deuxdesoleil 05/04/2024
Eles crescem tão rápido!
Acredito que o início das leituras seriam bem mais fáceis se eu aceitasse que é uma saga de crônicas! Meu maior problema é esperar uma continuidade da história e receber mais um causo do nosso menino (não tão menino assim) Uhtred. O enredo, baseado em fatos históricos, ainda existe. Mas quando Cornwell decide narrar um acontecimento extra da vida de Uhtred, ele se distancia dos objetivos principais, demora longos capítulos para finalizar esses parênteses e, para mim, mesmo amando a escrita dele, ainda é uma pedra no meu sapato.
Pensando no que importa, a narrativa permanece com os mesmos acertos, as personagens ganham novas camadas e algumas questões da história ganham profundidade. Cornwell é capaz de cativar, de chocar, de emocionar e de causar raiva no leitor de forma que tudo se mistura na mesma cena com equilíbrio fantástico, um time/tempo perfeito e domínio da cada palavra. Ele é um Mestre! Em duas cenas específicas de “Os senhores do Norte”, eu senti essa montanha-russa de emoções. Foi brutal, de torcer o nariz e afastar o livro para processar o que aconteceu, mas eu amei.
É visível o amadurecimento de Uhtred nesse terceiro livro (coisa que eu estava aguardando com muitas expectativas). Não somente pelas vivências duras, mas também pelo próprio crescimento. Uhtred não é mais um menino, é um homem; e isso têm consequências e têm vantagens. As decisões são mais centradas, ele pensa antes de agir, ataca apenas quando deve atacar e acha graça quando lembra de situações passadas, pois sabe, assim como nós, que ele agiria de forma diferente com a cabeça que têm nesse livro.
Falando de amadurecimento, saliento que as características marcantes de Uhtred também ganham toques especiais. É muito divertido ver que o menino-camaleão conseguiu sobreviver e aprimorou suas habilidades. Nós vemos ele se relacionar, entre amizades e amores, com freira, com criança, com assassino, com pirata, com rei e todos, em certa medida, adoram ele. Uhtred é uma personagem muito real, que não esconde os desgostos, as raivas, os amores e nem as tristezas. Acredito que essa veracidade influencia muito as relações dele.
Gosto dos novos personagens, gosto que a questão religiosa está se enraizando e, quando terminamos as “crônicas paralelas”, a narrativa pega um fôlego belíssimo de se ler! As fiandeiras surgem com toques muito bem pensados pelo autor, trazendo certos presentes e retirando-os sem hesitar. A promessa é que a história fique bem mais intensa e estou no aguardo!
Diferente de o livro anterior, esse aqui foi favoritado e eu super leria de novo.