um rótulo que todos usavam para não enxergar nada além de seu peso.

É um relato que não esconde seus sentimentos, que não esconde inveja, dor, desejo. É um relato que não está aqui para dizer "pobre de mim que sou gorda" ou, ainda, para mostrar uma "história de sucesso" sobre emagrecimento - inclusive, deus me livre dessas histórias.

Fome é sobre perspectiva, e é exatamente isso que ele traz. Roxane Gay fala de seus terrores da vida adulta: cadeiras com braços, onde ela talvez não caiba ou, se couber, como irão machucá-la. Degraus em palcos nas suas palestrar. O próprio suor. Dezenas de pequenas coisas do cotidiano que pessoas menores que ela não enxergam como obstáculos.

Acima de tudo, vejo Fome como caminhar dentro da pele da Roxane por alguns instantes. Não é uma história sobre como ela passou a se amar ou como superou o trauma.

É uma história sobre como ela convive com tudo isso. Como tudo que ela fez e foi feito a ela a transformou. Moldou suas relações. Guiou suas escolhas. Sobre o racional e o emocional, quando falamos de viver como uma pessoa gorda em uma sociedade gordofóbica. Como uma pessoa negra, em uma sociedade racista. Como uma mulher, em uma sociedade machista e misógina.

Em resumo, Fome é um relato cru, honesto e emocional sobre a vivência de uma mulher negra, gorda e queer, que encontra obstáculos diariamente por conta do seu corpo. Mas que segue fazendo um trabalho incrível ao falar sobre suas experiências, sobre feminismo e sobre literatura.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2020/06/resenha-fome-uma-autobiografia-do-meu.html
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Ingrid_mayara 14/02/2019

desconfortavelmente comovente
Assim como a minoria das pessoas que conheço, sempre tive dificuldades para engordar. Na infância, eu tinha a impressão de que pessoas gordas estavam sempre sorrindo, até que fui crescendo e vi que a realidade é bem diferente. A sociedade é hostil com pessoas fora do padrão. Por me identificar com assuntos tão diferentes e parecidos ao mesmo tempo, eu decidi ler esse livro logo após ver as entrevistas da autora.

Ao iniciar a leitura de Fome, lembrei-me de quantas vezes eu deixei de sair, à espera do maldito número trinta e seis que nunca alcancei. Lembrei-me das ofensas que ouço, disfarçadas de piadas, quando faz muito vento e “cuidado pra não voar”. Lembrei-me das pessoas que, após anos sem ver, antes mesmo de um cumprimento já me dizem que eu não mudei nada, como se o corpo fosse a única coisa que inspirasse boas conversas. Às vezes, é como se apenas o corpo padrão tivesse o direito de abrir a boca.

Ao dar continuidade à leitura, notei que a escrita da autora é bem direta, intercalando o passado distante com o recente. Os capítulos são curtos e dão dinâmica à narrativa; há alguns trechos que se repetem para reafirmar o que foi dito. Pouco depois da metade, a estabilidade do relato estava quase me fazendo parar para continuar outro dia, daí cheguei ao capítulo oitenta e quatro, que quase me fez cair da cadeira (risos de desespero). Então terminei de ler no mesmo dia.

Achei esse livro muito interessante e honesto. É bem bacana a maneira como a autora reconhece os poucos privilégios que teve na vida. Há uma parte em que ela diz algo sobre o vegetarianismo que me intrigou um pouco, mas nada que desmereça um relato tão necessário quanto o de Roxane Gay. Eu pensei que o tema racismo fosse mais abordado no livro, mas talvez isso tirasse o foco do próprio subtítulo, sei lá.

Acredito que nossa sociedade está precisando de narrativas como essa para desconstruir nossas mentes repletas de preconceitos. Sendo assim, não ouso dizer que Fome é um livro incrível, mas com certeza é urgente.


site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
Flávia 14/02/2019minha estante
não é fácil ser fora do padrão. seja no peso, na opção sexual, na cor da pele... em p* nenhuma.


Ingrid_mayara 14/02/2019minha estante
Bem que o Skoob poderia liberar a curtida de comentários


Flávia 14/02/2019minha estante
kkkkk concordo!


Kesy 20/08/2022minha estante
Esse livro me marcou muito!




Fernanda808 06/04/2024

Um livro cheio de coragem
É incrível como o homem é capaz de destruir absolutamente qualquer coisa, inclusive um corpo de uma mulher. Não é uma história de raiva e arrependimentos de uma vida (ainda que eu tenha ficado com muita raiva desse vagabundo), mas é praticamente um diário de tão vulnerável que é a história que a Roxane divide com a gente. Uma mulher foda e que espero que tenha paz depois de tantos traumas.
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Carol Vidal 06/01/2018

"Fome" é daqueles livros que eu desejava que não precisasse existir, pois é inimaginável que alguém passe pelo que Roxane Gay passou. Infelizmente, ela é só mais um caso na estatística de casos de meninas e mulheres que sofreram abuso.

Dói perceber como esse fato muda a vida de alguém. A cada página, eu sentia ali a dor dela, mas também a coragem dela dividir essa história conosco.

Espero que cada pessoa que leia esse livro consiga olhar o outro com mais empatia e sem julgamentos. Que respeitem os corpos gordos e não definam quem alguém é somente pela aparência. Essa é a maior lição que o livro deixou para mim.
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Kiki 15/03/2022

Mudanças
Um livro forte e dolorido!
Através de relatos sobre sua história pessoal, Roxane me fez refletir sobre os corpos: o meu e o dos outros.
O livro me fez exercitar a empatia comigo mesma, as vezes tão difícil; e eu ADOREI! Além de ser certeira nas observações sobre a opressão que toda mulher sofre nessa sociedade patriarcal, onde nosso valor é medido pelo padrões ditados pela sociedade machista.
Foi um livro dolorido, mas muito emocionante. Me mudou!
Todo livro que faz as pessoas pensarem em um mundo menos opressor, é válido! Esse vale muito.
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kaline 17/02/2024

"Fome" é um relato poderoso e pessoal de Roxane Gay sobre sua relação com o corpo, a comida e a sociedade. Ela compartilha abertamente suas lutas com o peso, o trauma e a aceitação própria, enquanto explora questões profundas de identidade e cultura. É uma leitura sincera e comovente que convida à reflexão sobre as complexidades da experiência humana.
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Camila Westphal 03/08/2020

NECESSÁRIO
Esse é um dos livros mais reais e verdadeiros que eu já li, ele é absurdamente necessário para todas as pessoas.
A maneira como a autora conta a sua história é extraordinária, me reconheci em tantas partes que eu poderia fazer um segundo livro só com essas frases que me representaram.
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Brunatf 16/04/2021

Intenso
?Mas também estou dizendo que aqui está meu coração, o que sobrou dele. Aqui estou eu, lhe mostrando a feracidade da minha fome. Aqui estou eu, finalmente me libertando para ser vulnerável e terrivelmente humana. Aqui estou eu, me deleitando com essa liberdade. Aqui. Veja do que tenho fome, e o que minha verdade me permitiu criar?

Um livro corajoso e cheio de gatilhos. Roxanne fala sobre várias dores que marcaram sua história, algumas das quais você se identifica e outras que te ajudam a ter mais empatia. Difícil de ler e, deixo o alerta de novo, cheio de gatilhos.
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otxjunior 15/06/2020

Fome, Roxane Gay
Leitura difícil e completamente fora da minha zona de conforto. Desconforto, aliás, seria melhor palavra para descrever minha experiência. O que não poderia ser diferente, quando nos colocamos na pele (ou no corpo) de outra pessoa, e principalmente de Roxane Gay. Com capitulos curtos, geralmente iniciados com um motivo para a autora odiar o mundo - seu corpo incluso, posso dizer que fui vencido pelo cansaço e ao final, só pude me render a coragem e a legitimidade do relato, que se apresentou-se como um desafio para ler, imagino que foi ainda maior desafio de escrever.
Gay explora seu passado, quando foi vítima (e aqui a autora faz uma distinção com o termo "sobrevivente") de abuso sexual ainda criança, e sua resolução de se voltar para a comida como refúgio e insumo para a construção de um corpo em que ela se sentisse mais segura e ironicamente, passasse despecebida, principalmente dos olhares assediadores dos homens. Dessa forma, ela traça observações sobre peso, dentro de um mundo intolerante com corpos grandes, imagem corporal, autovalorização e cultura.
A linguagem gera empatia e torna possível relacionar em alguma medida experiências passadas do leitor com os cenários de preconceito e intolerância expostos pela autora. E embora a leitura flua melhor, quando esta narra sua história pessoal e não apenas liste queixas genéricas da pessoa gorda, como a dificuldade em viajar de avião, por exemplo; não faz sentido esperar qualquer outro conteúdo, já que Gay se utiliza da atividade do escritor, em especial do memorialista, para expurgar seus demônios e matar sua fome, sobretudo de autopreservação.
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Lí­lian 30/06/2021

Um livro mto corajoso, pq falar desses assuntos com tanta franqueza deve ter doído muito, nem consigo imaginar o tamanho dessa dor e desafios.
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Flávinha 27/11/2021

Você tem fome do quê?
Esta é a autobiografia de Roxane Gay, ou como sugere o subtítulo, a biografia de seu corpo. Roxane, autora dessa obra impactante, relata a violência que sofreu aos 12 anos e como esse fato mudou toda a sua trajetória e a relação com o seu corpo, como ela passou a se refugiar na comida como forma de tornar seu corpo um lugar "seguro e invisível".

É uma história que vale a pena ser lida, é intensa, assim como são as histórias reais.

E para além da violência sofrida, é a história de uma mulher que aprendeu a superar seus medos e por meio da escrita está se curando, um dia de cada vez. ❤
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Geovanna.Holanda 18/03/2022

coragem
Acho que a autora desse livro é mais munida de coragem do que ela pode imaginar e acredito que ela precisou de toda que ela possui pra escrever esse livro.
O ritmo e forma como ela conta são crus, reais, intensos.
Um dos assuntos que ela aborda é muito delicado para mim e foi tão duro ler o relato dela. Foi severamente franco e nossa, ela com certeza precisou de muita coragem para falar sobre.

De um modo geral, ela fala sobre sua história, seu passados, suas inseguranças, medos e traumas. É um excelente livro. É uma história forte sobre alguém muito forte.
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@wesleisalgado 03/04/2021

Independentemente do que eu realize, serei sempre gorda, em primeiro lugar. [Roxane Gay]
A história de uma mulher que após sofre um estupro aos 12 anos de idade, evento que molda toda sua vida a partir de então, se refugia em engordar para se proteger.
O livro literalmente é um espelho para o leitor de todo o preconceito intrínseco, enraizado e não visto que temos, enquanto sociedade, com pessoas obesas. As colocações da autora ao nos contar sua história são muito assertivas e um tapa na cara com luva de pelica, sobre invisibilidade. Não tanto como mulher, que sofreu abuso, mas sim enquanto uma pessoa com obesidade mórbida. Ela nos relata o quanto pessoas assim não são levadas a sério, sendo somente tomadas como piadas. Duvido que qualquer um que leia, e não seja obeso, não praticou, presenciou, ou no mínimo, mesmo involuntariamente, não pensou igual à alguma situação elencada no livro pela autora.
Um relato corajoso e necessário, recomendo!
OBS: Resenha nº 34 do desafio Skoob 2021.
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Pâmela Sampaio 21/06/2021

MEU CORPO É UMA JAULA.
Como também sou uma mulher gorda (de acordo com o meu IMC, obesa mórbida) e alta, ler esse livro foi difícil tanto quanto foi necessário.

Foi difícil ver em palavras coisas que eu sinto, mas nunca falei a ninguém. A raiva, a vergonha, a tristeza de ser, ter, um corpo indisciplinado. Querer se esconder, mas ser impossível passar despercebida. Se preocupar constantemente se estou invadindo o espaço dos outros. As humilhações a cada compra de roupa, viagem, saída.

Como foi perfeitamente descrito pela autora: "Até mesmo os momentos mais felizes da minha vida são enevoados pelo meu corpo e o fato de que ele não cabe em lugar nenhum" (p. 179)


Mesmo que ela tenha destruído minha estrutura emocional, eu nunca irei me arrepender de ter comprado e lido este livro. Talvez eu o leia de novo daqui há um tempo. Espero me sentir diferente sobre mim mesma até lá.
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