Repensar a Ressurreição

Repensar a Ressurreição Andrés Torres Queiruga




Resenhas - Repensar a Ressurreição


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Antonio Cesar 16/11/2020

Repensar a Ressurreição
Andrés Torres Queiruga
Pág. 276

... Até aqui insistimos sobretudo na primeira das perguntas kantianas: que podemos saber da ressurreição? Agora cabe dizer algo da segunda: que devemos fazer a partir da fé nela? Trata-se de sua dimensão mais imediatamente prática, com dois aspectos fundamentais.
1. O primeiro é o problema do mal. A cruz o torna visível em todo o seu horror; a ressurreição mostra a resposta que, com base em Deus, podemos vislumbrar.
A Cruz, com efeito, permite ver de modo quase intuitivo que o mal é algo inevitável em um mundo finito, pois Deus somente poderia eliminá-lo à custa de destruir a sua própria criação, interferindo continuamente nela e anulando-a em seu funcionamento: para livrar Jesus do patíbulo, teria de suprimir a liberdade dos que o condenaram ou suspender as leis naturais para que os instrumentos não o machucassem ou as feridas não o matassem... Além disso, se fizesse isso com ele, por que não com outras vítimas da tortura, da guerra, das catástrofes, das doenças...? Contudo, que seria do mundo? Equivaleria simples e indubitavelmente a seu aniquilamento. Compreender essa inevitabilidade foi talvez a “última lição” que Jesus teve que aprender na cruz (cf. Hb 5,7-8), pois sua tradição religiosa certamente o inclinaria a pensar que Deus interviria no ultimo momento para libertá-lo.
...

Os evangelistas intuíram essa dialética quando se atreveram a pôr nos lábios de Jesus, de um lado, o grito do questionamento angustiado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34; Mt 27,46) e, de outro, as palavras da entrega confiante: “[...] em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46).
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