Brina.nm 23/01/2018História boa, porém o final estragou o livroBattle Scars trás a história da jornalista de guerra MJ Buckman (Maggie) e o Sargento Jackson Connor da Marinha. Eu desde a primeira página amei a Maggie, ela é simplesmente foda! Ela vai para a Guerra para fazer matérias sobre os civis, sobre como aquele evento afeta as vidas deles, falar de coisas importantes para mostrar o mundo a situação daqueles lugares que muitas vezes são esquecidos. Em um desses serviços ela acaba sendo resgatada pelo Sargento, e aí rola uma química quando eles estão de volta aos Estados Unidos, e a partir daí acho que vocês já sabem o que acontece né? Eles se apaixonam loucamente e o fato de ambos irem pra Guerra atrapalha em imenso a situação.
"Enquanto tropeçava como uma sonâmbula, atravessando o aeroporto, pensei novamente como tinha sorte de nascer americana e, portanto, em teoria, livre. Apesar das perdas que eu tinha resistido durante meus trinta e um anos, ganhei na loteria da vida."
Bom, eu não me incomodei com o fato do relacionamento deles, eu até gostei porque começou como algo bem sincero, são duas pessoas adultas que sabem que não tem tempo pra relacionamentos, mas quando as coisas começaram a ficar mais sentimentais eu juro que comecei a me preocupar, porque né nenhum dos dois queria largar o emprego pra correr atrás do outro, ambos amavam sua carreira e viam importância no que faziam para o mundo, mas bem.... aí a autora conseguiu estragar a história completamente.
Maggie finalmente consegue o emprego dos sonhos, ser a representante do The New York Times no Cairo, onde está acontecendo uma das maiores guerras atualmente. No início a autora até tenta manter o negócio de relacionamento a distância, e estava funcionando pra eles. Mas daí acontece um atentado na base da Marinha que Jack é oficial, e o que acontece? ELA LARGA TUDO QUE CONQUISTOU PRA CORRER ATRÁS DO MACHO!
Desculpe, mas considerando toda a história, todos os (aproximadamente) 70% do livro onde ela amava seu emprego, sonhava com o cargo no Cairo, via uma extrema importância em fazer o que fazia, não tem sentido ela largar tudo porque viu que Jack era o amor da vida dela e ela deveria dar mais valor aquilo para se mudar pra perto dele, casar e ter dois filhos em uma casa com cerquinha branca.
"Mas quando o ódio é seu direito de nascença, a esperança parece muito longe, e eu me perguntei se Deus tinha ouvido minhas orações."
A autora quis passar uma mensagem na história de que às vezes não estamos esperando encontrar o amor, mas que quando ele aparece não devemos perder tempo, devemos nos agarrar a cada detalhe daquele amor verdadeiro, mesmo que pra isso tivermos que abrir mão das coisas que sempre sonhamos, pois os sonhos podem ser "contornados", e sendo bem sincera NÃO COLOU.
Em momento algum Jack pensou em sair da Marinha para ficar mais perto da Maggie, em momento algum ele ofereceu isso a ela. Quando um outro repórter questiona a Maggie sobre ela estar louca em abandonar o cargo para se casar ela simplesmente mostra a foto do boy e o cara fala: - miga agarra e não larga mais '-' Juro que isso me decepcionou demais.
O livro fora esse detalhe do relacionamento dos dois é simplesmente foda, porque a autora retrata a guerra e as consequências dela de uma maneira muito verdadeira, mostra o preconceito que os próprios americanos tem com os soldados do seu país, mostra como as mulheres são discriminadas em um cenário de guerra e como aquilo tudo é um caos desnecessário. Muitas vidas são ceifadas simplesmente por brigas políticas e religiosas, crianças, mulheres, idosos... É muito triste pensar nesse assunto.
"Não há nada de bonito em relação à guerra. Nós dois sabíamos que os erros aconteciam, e era sombrio e caótico. Uma das frases mais feias era - danos colaterais 0 porque era uma maneira higienizada de dizer que alguém havia morrido sem motivo. As pessoas morreram porque estava no lugar errado na hora errada: civis, militares, velhos e jovens. Os jornalistas também não eram imunes ao perigo - como eu sabia muito bem."
Outro ponto que eu gostei muito que a autora abordou foi a questão dos refugiados da Síria na Europa, ela meio que mostrou os dois lados da moeda, a dos cidadães que tem que lidar com pessoas que tem outros costumes e religiões em cidades bem mais liberais do que as que eles vieram, e também o lado dos refugiados que não recebem apoio do governo pra nada e acabam vivendo nas ruas passando fome, frio e chegando a fazer besteiras para alimentar sua família.
Mas infelizmente pra mim mesmo tendo tantos pontos incríveis na história sobre a Guerra e o preço dela para todos os envolvidos o livro morreu com o final que a autora deu para o casal, não fez sentido considerando toda a história anterior e todo o passado dos personagens sabe? O amor verdadeiro pode coexistir com seu trabalho, seja ele qual for, e nenhuma mulher tem que abrir mão da sua carreira para ser feliz ao lado de quem ama, tudo pode ser arranjado nessa vida. A autora tinha um trunfo incrível nas mãos, estava conduzindo perfeitamente bem a história, mas tudo desandou no final e me deixou muito frustada de ter perdido tanto tempo lendo.
"Quem teria pensado que o Fuzileiro intenso e agressivo que conheci em circunstâncias tão difíceis poderia contar piadas, provocar e fletar?"
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http://www.stalker-literaria.com/2018/01/resenha-battle-scars-jane-harvey-berrick.html