spoiler visualizarPaola 20/12/2023
"Estou vazio e estilhaçado."
{Pode conter spoilers, porém não me aprofundo neles.}
O Adam tem alguma obsessão com gays tristes e morte
Vamos começar com o fácil; Eu consegui ver muito perceptível a enorme evolução tanto da escrita, quanto dos sentimentos expressos que o Adam Silvera quis passar aqui nesse livro do que em Os dois morrem no final. (Outro livro do autor, que eu achei mais fácil a leitura pois lida apenas com a morte, e não com o luto, que é bem pior.)
E me desestabilizou bem mais também.
Socorro, que livro triste. Foi só choro só choro só choro só choro.
Normalmente os livros tristes começam felizes e terminam tristes, porque a maioria das tragédias começam com felicidades, mas esse começa triste e termina feliz, porque é um livro sobre luto e cura.
Na verdade falar que ele termina feliz é um eufemismo, já que ele termina feliz apenas em partes. Posso afirmar que do começo ao fim foi só choro e choro e choro. Quando eu li por lugares incríveis achei que seria talvez o livro mais triste que eu já li (?). Não sabia que um livro ia quebrar esse record tão rápido.
Até os momentos que eram para ser felizes, se tornavam doloridos e torturantes, pois nós leitores ficamos sabendo de antemão que aqueles momentos de felicidade tem prazo de validade.
É um livro muito complexo, e talvez o maior problema dele foi ter me feito sentir demais. Nós acompanhamos pelo ponto de vista de um personagem que sofreu situações terríveis, mas eu nunca tinha conseguido sentir tanto esse sentimento com outros livros. É a primeira vez que eu sofro como se eu tivesse sofrido aquelas situações, e não como mera observadora. Eu me coloquei muito, muito no lugar do Griffin, o protagonista. E isso me fez diminuir uma estrela, porque eu sofri tanto que a leitura não estava divertida, só estava dolorida mesmo.
Eu não consegui abandonar o livro pois sabia que o sofrimento jamais acabaria enquanto eu não terminasse esse livro, e na minha vida inteira eu só conseguia pensar nas situações desse livro, de tanto que eu embarquei na leitura. Na verdade, é como eu tivesse derramado uma parte de mim dentro do livro, e outras partes inocentes das quais eu nem sabia que preservava dentro de mim, tivessem derretido.
Uma coisa é certa: se você quer uma página sequer de felicidade, passa longe desse livro.
Esse livro, é, sobretudo, cruel. Cruel com o leitor, cruel com os personagens. E talvez outro livro com a mesma história não teria me feito sentir nem um terço do que eu senti aqui, porque nem é tanto a história, e sim o modo como os sentimentos dos personagens são apresentados. De forma crua.
Lendo esse livro, por diversas vezes me senti exatamente como o título, vazia e estilhaçada.
Como o Griffin mesmo fala, "não é confortável estar dentro da minha cabeça."
Apesar de ter me colocado no lugar do Griffin o livro inteiro, algumas de suas atitudes, principalmente no final do livro, são egoístas e destrutivas. E isso faz com que o personagem seja ainda mais real, fico até assustada que ele seja mesmo apenas um personagem. Considerando sua situação, é completamente compreensível que ele seja egoísta e injusto com as pessoas, pois a vida não foi justa com ele. Ninguém é perfeito, e Adam, nesse livro, nos mostra isso com maestria. Eu consegui me conectar com os personagens dele bem mais.
Claro, eu fiquei com muita dó do Wade, outro personagem que sofreu muitas injustiças e um personagem muito bondoso. Fiquei com raiva do Griffin por usar o Wade em alguns momentos do livro, apesar de o compreender, como dito acima. Eu fiquei muito feliz que no final ele tenha procurado a cura e encontrado felicidade no Wade e no Jackson também, apesar de ter ficado decepcionada por não ter tantos momentos dele com o Wade no final do livro. Mas eu entendo, pois o livro não é sobre eles, muito menos sobre romance.
Uma coisa que eu também entendo é que eu nunca conseguirei superar esse livro, e nunca mais verei as coisas dos mesmos jeitos, pois esse livro me marcou profundamente.
P. s: eu gostei muito do fato de estarmos lidando com um protagonista que tenha toc, assim nos mostra como esse transtorno não é brincadeira. E também de como o Adam conseguiu colocar o transtorno de uma maneira tão realista na rotina do personagem, e não algo mencionado e depois deixado para lá, algo só para fingir representatividade e ganhar público.
P.s 2: Gostei de como os personagens jovens lidam com os problemas de forma que jovens lidariam. De forma burra e irresponsável. Eles fizeram dessa maneira porque são" adolescentes", jovens e não sabem lidar com essa situação, e acho que isso é o cerne do livro. E também acho que houve sim um amadurecimento e desenvolvimento do Griffin, em relação a parar de endeusar o Theo e ver que ele era um ser humano como qualquer outro, que tinha defeitos, e também de parar de sentir tanta dependência emocional em alguém que estava morto já.
P.s 3: Gostei do fato de abordar o tema que o Wade foi muito jogado de lado quando o Griffin e o Theo começaram a se relacionar romanticamente, pois é algo que acontece o tempo todo na vida real, mas para mim essa parte ficou muito rasa e poderia ter sido desenvolvida muito melhor e de forma mais longa e profunda.
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"Eu amo você, mas não posso mais ficar."
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Conclusão: Coisas que eu aprendi com esse livro:
1. Não mantenha amizade com seu ex se você ainda ama ele. Ao invés disso, faça uma terapia.
2. Caso você tenha ignorado a primeira, se o seu ex começar a namorar e você, ainda apaixonado, estiver amigo dele, termine a amizade pela sua própria saúde mental e faça terapia.
3. Caso você tenha ignorado as 2 anteriores, se o seu ex morrer, não transe com o ex namorado do seu ex namorado morto, principalmente se ambos ainda estão apaixonados pelo cara. Ao invés disso, faça uma terapia.
4. Não ignore seus amigos ao começar um relacionamento. Ao invés disso, inclua todos eles na sua vida e faça uma terapia.
5. Faça uma terapia.